Tenho certeza que você já leu muitas matérias em jornais; assistiu reportagens na TV, ouviu no rádio ou de pessoas conhecidas. Todo mundo tem opiniões sobre os conflitos no Oriente-Médio, todos têm algo a dizer.
Em geral, existem os que defendem os israelenses, os que defendem os árabes (sejam eles palestinos, libaneses, etc.) e, ainda, há os que são neutros.
Quando um conflito direto ocorre, como agora em Gaza, o bombardeio de notícias e imagens aterrorizantes é impressionante. Notícias conflitantes, antagônicas, confusas, exageradas, tendenciosas e, às vezes, até verdadeiras; imagens de crianças ensanguentadas, prédios destruídos, mães desesperadas; tudo isso causa um impacto muito grande e reforça opiniões ao mesmo tempo em que as muda. Este é apenas mais um texto sobre o conflito, ele será lido por muitas pessoas que irão discuti-lo, criticá-lo, desconsiderá-lo e até elogiá-lo. Não será definitivo nem exato, mas será imparcial até onde as informações do autor permitirem.
A intenção deste texto é bem definida: dar a você informação suficiente para que você tenha certeza de que sua opinião é realmente a sua opinião, e não apenas uma conseqüência do bombardeio de notícias que estão sendo veiculadas.
Eu moro em Israel há um ano e meio. Saí do Brasil por problemas de segurança; em 2005 sofri um assalto no Rio de Janeiro e fui ferido no joelho. Depois desse incidente decidi que não queria que meus filhos crescessem dessa maneira. Parece insensato sair de um país “em paz” como o Brasil e mudar para um país “em guerra” como Israel. A simples verdade é que me sinto mais seguro aqui.
O conflito Árabe-Israelense não é novo. O estado de Israel completou, em 2008, 60 anos de existência e, paralelamente, 60 anos de guerras. Todos esses conflitos são, no entanto, reflexos de um problema muito mais profundo, que se arrasta por muito mais tempo. Tentar definir uma razão para o conflito é querer simplificar demais as coisas, existem diversos motivos e várias faces do mesmo problema. Pretendo informar, apresentar fatos relacionados aos conflitos e tentar traçar os diversos motivos por trás dos mesmos; será difícil não esboçar uma opinião, mas tentarei fazer isso, deixando o juízo da questão para o leitor.
Guerras são feias. Não existe na história da humanidade uma única guerra que tenha sido bonita. Ao final de cada guerra temos, normalmente, o vitorioso e o derrotado. A versão do vencedor será a usada para contar a estória da guerra; e explicar para as gerações seguintes porque algo tão abominável aconteceu. Quando uma guerra não tem vencedores definidos a coisa se complica, pois as versões de cada lado coexistem, contraditórias, mutuamente exclusivas, cheias de meias-verdades e mentiras inteiras.
Cada lado procura mostrar apenas o que é interessante, deixando as coisas feias da guerra para o outro lado. Vou tentar mostrar, nessa série de matérias, alguns fatos e verdades por trás de todas as “versões” sobre o conflito Árabe-Israelense, desde o final do século 19 até hoje. Até lá…
Max Bitran é brasileiro e mora em Israel.