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Viajante Com Neve…err Limão

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Eu vim da roça, nasci em Juiz de Fora onde o mais frio que se pode imaginar é quando acaba a energia elétrica e você toma banho com gélidos 8 graus corporais. Para mim isso sempre foi o apocalipse.

Até então morei 12 anos em São Paulo e a coisa mais brilhante que eu fazia era soltar aquela fumacinha quando ficava frio, pensava que o mundo estava acabando, que mal poderia sentir a ponta dos meus dedos e o mais divertido era se tocar em algum lugar, como por exemplo, um shopping e ver sucessos hollywodianos.

Eis que agora eu estou desde Outubro com essa fumacinha pentelha no rosto, com o gelo cortante na bochecha (especialmente quando eu migro da civilização para o cosmo arcaico de Watford, uma das partes mais antigas da Inglaterra), com uma ceroula que arrebenta todos os meus pêlos e me faz questionar a real necessidade de pêlos, porque doê-los? Três casacos de conta mínima, um céu cinza e completamente sem magia, porém um lugar formidável… formidável de frio.

1 de fevereiro
Passados os dias considerados mais depressivos do ano, Gus acorda numa manhã de domingo e vê floquinhos no ar, bonito, logo algo que já tinha visto. Sua tia que mora no interior (Ashford) disse então que ficaria mais frio e ia nevar forte. Claro que eu jamais iria acreditar! 18 anos que não neva direito aqui e parece que foi um sinal e um presente de Natal atrasado lindo.

2 de Fevereiro
Nunca vi tanto branco na minha vida. Céu completamente pingante de #FFFFFF (para quem não entendeu… #FFFFFF é branco em Hexadecimal), nenhum transporte público funcionando, cidade perdendo 1 bilhão nesse dia, carros rodando perdidos, nenhum ônibus nas ruas (hora de nevar em SP), e simplesmente, 512 bonecos na rua. A maior quantidade de sorriso por metro quadrado. Mini tobogãs criados, crianças brincando, uma parcela de população conhecendo outra parcela só por causa de uma bolinha de neve torta acertada na orelha da Tia Maredith, tacada pelo Johnny P. E no final todos rindo!

Tinha tudo novamente para ser um dia frio, um dia triste e depressivo como o mês de janeiro, especialmente para os brasileiros, que enxergam janeiro no exterior como o mês da depressão, desespero e da saudade.

Mas não! Tornou-se, na minha opinião, um dos dias mais lindos. Quando dá gosto olhar para o alto e ver as árvores chorando flocos de neve, ver o chão coberto de gradiente 0, sem textura e sem efeitos. Ver a vida numa forma gélida, mas tão linda. Ver diversas pessoas se divertindo, mesmo no caos. Valeu a pena um pouco de solidão. Sentir-se absorto na escuridão do branco foi uma das experiências mais lindas da minha vida. Queria dividir um pouco com vocês.

Valeu cada dor de ouvido, cada dor de cabeça, cada saudade de não dividir com irmãos uma brincadeira que levaria a mais risadas. Valeu e está valendo cada instante. Um moleque que veio da roça se divertir com seus 4 bonecos de neve (Leroy, Merlin, C e o A), com seu rojão e arsenal de bolas de diversos calibres e muitos, mas muitos mesmo, momentos de humor e risadas. Obrigado a quem me proporcionou conhecer a neve de uma única maneira: Inesperada e depois de 18 anos  (bem quando eu ainda estaria aqui).

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