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O embate de Thor em nome da Verdade

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Estratégia da indústria cultural: para garantir mais um blockbuster nas telonas, a Marvel investiu fortemente na revitalização de imagem de um dos seus personagens clássicos. Foi assim com o Hulk e o Homem de Ferro e agora é o momento do mitológico Thor voltar ao mundo dos vivos e reconfigurar o cenário da nona arte.

A ressurreição divina do deus do trovão não foi carregada em sua mitologia, mas ocorreu de forma apoteótica, no encontro entre Donald Blake e Thor no vazio da não-existência. Blake determina que o deus do trovão voltará à vida, pois considera que não cabe aos deuses decidirem se os homens existem ou não e sim, os homens que decidem sobre a existência ou não dos deuses. É um argumento iluminista / vanguardista, ao passo em que prega que o homem possui, dentro de si, um deus em potencial.

Thor reconstrói Asgard e, em sua profunda solidão, sai à procura de seus amigos, perdidos entre os humanos. Curiosamente, inicia sua busca em uma Nova Jersey devastada por um furacão, e encontra justamente ele, o desagradável Homem de Ferro. Ninguém merece.

O que vem a seguir é uma sova bem dada que detona a armadura de Tony Stark e um embate ético muito oportuno a respeito de poder e egocentrismo: ao protestar sobre o fato do Homem de Ferro caçar seus antigos amigos em nome da Lei do Registro, Thor indigna-se com a construção de um clone seu pelas mãos de Stark. Este clone, inclusive, foi o responsável pela morte do herói anti-registro Golias, no calor da Guerra Civil.

Em tempos de inesgotável competitividade e consumismo desenfreado, a ética parece ter se tornado uma palavra arcaica, em desuso. Porém, é através dela que conseguimos não somente diferenciar o certo do errado, mas também comprovarmos o caráter de alguém.

Certa vez, um grande professor da faculdade me disse: “se você quer conhecer o caráter de alguém, dê-lhe um pouco de poder”. A forma como uma pessoa trata um garçom, uma faxineira ou um porteiro de prédio revela muito o caráter desse indivíduo. Não que estes profissionais estejam na margem inferior, em um degrau menos elevado; quem acredita nisso vive em uma bolha de ilusões e ignorância sem proporções.

Algumas pessoas acreditam que a melhor forma de defesa em relação a um comportamento antiético é o ataque. Mas, a melhor forma de defesa sempre será a Verdade. Ela não permite distorções ou falsos argumentos: a Verdade ilumina a consciência e cega os olhos da deturpação de uma forma decisiva, eliminando qualquer possibilidade de argumentação ou sustentação por parte do indivíduo não comprometido com a justiça.

E em nome da Verdade que Thor defende em sua soberania de deus, ele deu esta surra ética em Stark, a qual eu acredito que tenha doido mais que as porradas que o enlatado merecidamente levou:

“Você tomou meu código genético e, sem minha permissão, usou-o para criar uma abominação… e disse que aquilo era eu. Você profanou meu corpo, desrespeitou minha confiança, violou tudo que sou. É assim que define amizade? É assim?”

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