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O varejo é dele. E nós, o que teremos em troca?

Com 28% do mercado varejista, a engenhoca por trás do Novo Pão de Açúcar pode render até 64 bilhões de reais. Já para os consumidores, ela poderia representar uma camisa de força

Garanto. Não houve assunto que tenha consumido mais a vida de jornalistas e de muitos leitores na semana passada do que o anúncio da proposta de fusão entre as redes de supermercado Pão de Açúcar e Carrefour. Abílio Diniz e sua audaciosa atitude viraram manchete, ao passo que o caos sócio-econômico na Grécia e a indicação da ex-ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, para dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI) foram jogados à penumbra.

Afinal, por que tamanha repercussão? O que mudaria nas compras que faço a cada mês no supermercado caso essa fusão fosse aprovada pelas autoridades brasileiras e, antes, pelos acionistas de ambas as redes? Ah, muito! E, talvez, não para melhor.

Na história, o imperialismo nunca se mostrou benéfico para os que ficam sob suas rédeas. No varejo, a tendência é a mesma. O consumidor só consegue exigir seus direitos longe dos grupos que concentram grandes fatias do mercado.

As reivindicações de consumidores por preços baixos, compatíveis com a média salarial brasileira e o crescimento da inflação, tornam-se realidade apenas se puderem comparar e escolher produtos de diferentes empresas em diversos locais. Essa é a essência da pesquisa de mercado. Ou, se preferir, de qualquer coisa que possa trazer maior benefício por um menor custo.

Ao unificar as operações do Ponto Frio com as das Casas Bahia, por meio da holding Globex, o Pão de Açúcar surpreendeu o mercado em 2009. Na ocasião, a concentração do varejo nas mãos da empresa havia chegado a 20%. Com a possibilidade de se juntar ao Carrefour em 2011, este número pode chegar a 28%.

E isso muda alguma coisa? Tudo, na verdade. Ter 28% do comércio varejista e as duas maiores empresas do setor no Brasil significa que a negociação com fornecedores de alimentos, produtos de limpeza, televisores e afins será desequilibrada.

Assim como apurou a jornalista Carolina Guerra, do site de Veja, a forte influência do novo conglomerado na cadeia de distribuição pode fazer com que os descontos conseguidos junto às empresas que fabricam os produtos não sejam repassados aos consumidores.

O lucro do Novo Pão de Açúcar – empresa resultante de uma possível fusão – poderia sair dos mais de 30 bilhões de reais para 64 bilhões de reais. Em contrapartida, não há garantias de que os produtos expostos nas prateleiras ficarão mais baratos. Numa situação como esta, seria difícil até mesmo para o Wal Mart – terceira maior rede no Brasil, com faturamento anual de 22,3 bilhões de reais – oferecer vantagens aos consumidores.

Por enquanto, o consumidor não foi levado em conta na equação Pão de Açúcar + Carrefour. Os números vultosos podem esconder sérias desvantagens às pessoas, principalmente, àqueles que vivem em regiões metropolitanas, como São Paulo e Rio de Janeiro, já dominado pelas duas redes de supermercados.

Juntas, as empresas terão a possibilidade de estabelecer as regras das nossas rotineiras compras de mês. Eles ganhariam. Já nós, reféns da situação, não teríamos concorrentes aos quais recorrer.

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