Com colaboração de Ivan Negri
Quem não se lembra dos tempos áureos do Mega Drive (também conhecido como Sega Genesis)? Quando tentávamos, por exemplo, após passar por hordas de monstruosos inimigos em forma de pixels, chegar ao temível Death Grinder no primeiro Golden Axe, contando os “continues” nos dedos e sendo derrubado inúmeras vezes pelos famigerados esqueletos nos vários abismos existentes no jogo. Muitas vezes, as preciosas vidas terminavam no último “chefão”, convidando os bravos jogadores a iniciar toda a jornada pelo poderoso Machado de Ouro, desde o início.
Em outros jogos, como Streets of Rage, o final das vidas significava começar novamente o combate contra o crime organizado, daquela grande cidade que outrora fora um lugar feliz e tranquilo. E a lista de jogos da SEGA que ofereciam grandes desafios, dos quais passávamos horas a fio repetindo as mesmas fases porque as vidas haviam terminado e nossos “continues” não mais restavam. São jogos clássicos, que invocavam um modo nostálgico de desafio.
Nos jogos atuais, a punição pela perda de uma vida não é mais tão dramática quanto nos tempos áureos dos jogos de 16 bits da SEGA. Na maioria dos jogos modernos, há salvamento automático, os chamados checkpoints, que fazem com que perder uma vida signifique retroceder alguns minutos de jogo, nada tão dramático. Em jogos como Call of Duty, Gears of War, Halo, Crysis, entre outros, após ser alvejado, basta tentar outra tática, enfrentar os inimigos sob outra perspectiva, que logo os obstáculos são superados.
Enfrentando “chefões” difíceis, daqueles tipos que passam por várias formas até terminar a batalha, muitas vezes existem checkpoints, e uma morte não significa começar a batalha do início. Vemos que empresas como a Eletronic Arts e a Ubisoft aderiram totalmente aos novos mecanismos atuais, evitando aquela sensação compulsiva de quebrar o controle na parede, tão comum nas épocas do Mega Drive.
Entretanto, ao jogar jogos da nova geração como Vanquish, a sensação é de que a SEGA ainda continua querendo aplicar os mecanismos antigos, punindo o jogador severamente por ter deixado o personagem morrer. Chefões difíceis se tornam impossíveis e, muitas vezes, “perder sua última vida para um chefe significa jogar novamente o level inteiro” (tradução livre da resenha do site Gamespot para o jogo Madworld, desenvolvido pela Sega para o console Nintendo Wii).
Não mencionando o fato de que mais e mais, as produções da SEGA saem cada vez com qualidade duvidosa.
Os hits de sucesso que levam o nome SEGA na capa, como os ótimos Bayonetta e o já citado Vanquish, apenas foram publicados pela empresa, não sendo assim produto de seu desenvolvimento. As adaptações dos filmes recentes da Marvel para os consoles são todos produtos de desenvolvimento da SEGA, sendo a maioria, com raras exceções (Captain America: Super Soldier) games medíocres sem nenhum atrativo interessante para os jogadores.
Portanto, não sabemos qual a sensação dos outros gamers em relação aos jogos mais modernos da SEGA, mas estes que vos escrevem já adquiriram uma aversão talvez irreversível a qualquer jogo que traga o logotipo das quatro letras em faixas azuis. É um preconceito cultivado por uma década de jogos ruins e escolhas erradas. É uma pena que a empresa aparentemente não tenha se adaptado aos tempos modernos, estragando franquias consagradas que poderiam render remakes modernos de grande qualidade, como o símbolo da empresa, Sonic, que apareceu recentemente em alguns jogos execráveis, com notas baixíssimas da crítica especializada e fracasso de público, ou como o clássico absoluto Golden Axe, cujo remake tinha potencial para concorrer com a obra-prima da Sony, God of War, mas ao invés, rendeu um jogo sem alma, extremamente tedioso, graficamente pobre e sem criatividade.
Não fazemos esta crítica como pessoas determinadas a desmoralizar descompromissadamente uma das mais famosas empresas de games da atualidade. Trata-se apenas de um desabafo de grandes entusiastas da Sega das épocas áureas do excelente Mega Drive, inclusive, fiéis até a época do desnecessário Sega CD e do Sega Dreamcast, console este último que simbolizou o início do fim desta grande e nostálgica empresa.