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Netflix anuncia série brasileira e Ancine fala em marco regulatório

A Netflix anunciou, nesta quarta-feira (05/08), a produção da sua primeira série de ficção científica feita no Brasil. Chamada 3%, a série terá a direção de Cesar Charlone, uruguaio radicado no Brasil, com passagens pela O2 Filmes e indicado ao Oscar de melhor fotografia por Cidade de Deus, e será dividida em 7 episódios. Como protagonistas, estão os atores Bianca Comparato (Sete Vidas, Por Toda Minha Vida – onde interpretou a cantora Elis Regina adolescente, Avenida Brasil) e João Miguel (A Teia, Gonzaga – De Pai pra Filho, Xingu).

Ambientada em um futuro distópico, Cesar Charlone afirmou que “a série traz à tona questões sobre a dinâmica da sociedade que impõe constantes processos de seleção pelos quais todos nós temos que passar, gostemos ou não”. No entanto, assim que a série foi anunciada, outro protagonista ganhou as redes sociais: A Ancine (Agência Nacional do Cinema).

De acordo com Manoel Rangel, presidente da Ancine, a agência deve criar um marco regulatório para empresas que trabalham com conteúdo OTT (over the top content), ou seja, empresas como a Netflix, Now e cia. Antes de entrar na polêmica e dar a minha opinião, afinal, vivi essa realidade de OTT, tv por assinatura e Ancine durante os últimos 3 anos, vamos explicar algumas coisas.

3%? Eu já ouvi esse nome

Quem está antenado no mercado audiovisual talvez já tenha escutado algo sobre a 3%. Um piloto, criado por Pedro Aguilera, ganhou o mundo ao ser disponibilizada no Youtube em 2011. O enredo é quase o mesmo, mas é bem provável que a produção Netflix será muito mais elaborada.


Ancin… Quem?

A Ancine é a sigla para Agência Nacional do Cinema, um órgão do governo que regulamenta o mercado audiovisual no Brasil. Em 2013, a agência ganhou os jornais por aprovar um decreto onde “obrigaria” uma cota de produção nacional na tv por assinatura. Na época muita gente veio com paus e pedras, dizendo que o governo queria controlar o que assistíamos e que a tv por assinatura viraria uma porcaria.

O mercado audiovisual e a cota Ancine

A grande verdade é que o mercado audiovisual brasileiro só sabia fazer publicidade. Os poucos que se aventuravam em produção de filmes e séries tinham que rebolar. Os canais por assinatura muitas vezes traziam o conteúdo de fora do país e dublavam (ou legendavam), alguns com uma qualidade precária. Com a nova cota, mesmo que a ferro e fogo, o mercado se viu obrigado em produzir conteúdo 100% brasileiro (existem uma série de regras, mas não vou explicar porque o texto vai virar um livro. Se quiser saber um pouco mais, confira esse link da agência).

Não bastava criar conteúdo brasileiro. Ele iria ocupar um grande espaço nos canais, ou seja, se fosse qualquer coisa, seria o mesmo que jogar fora os minutos. Com isso começamos a ver séries bem legais. A HBO, umas das primeiras, lançou diversas séries de altíssima qualidade (atualmente está passado Magnífica 70. A HBO disponibilizou o primeiro episódio completo no Youtube). No Discovery, local onde trabalhava na época, “Águias da Cidade” (série produzida com a Polícia Militar de São Paulo) e “Desafio em Dose Dupla Brasil” fizeram sucesso. Mas não era só isso…


Com as produções locais, vieram oportunidades de emprego e com elas, surgiram diversos polos audiovisuais. Por exemplo, a região da Vila Leopoldina (SP), galpões abandonados foram substituídos por produtoras, que buscavam grandes espaços e quase inexistentes na maior metrópole do país, devido a especulação imobiliária. Os usuários de crack foram substituídos por cineastas, diretores, editores e atores. Uma mudança para o mercado e para a sociedade, afinal, com as produtoras, vieram os restaurantes self-service, padarias e outras empresas.

Sabe a história da mãe que faz você comer legumes porque faz bem? Então, é uma boa analogia para a cota da Ancine e o mercado. É claro que no começo a coisa foi ruim. Muitas empresas tiveram que rebolar e a vida fácil acabou. Não bastava dublar, tinha que filmar.

Marco regulatório para OTT

Ao contrário da tv por assinatura, quem saiu na frente desta vez foi o mercado. A Netflix anunciou o 3%. O HBO Go já disponibiliza todas as séries brasileiras em sua plataforma. Um marco regulatório para OTT só serviria para oficializar a coisa. E, ao contrário do que muitos pensam, as empresas não farão conteúdo por fazer. Elas farão conteúdo que seja competitivo, afinal, esse é o produto de venda deles.

Então antes de ficar de mimimi, que tal começar a roteirizar a sua série? Agora as possibilidades serão maiores e, tudo indica, só tende a melhorar.

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