Para ser lido ao som de If I were a boy, novo single de Beyoncé.
E hoje é o dia da Consciência Negra, feriado dedicado para a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade. É uma data também que procura relembrar a resistência do negro à escravidão, desde o desembarque de africanos aqui no país que se chamaria Brasil.
Em paralelo, encontrei uma notícia sobre o desejo da cantora Beyoncé em se tornar a Mulher Maravilha nas telonas. Inspirada na vitória política de Obama, a interprete de Crazy in Love alega que “uma Mulher Maravilha negra seria algo poderoso e esse é o momento certo.”
Ok, a escravidão é uma mancha nojenta na história do nosso país e Obama chegar ao poder é uma nova perspectiva não somente na política americana, mas na forma como podemos atestar que velhos e arrastados tabus estão indo para o buraco, graças a Deus. E já era tarde.
Mas me pergunto até que ponto uma Mulher Maravilha negra vai colaborar com uma causa social. Não que seja uma fórmula engessada, mas acredito que o ponto chave das adaptações dos super heróis no cinema, é embora fascinante, um campo muito fechado no sentido da personificação, da fidelidade aos modelos descritos nos quadrinhos.
Não acredito que a Beyoncé vai convencer, empolgar no papel da poderosa amazona. E, sinceramente, não acredito que sua interpretação vai cooperar com a consciência da relevância do negro na sociedade. Soa-me mais como uma intenção marqueteira que realmente uma atitude politicamente correta, de conteúdo social.
Reforço que toda forma de preconceito é estúpida e, determinar a relevância de alguém por conta de sua origem / cor / raça, me parece algo patético e mais fora de moda que usar anáguas na lua-de-mel.
Todos aqueles que já despertaram, atentaram para a lucidez necessária para uma sobrevivência digna na realidade (porém muitas vezes ilusória) em que estamos inseridos, vai perceber o semelhante pela presença de espírito e não pela cor de pele. Mesmo porque a pele é perecível e seremos sempre lembrados pelo caráter e posicionamento diante da vida.
Até que ponto é importante voltar ao passado com as recordações de um Brasil de escravidões, preconceituoso e medíocre, que tratava seus negros como mercadoria? Que estes dias absurdos sejam queimados, esquecidos e transmutados. Não é esse o papel que os negros merecem e desempenham.
Nossos homens e mulheres negros já provaram sua força e capacidade, e temos notáveis negros nas artes, na política, na dramaturgia. É hora de celebrar esta relevância. Qual é a dúvida que brancos e negros ainda tem em relação ao fato que todos nós não temos diferenças?
Talvez o Dia da Consciência Negra mereça ser considerado ao pé da letra, como o dia em que não há qualquer necessidade de dividir as pessoas em grupos, já que temos a Consciência que nada em termos de raça nos difere?