Por Vince Vader
Em algum momento de sua existência todo mundo já jogou, algum dia, um boardgame (jogo de tabuleiro) ou cardgame (jogo de cartas). Pode ter sido uma clássica – e longa – partida de War ou Banco Imobiliário, um eufórico duelo de truco e até mesmo uma sofisticada noite de poker.
Esse tipo de jogo “analógico”, aqui no Brasil, faz parte de um mercado extremamente estagnado. Diferente de Europa e Estados Unidos, onde os títulos de jogos de tabuleiro não param de crescer, inovar e trazer algumas sofisticações fantásticas em termos de tecnologia e mecânica.
Hoje iremos falar sobre essas sofisticações tecnológicas aplicadas à interface de alguns jogos:
Space Dealer
Vou começar falando um pouco de um título que eu particularmente adoro: o Space Dealer. Nesse jogo de tabuleiro cada jogador controla um planeta/raça alienígena e tem que produzir bens para vender a outros planetas, mantendo o equilíbrio econômico da galáxia. Space Dealer seria um jogo bem comum se fosse só isso, mas o game possui um diferencial fabuloso: é em real time!
Cada jogador tem duas ampulhetas com 1 minuto cada uma e com esse tempo devem gerenciar a produção de bens, estocagem, transporte e evolução da sociedade em tecnologia. A grande graça estratégica de Space Dealer é que se você está produzindo bens com uma ampulheta e fazendo sua nave andar com a outra, não pode fazer mais nada até que a areia pare de correr.
E outra sofisticação do jogo é que cada partida dura meia hora; pra isso a caixa vem com um CD com meia hora de música e uma voz robótica que avisa quanto tempo falta. Ta difícil visualizar? Então olha só esse vídeo do game (está em polonês, mas não vai atrapalhar sua experiência):
Monopoly Electronic Banking
Lembra quando você jogava Banco Imobiliário e sempre tinha alguém que dava uma surrupiada no dinheirinho da caixa? Pois bem, agora esse problema acabou. O Monopoly ganhou sua edição comemorativa onde agora não se usa mais dinheiro; só cartão de crédito.
É igualzinho ao jogo original em termos de mecânica, só que essa versão tem um cartão de crédito para cada jogador, que funciona de verdade. Reproduz bastante a realidade: como você não vê o dinheiro na sua frente, sempre acaba gastando mais do que pode.
No próximo texto da série Tecnologia & Boardgames iremos ver mais dois excelentes exemplos de games famosos que apostaram em inovações high tech para sobreviverem nos anos 2000.
Vince Vader é publicitário e game designer. Além de atuar em mídias digitais desde 97, é professor de Criação Digital/Computação Gráfica e coordenador do ESPM Digital