Futuro

"A voz conecta, o texto informa", afirma ElevenLabs, líder de IA de voz

Em apenas 5 meses, ElevenLabs transformou o Brasil em vitrine para sua IA de voz. Entenda os desafios culturais e os debates éticos da tecnologia.

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Imagine abrir um aplicativo, ouvir uma voz agradável e só depois descobrir que… não é de verdade. No Brasil, essa cena já deixou de ser ficção científica. Em apenas cinco meses de operação no país, a ElevenLabs, empresa americana de inteligência artificial especializada em voz, já fez do Brasil seu terceiro maior mercado em tráfego global. E isso não é pouca coisa quando falamos de uma tecnologia que está, literalmente, dando voz ao futuro.

Em uma conversa exclusiva, falei com Brunno Santos, executivo que lidera o crescimento da ElevenLabs por aqui, que descreve essa expansão com uma mistura de surpresa e entusiasmo. Ele esperava ver um boom no atendimento ao cliente — faz sentido, não? Call centers automatizados, assistentes mais humanos, aquela coisa toda. Mas a realidade foi outra: o brasileiro, com sua inventividade única, começou a usar a IA de voz de formas absolutamente imprevisíveis.

Inteligência interficial por voz vai ser um padrão, não é um diferencial competitivo. E a próxima evolução é a regionalização. Onde essa inteligência artificial por voz consiga identificar e atender [o cliente] com uma voz específica.

Brunno Santos, GTM da ElevenLabs

Quer um exemplo? Uma gigante do varejo nacional já está usando a tecnologia para adaptar campanhas de marketing com sotaques regionais, o que aumenta consideravelmente a taxa de conversão. Já uma montadora lançou um carro com… voz própria! Isso mesmo: o automóvel ganhou personalidade com a ajuda da ElevenLabs. E esses são apenas os primeiros capítulos dessa história.

Por aqui, começamos a testar as ferramentas da ElevenLabs há algum tempo. Em junho de 2023, lançamos o primeiro podcast com uma IA sendo entrevistada. Uma “brincadeira” para mostrar os potenciais da nova tecnologia (ouça abaixo).

Já em agosto de 2023, foi a vez de clonar a minha própria voz para levar como exemplo ao Digitalks ’23, durante a palestra em conjunto com a Shutterstock, intitulada “Uma abordagem humana sobre o futuro da criatividade e IAs”.

Por fim, ainda utilizando o meu clone de voz, liberamos o primeiro texto do Com limão com áudio — além de divertido, uma solução de acessibilidade — em um dos principais conteúdos de 2023, a matéria exclusiva com os designers do Apple Watch e o detalhamento do processo de design thinking da grande maçã.

Voltando ao bate papo com a ElevenLabs, a tendência é clara: os setores mais ágeis estão se antecipando. Bancos querem personalizar a experiência ao extremo. Call centers enxergam na IA não só uma ferramenta, mas o coração da sua reinvenção. E as startups estão escalando operações com vozes sintéticas sem comprometer o orçamento.

Mas, claro, o Brasil impõe desafios únicos. A variedade de sotaques e expressões regionais transforma a tarefa de “ensinar” a IA a falar nossa língua em um quebra-cabeça fascinante. A regionalização — segundo Brunno — será o próximo grande salto: uma IA que atenda o cliente com sotaque baiano em Salvador e com aquele “tu” bem gaúcho de Porto Alegre. E, sim, essa tecnologia já existe e a ElevenLabs já tem dentro do seu portfólio de 5.000 vozes.

Responsabilidade também é parte fundamental dessa equação. Com preocupações legítimas sobre deepfakes e usos políticos indevidos, a ElevenLabs aposta em moderação ativa, identificação digital por voz e uma política rigorosa de uso.

Leia também:A IA é o maremoto. E a gente esquece que depois dele, vêm os tsunamis.”

Inclusive, a empresa deixou claro: conteúdo com fins políticos está fora da plataforma. Além disso, toda voz da ElevenLabs possui uma “identificação digital”. Segundo a empresa, “restamos nossos modelos antes do lançamento e verificamos nossos clientes no cadastro. Também incorporamos recursos nos produtos para dissuadir atores mal-intencionados ou irresponsáveis, incluindo o bloqueio da clonagem de vozes de celebridades e outras de alto risco, e exigimos verificação tecnológica para acesso à nossa ferramenta de Voice Cloning Profissional.”

Se uma voz é utilizada de maneira indevida e a gente identifica que essa voz está em uma outra plataforma pública, a gente vai fazer esse match, vai bloquear a conta [do criador] e trabalhar com as autoridades.

Brunno Santos, GTM da ElevenLabs, sobre o uso indevido de vozes sintéticas

Sobre o movimento de dubladores contra a IA, Brunno Santos manifestou o interesse da empresa em buscar sinergia: “a gente adoraria muito ter a oportunidade de ter um diálogo e buscar uma sinergia para trabalhar.” Ele ressalta que o marketplace da ElevenLabs também oferece uma “janela de monetização” para os profissionais da voz e que a empresa está “aberta para poder conversar e buscar um consenso de ambas as partes”.

No fundo, essa nova era da voz sintética é mais sobre possibilidades do que sobre limites. É sobre dar vida a novas formas de comunicação, com ética, criatividade e, por que não, um toque bem brasileiro.



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