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Atenas Virtual – O Fenômeno dos fóruns, com direito à bebida e música

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Na sexta-série eu odiava ler e não era pela falta de capacidade de me adaptar. Conheço poucos adolescentes de 12 anos que têm desejo por literatura, como “Angústia”. Incansáveis, por anos os professores variaram os para-didáticos, de “O Dinossauro que fazia Au-au” para “Vidas Secas”. Seria heresia de minha parte dizer que Graciliano Ramos é um saco – embora seja um saco – mas convenhamos que sem uma estruturação, uma criança não vai ter vontade de sair do XBox para Grande Sertão Veredas, O Tempo e O Vento, entre outras obras e autores. Então, numa mágica professora da sexta-série, dona Verinha, virou para todo mundo e disse “Quero que este ano, vocês escolham o que vão ler”. E foi aí que comecei a pegar o gosto pela leitura… e acho que isso tem muito a ver com uma coisa chamada auto-didatismo.

Muitas vezes recebo, seja por e-mail ou ao vivo, pedidos de amigos, colegas, às vezes, desconhecidos, de dicas sobre ilustração, efeitos no Photoshop, anatomia, etc. Eu mesmo, no começo da carreira, sabia tanto do mercado da ilustração quanto da composição química de uma coxinha, e isso só melhorou, quando descobri o auto-didatismo.

O preconceito nessa prática, porém, é grande. Muitos vêem o cara que fala que faz isso como o sujeito fica se gabando como “O AUTODIDATA”, que mais parece um(a) pseudo-intelectual com falta de mulher (homem) , ou pelo contrário, odeia a prática por ter resultados, eventualmente mais lentos. Mas em minha humilde experiência, posso seguramente afirmar que tanto o autodidatismo, quanto eventuais cursos, quando bem escolhidos, são excelentes para qualquer artista, seja ele iniciante ou não, e mais ainda, um não vive sem o outro.

Fazer um curso é uma forma de ser orientado, e o auto-didatismo é a prática, às vezes de coisas que você enxerga, lê ou aprende com outras pessoas, tutoriais ou vídeos, de uma forma mais indireta . Isso, ao meu ver.

E no meio disso tudo, descobri os Fóruns de Arte Digital.

A vantagem: Conversar com outros artistas, diferente do senso comum, não é conhecer um concorrente.  Em fóruns, não só descobri bons artistas, mas bons amigos, bons professores, novos nichos e até oportunidades excelentes de trabalho. Bons professores, não falo só de gente para criticar o trabalho, mas transformar um desenho simples, algo que fiz com todo carinho, mas não saiu legal, em uma super peça de portfolio, por meio de orientação, dicas e macetes que você não consegue fazer em um curso e nem lendo um livro.

Aquele “tapinha” que você dá, quando produz algo, mediante experiência. E acho que sobretudo, os fóruns fornecem essa abertura. Vira e mexe, você conhece todo tipo de gente. Fiz amigos do México, do Paquistão, e de tudo o que é canto, que são excelentes fontes de conhecimento.

Além disso, você baixa tutoriais feitos por profissionais de alta qualidade, assiste a aulas e, em fóruns grandes, como o da CG Society, você participa de concursos – que muitas vezes, rendem empregos muitíssimo desejáveis – e até ganha ao pedir indicação de livros e sites para gente que realmente manja do assunto.

E como tudo tende a crescer, um dos fóruns mais famosos, o já citado Concept Art.Org, liderado pela Massive Black, resolveu levar isso a um novo patamar, organizando verdadeiros festivais, sendo o último de nome Imaginations, em março de 2009, onde pessoas do mundo inteiro vão para assistir palestras, curtir a festa e a fazer uma “jam” de desenho, tomar uns drinks, dançar música eletrônica, assistir a performances, desfiles de moda – cacilda – tudo no mesmo lugar.

Em telões espalhados, você vê trabalhos sendo produzidos ao vivo por artistas, como Andrew Jones, Whit Brachna, James Kei, entre muitos outros. Estranho para uns, genial para outros, a prática criou até mesmo uma cultura entre os artistas, chegando a patamares como estilos de moda.

O Concept Art.Org é muito conhecido por inovar e não me estranha essa difusão. Em um mundo onde as informações são difundidas em tempo real, não é difícil pensar que é possível que a arte ganhe uma difusão tão interessante e tão potente e, ainda, tão peculiar, como esta.

Aqui no Brasil, o que já criou raízes fortes é o 3D 4 All, totalmente em português, que traz Podcasts, entrevistas, tutorias, e muito mais. Quem sabe o pessoal não se anima e logo vemos uma balada tão excêntrica? Se rolar, eu já estou separando a grana do convite 😉

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