Em 1996 o escritor americano George R. R. Martin lançou o primeiro livro da saga A Song of Fire and Ice (traduzido como Crônicas de Gelo e Fogo). O título do primeiro livro era A “Game of Thrones” (A Guerra dos Tronos, lançado no Brasil há cerca de um ano) e com ele nascia uma história épica.
São merecidos todos os elogios e prêmios que essa série já ganhou. George Martin não é um autor comum. Sua escrita é muito bem elaborada e é até difícil de perceber que é a mesma pessoa que tá escrevendo. Ele conta a história do ponto de vista de cada personagem do livro e cada personagem tem um jeito de pensar, de agir e de ver as coisas ao seu redor, completamente diferente do outro personagem que você acabou de ler. Até por causa disso é difícil explicar sobre o que é a história.
A história se passa no continente de Westeros, sob o governo de Robert Baratheon, amigo do Eddard Stark. Robert está no poder agora porque junto com Eddard roubou o trono do antigo rei louco, da casa Targaryen. Agora, o conselheiro do rei está morto e Robert precisa de um substituto em que possa confiar. O fardo cai nas mãos de Eddard Stark, encarregado de governar o reino enquanto seu rei se afoga em bebidas e prostitutas, sem perceber a crescente rede de intriga que envolve o trono.
Enquanto isso, em outro continente, os dois últimos Targaryen vivos planejam vingança contra os conspiradores que roubaram seu reino e eliminaram sua família. Nesse perigoso jogo de tronos, a escrita de George R. R. Martin se destaca e você não sabe de que lado ficar. Não há um herói ou vilão claro. Não há um lado certo e um lado errado. Os personagens são humanos em seus erros e acertos, e principalmente em suas ambições. Junte isso em um mundo de fantasia repleto de mistério, política e sexo, e você começa a entender o apelo da série.
Mas as mesmas características que tornam os livros tão bons também dificultam sua adaptação para o cinema ou para a TV. Além da história ser enorme, é difícil contar uma história com tantos pontos de vista e sem um protagonista definido. A HBO aceitou esse desafio e lançou a série Game of Thrones, originalmente prevista para ter dez episódios, mas que já conta com a confirmação para a segunda temporada. Com uma produção impressionante, eles foram fiéis a vários elementos visuais do livro, como A Muralha, uma enorme barreira de gelo com 300 pés de altura, o castelo de Winterfell, a cidade de Porto Real.
A escolha do elenco também foi cuidadosa e personagens cujas características físicas são muito mencionadas, como os loiros Lannisters e os Targaryen com seus cabelos brancos, tiveram sua aparência respeitada. O elenco é composto de atores competentes, como Sean Bean (Boromir, em Senhor dos Anéis) interpretando Eddard Stark. O ator mais celebrado, entretanto, é Peter Dinklage no papel de Tyrion Lannister, um anão astucioso e um dos personagens centrais dos livros. Apesar de não ser muito conhecido, o ator realmente capturou a essência do personagem e está dando um show!
Até o momento (o quarto episódio estreará agora nos EUA e o primeiro chegou hoje ao canal brasileiro), a série está demonstrando seguir os mesmo passos do livro, colocando o espectador como testemunha dos acontecimentos no continente. E assim como o livro, as coisas acontecem rápido: se o espectador parar de prestar atenção por um minuto, ele arrisca perder o fio da meada. Por isso a HBO lançou junto com a série um site muito bom explicando como é o mundo da série, as casas, e quem é quem. Eu recomendo fortemente para quem está interessado em ver a série acompanhar o conteúdo online. Infelizmente, a página em português ainda não tem esse guia traduzido.
A série promete ser uma boa história de fantasia para adultos, com uma estória envolvente repleta de corrupção, sexo e violência, que não foram amenizadas para a TV. É um convite para chorar com os personagens e comemorar suas vitórias, e escolher seu lado nesse jogo de tronos.