Fiquei muito impressionado com a resposta que meu post obteve. Trata-se realmente de um assunto polêmico e o próprio texto já antecipava que haveria opiniões.
Embora o post de hoje não faça parte do meu roteiro original achei que valeria a pena começar a expor informações e contra-argumentar alguns dos comentários feitos. Vamos lá então…
Primeiramente gostaria de convidar a todos aqueles que retrataram Israel como seguro e confortável que venham passar uma temporada aqui. Eu indico as seguintes cidades: Sderot, Ashquelom, Avne, Ashdod, e Naharia. De 2001 para cá foram lançados 8165 mísseis de curto e médio alcance nessas e muitas outras cidades de Israel, somando um total de 76 mortos.
Todos esses mísseis estão guardados num galpão, com etiquetas dizendo o dia, hora e local de onde foram retirados. Esses mísseis nunca tiveram como objetivo alvos militares, todos os mortos são civis, entre eles idosos e crianças. O que temos em Israel é um país que sobrevive a conflitos militares há mais de meio século e que está preparado para isso. Todas as cidades têm locais onde as pessoas podem se esconder em caso de bombardeios (são chamados miklats), além disso, com freqüência são feitos exercícios como a população simulando ataques; é por isso, e porque os mísseis usados são de baixa acuidade, que as casualidades são poucas. Mas a questão aqui é a seguinte, se alguém tenta te matar com uma arma que não funciona isso não quer dizer que ele não tentou;
Sobre a afirmação que Israel e/ou seu exército é genocida; Israel não é contra árabes, muçulmanos, ou qualquer outra etnia. Israel é um país onde vivem árabes e cristãos. Como disse o primeiro-ministro Ehud Olmert: “Nós não acordamos de manhã e pensamos – vamos atacar os palestinos”. Com exceções de poucos períodos, sempre houve algum tipo de ataque a Israel desde que o estado foi criado, e, novamente, o fato de não conseguirem o que querem não quer dizer que os ataques não existiram. Não existem mais assentamentos em Gaza, a terra de onde os colonos judeus foram retirados em 2005 (parte de um acordo para encerrar as hostilidades) servia hoje, unicamente, de plataforma de lançamentos de foguetes. O que temos em Gaza é uma guerra, e pessoas morrem em guerras.
O Hamas estava se utilizando de uma tática que (até agora) funcionava: escondia seus foguetes e armamentos em escolas, mesquitas, hospitais, pois sabia que o exército israelense não atiraria nesses lugares. Aqui não há meia-verdade! Trata-se de um grupo que usa crianças, templos religiosos e doentes como escudos para poder lançar seus ataques. Israel não é perfeito, nem somos ingênuos. O bloqueio a Gaza começou junto com o lançamento dos mísseis. Israel fornece energia e gasolina a Gaza; muitas vezes eles tiveram o fornecimento cortado por falta de pagamentos e não somente por questões de embargo. E, embora não pagasse as contas de energia o Hamas tinha dinheiro para contrabandear armamento através da fronteira com o Egito.
Durante mais de 5 anos Israel conviveu com atentados suicidas a ônibus e restaurantes, muitos inocentes morreram. O que temos hoje é um país que não aceita mais o terror como forma de imposição de ideais. Um país que endureceu muito com o controle de fronteiras, portos, aeroportos e com os vizinhos. A política está funcionando, há vários anos não temos mais atentados, não por que não existe a intenção, mas porque impedimos que aconteça. Nós nos protegemos e continuaremos a fazer isso, como agora. Demorou um ano para que Israel reagisse às agressões do Hamas, agora é a hora; a guerra é contra um grupo terrorista que não respeita vidas humanas, não contra a população de Gaza.
O exército israelense jogou panfletos e até telefonou para a população de Gaza avisando dos ataques, pedindo para que todos os que estivessem dentro ou perto de áreas onde armamentos eram guardados deveria sair. Um exército que quer cometer genocídio faz isso?
Agora sobre o Hamas. O Hamas foi criado durante os anos 80, como uma nova opção à OLP de Yasser Arafat, para falar pelos palestinos e buscar a criação de um estado. Israel apoiou o Hamas no início, como apóia o Fatah hoje, pois se tratava de uma nova possibilidade de paz já que Arafat não era confiável.
Com o tempo o Hamas acabou se mostrando muito pior que a OLP. Não existe ainda um estado palestino e a Faixa de Gaza nunca esteve em piores condições. O Hamas ganhou as eleições sim, legítimas, sim, mas o que fizeram em seguida? Em uma guerra civil sangrenta (isso mesmo, palestinos matando palestinos) expulsaram os representantes do Fatah e passaram a dominar Gaza. O que desejo apontar aqui é que os Gazans escolheram o Hamas mas isso não dava direito a eles de eliminar a oposição de forma violenta.
A intenção do Hamas é que o Estado de Israel não exista mais, eles não tem nada contra os judeus mas não aceitam o estado, essa é uma das razões que mencionei no texto de ontem mas há muitas outras. A resposta ao Hamas é que nós vamos continuar aqui; queremos paz, mas não a qualquer custo, reconhecemos o direito dos palestinos a um estado, eles estão lá há quase tanto tempo quanto os judeus, mas não permitiremos que a criação de um estado seja justificativa para destruir outro, e finalmente, não queremos a morte aos árabes-palestinos… mas não vamos morrer também.
E agora, voltando e finalizando sobre genocídios: Há pouco mais de um ano, no Sudão (país árabe-muçulmano), cerca de 1 milhão de pessoas (isso mesmo – trata-se de 2/3 da população de Gaza) foram mortas no que ficou conhecido como o Massacre de Darfur, unicamente por serem negras e de uma etnia diferente. Isso é genocídio!
Quanto à questão da proibição dos partidos árabes de participar das eleições. É verdade, eles foram proibidos devido ao fato de estarem ligados a grupos terroristas direta ou indiretamente. É como se no Brasil fosse permitido que os traficantes de drogas tivessem um partido e o usassem para cometer crimes. A permissão para a criação desses partidos, em primeiro lugar, mostra o quanto Israel é democrata, mas novamente, não somos ingênuos ou burros.
Não sejam ingênuos. Israel não é o demônio, nem os palestinos são santos, nem o contrário. Existem muitas coisas horríveis acontecendo e é normal querer encontrar alguém para colocar a culpa. É muito fácil os ânimos se incendiarem em assuntos tão polêmico. Espero que todos que estejam dispostos a ler os meus próximos posts tenham em mente que eu quero apenas apresentar fatos, tentar passar informações que vocês não recebem ou recebem truncadas (eu leio o Globo diariamente e é desprezível a maneira como eles manipulam as notícias), mesmo que o preço para isso seja polemizar um pouco. Não espero que todos acreditem, mas gostaria que tentassem abrir suas mentes e entender que nenhum tipo de extremismo é correto, como eu disse Israel não é perfeito, mas nossas intenções não são diferentes das de qualquer país livre.
Para terminar, sobrou a questão da segurança. Durante os feriados do fim de ano no Brasil morreram quase 600 pessoas entre acidentes de trânsito e crimes, somente no Rio de Janeiro. Durante o mesmo período em Israel morreram 4, todas vítimas de mísseis Qassam ou Qatiusha lançados pelo Hamas. Nenhuma morte por assassinato ou acidente de trânsito. A população de Israel é cerca de 7 milhões, algo como a população do Rio, faça as contas e me diga onde é mais seguro viver.
Eu sei o que é estar no Brasil, acostumado, conformado com a violência, com a morte acontecendo todos os dias por coisas banais. Somente quando você muda o paradigma você tem noção do quanto as coisas estão erradas, somente quando acontece com você ou com quem você conhece é que a ficha cai. A realidade bate na sua cara e não é mais apenas “alguém morto por bala perdida” como se vê nos jornais. Não é mais um número na estatística cruel, é você. Amo o Brasil, mas não quero morar mais aí.
Espero ainda ter leitores para os posts, afinal este não estava programado.