
Futuro
"A IA é o maremoto. E a gente esquece que depois dele, vêm os tsunamis."
StartSe quer preparar o Brasil para a era da IA com educação acessível e ética. Conheça o programa IA para Todos e outras ações.
StartSe quer preparar o Brasil para a era da IA com educação acessível e ética. Conheça o programa IA para Todos e outras ações.
O que você vai descobrir a seguir:
Em um mundo onde a Inteligência Artificial deixou de ser promessa e virou maré alta, Junior Borneli, CEO da StartSe, não mede palavras: “Estamos formando datilógrafos para um mundo de IA”. A metáfora, ainda que impactante, é dolorosamente precisa. E serve de alerta para quem ainda insiste em modelos educacionais de um tempo que não volta mais.
Conversei com Borneli durante o StartSe AI Festival, que compartilhou a missão urgente da StartSe: preparar o Brasil para a nova era digital. Do chão da escola até o topo da liderança empresarial, ninguém deve — nem pode — ser deixado para trás, nas palavras do executivo. “A IA é o maremoto. E a gente esquece que depois dele, vêm os tsunamis.” O recado é direto: quem não se adaptar, vai afundar.
Existem 2 bilhões de pessoas que nasceram depois da criação do iPhone. Então, se a gente repetir os mesmos métodos do passado, seja para educação, seja para formação, seja para produção de conteúdo; a gente vai estar falando para uma audiência cada vez menor.
Junior Borneli, CEO e fundador da StartSe
Borneli contou que a StartSe, uma escola de negócios nascida com os olhos voltados para o futuro, entende que relevância virou moeda de sobrevivência. Profissionais que não abraçarem a tecnologia, como o designer que insiste em ignorar as ferramentas mais recentes, correm sério risco de se tornarem obsoletos. Mas ainda há esperança…
Uma dessas ondas atende pelo nome de “IA para Todos”. Anunciado nesta quarta-feira (15), o programa que, como o próprio nome já entrega, busca democratizar o acesso ao letramento digital. Gratuito e acessível, o projeto já qualificou mais de 300 mil pessoas. Borneli brinca: “nosso curso é dos 8 aos 108 anos”. Ele completa, “a gente precisa mudar não só a maneira como a gente educa, não só a maneira como a gente se comunica, como a gente produz conteúdo para que a gente consiga acessar de maneira correta essas pessoas”.
Leia também: IA verde e soberana: Como o Brasil pode liderar o futuro da tecnologia
Com apoio de empresas como IBM, Boticário, entre outros, o programa caminha para atingir a marca de 1 milhão de beneficiados, com ações voltadas a públicos específicos, como mulheres empreendedoras.
Outro destaque é o AI Journey, um mergulho de 24 sessões com mentores internacionais vindos de centros de inovação como Vale do Silício e China. Uma jornada desenhada para quem entende que capacitação contínua é a única rota segura numa era em que máquinas já tomam decisões em frações de segundo.
Mas o que fazer, afinal, quando tudo muda tão rápido? Borneli aposta nas chamadas Hybrid Skills. Habilidades híbridas que unem o melhor do ser humano e da máquina. A primeira delas é a análise crítica. Saber discernir quando a decisão cabe ao algoritmo — e quando ela deve, obrigatoriamente, ser humana. A segunda é ética. Porque, como ele bem destaca, IA não pode ser usada para demitir pessoas em massa, mas sim para empoderá-las.
Para mim existem duas [competências] que são as principais. A primeira delas é não delegar pra máquina o que é do humano. Ou seja, tomada de decisão é coisa de humano. A máquina nos ajuda a ter os melhores insumos para tomar as decisões. Desenvolver a nossa capacidade de análise crítica e tomada de decisão é fundamental. E do outro lado, extremo, ética e responsabilidade. O objetivo não é trocar pessoas por tecnologia. Substituição de humanos por pessoas é uma consequência de uma revisão de processos, se for necessário
Junior Borneli, CEO e fundador da StartSe, sobre as principais competências do futuro
Já o evento, que acontece em São Paulo, a proposta é que possa traduzir a IA para uma linguagem menos técnica e mais festiva. Reunindo líderes empresariais em oficinas práticas e plenárias disputadas, o evento busca despertar a consciência tecnológica no Brasil corporativo. O sucesso do primeiro dia foi tão grande que muitos saíram de lá com uma certeza: o futuro não é mais sobre aprender uma nova ferramenta, é sobre aprender a viver com ela.
No fim das contas, talvez o maior ensinamento da StartSe seja este: a revolução já começou. E ela é digital, ética, inclusiva — e, acima de tudo, urgente.