Ufa! Essa é a primeira coisa que preciso dizer antes de começar a nova leva de textos. Isso porque terminamos o projeto do novo Com limão e ele já está em desenvolvimento. Só porque vamos ganhar uma nova casa, não quer dizer que deixaremos de arrumar a antiga. Até porque, o mundo da comunicação não para e as novidades chegam uma atrás da outra.
Desta vez quero focar apenas em uma análise do mercado de luxo. Aliás, uma análise bem específica, o de agências que atendem marcas de luxo.
“Oras, uma coisa é vender um televisor de LED de 50”, outra coisa é vender um Jaguar C-X75, um carro que une design e sustentabilidade com muitos cavalos de potência. Essa diferença é tão grande que a Tata Motors, montadora indiana dona da marca Jaguar e Land Rover, decidiu que nenhuma agência do mercado estava pronta para atender as necessidades dos luxuosos carros e criou sua própria “house agency”.
Chamada de Spark44, a joint venture cuidará exclusivamente da marca Jaguar, que até então era atendida pela Euro RSCG nos últimos seis anos. Se formos olhar do ponto de vista de qualidade, ter a sua própria agência é o mesmo que ter o controle absoluto do branding de uma grande marca. Afinal, você conhece o produto, sabem quais são seus valores (não que as agências não saibam) e tem acesso a informações que antes não seriam passadas nem mesmo para a agência responsável pela marca. Em resumo, você não apenas sabe bem o presente, como sabe qual a visão para o futuro da marca.
Já do ponto de vista de custo, ter uma agência própria é uma grande loucura. Imagine qual será o gasto – em curto prazo – que a Tata terá com a Spark44, já que a agência cuidará apenas do Jaguar (a montadora não divulgou se a Spark 44 também cuidará da comunicação da Land Rover, que segue nas mãos da Y&R).
Ousada ou sem noção, a Tata abre espaço para as marcas de luxo pensarem no seu futuro em relação a comunicação. Por que digo isso? Faça um rápido brainstorm, quantas agências você conhece? Quantas delas trabalham exclusivamente (ou possui um departamento) focadas em mercado de luxo?
Não discordo que uma agência possa atender muito bem vários nichos de mercado, mas você acha que a “fórmula” e o jeito de se trabalhar de uma agência atual consegue vender uma cerveja gelada, ao mesmo tempo em que se empenha em vender um Bugatti Veyron que custa 308 mil reais só o IPVA? Uma bela reflexão.