Este post é para ser lido ao som de In the Shadows, do The Rasmus. No último dia 10, foi inaugurada a exposição Splatter, do artista plástico James Cauty, em Londres.
A mostra tem causado polêmica ao apresentar desfechos violentos, sanguinários das animações infantis, levando às últimas consequências as rivalidades entre personagens como Frajola e Piu-Piu, Coiote e Papa-léguas, entre outros. Em determinado momento, encontramos a ilustração do gato Tom esquartejando Jerry, como se ele fosse um salame.
Bom ou mal gosto a parte, não sou inocente o suficiente para acreditar que a violência subliminar dos desenhos infantis seja o fator decisivo em relação aos comportamentos reprováveis dos adultos. Tenho a percepção que esta mostra é um reflexo direto do grande espaço que a violência ocupa no cotidiano das pessoas e como foi transformada em circo midiático, em uma espécie de “celebração negra”.
Evidentemente, a barbárie social deve ser noticiada, denunciada, julgada e punida, mas ela me parece mais um retrato de um entretenimento sujo e barato adotado por todas as mídias sedentas por audiência, ibope. As cenas violentas dos noticiários são repetidas centenas de vezes com uma narrativa digna de tablóide sensacionalista, principalmente quando se trata de classes média / alta (vide caso Nardoni e mais recentemente, da garota de Santo Andre, Eloá).
A exploração da desgraça das classes D e E já foram exploradas com tanta frequência, que passaram a não despertar tamanho interesse. O sofrimento dos mais humildes não tem mais graça: queremos sangue nos lindos lençóis de cetim dos endinheirados.
Mas as tragédias dos ricos e dos pobres tem dois pontos inegáveis em comum: em ambos os casos, a justiça é falha, esquecida e o principal: todas as vítimas e algozes são pessoas, assim como eu e você. Pessoas.
Nós, os entusiastas da paz, precisamos aprender a cultivá-la e alimentá-la, primeiramente, dentro de nós mesmos. Após este passo inicial, poderemos falar tranquilamente sobre as mudanças tão urgentes e necessárias.