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Deus Ex: Human Revolution - Um misto de Metal Gear e Fallout 3?
Mergulhamos no ano de 2027, na pele de Adam Jensen, para analisar Deus Ex: Human Revolution
Mergulhamos no ano de 2027, na pele de Adam Jensen, para analisar Deus Ex: Human Revolution
O ano é 2027. Adam Jensen não está tendo um dia fácil. Seu trabalho como chefe de segurança das Indústrias Sarif (uma grande corporação de pesquisa e desenvolvimento em alterações artificiais em humanos) começa a ficar um tanto quanto difícil. A sede da empresa, situada em Detroit, está sendo atacada por mercenários, sua namorada (a principal pesquisadora da Companhia) está escondendo um segredo terrível, seu chefe não mostra muito bem qual é o jogo e, de quebra, sofreu ferimentos suficientes para mandá-lo ao túmulo mais cedo.
A sorte (ou seria azar?) de Jensen é que estamos em uma sociedade basicamente cyberpunk, e assim, seis meses depois, Adam surge de volta ao trabalho novo em folha e totalmente “tunado”, ou seja, com partes biônicas novinhas em folha. E vejam só: seu corpo possui uma taxa de rejeição à modificação quase zero, o que o permite ficar livre da droga que diminui os efeitos degenerativos da rejeição. E logo, vai perceber que o ataque à sua Companhia foi apenas o começo de uma complexa e intrigante conspiração mundial.
Esse é o plot inicial do bombástico (“prequel” da saga Deus Ex situando-se 25 anos antes do primeiro jogo da série) Deus Ex: Human Revolution desenvolvido pela Eidos Montreal e publicado pela Square Enix, para Xbox 360, Playstation 3 e PCs.
Deus Ex: Human Revolution é basicamente uma feliz mistura de elementos de Metal Gear, Fallout 3 e Mass Effect. A palavra que define Deux Ex é na verdade “escolhar”. O jogo nos permite analisar o cenário e encontrar o melhor jeito de resolver o problema. E na maioria das vezes a solução não é a mais óbvia, fazendo o gamer queimar muitos neurônios.
Uma das missões resume bem o espírito desse ótimo game: em certa parte do jogo, nos deparamos com o problema de invadir uma delegacia para obter certa informação que se encontra na sala de um detetive vários andares acima e ainda conseguir pegar determinado item-chave no necrotério. Existem várias maneiras diferentes de como se infiltrar na delegacia e de como proceder dentro dela, do jeito mais suave ao mais agressivo.
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Podemos entrar atirando e matando a todos (o menos aconselhável), fazer um “stealth”, entrando e saindo sem ninguém saber que estivemos lá (a paciência e uma boa dose de upgrades é vital nesse caso) ou simplesmente conversarmos e tentarmos ludibriar a pessoa certa a nos dar acesso e andar livremente pela delegacia (de onde utilizamos as habilidades sociais do personagem).
Assim temos os três pilares básicos de Deus Ex: Human Revolution: O combate, o stealth (e investigação) e o direcionamento de ações de NPCs via conversação. E para cada um destes pilares temos várias modificações cibernéticas (upgrades) para auxiliar Adam Jensen.
Um dos principais upgrades é sem dúvida o Hacking (hackear). Sem ele talvez a maioria das quests e missões ficasse muito mais difíceis de serem realizadas e o jogo muito menos divertido. O minigame que o jogo utiliza para hackear terminais de computador (e assim retrair informações), portas (para ganhar acesso) e alarmes (para desabilitar turrets, câmeras e alarmes) é tão divertido e bem idealizado que chega a ser um prazer passear pelos cenários procurando algo para hackear, inclusive se você já possua a senha para determinado acesso. O interessante nesse caso é que o jogo premia o jogador que use o hack de forma a “pescar” os nodos com itens. Assim, podemos além de ganhar o acesso, softwares para facilitar o hack de outros terminais.
Outros upgrades disponíveis vão desde invisibilidade (ao melhor estilo Crysis), habilidades sociais (para conseguir informações e acessos na base da “lábia”) até melhorar seu pulmão artificial e poder passar por cenários cheios de gás tóxico. Dano e energia também são “melhoráveis”. Para tudo isso ser possível, os upgrades necessitam de PRAXIS POINTS, ou seja, pontos especiais de upgrades, recebidos assim que ganhamos experiência suficiente (no término de quests, no hack bem sucedido, na escolha de caminhos alternativos, ao achar novos locais, ao matar inimigos). PRAXIS POINTS também podem ser comprados em LIMB CLINICS, mas são muito caros, porém vale a pena “economizar” para comprar.
Apesar de o combate ser um dos pilares e não o foco do jogo, os controles são muito bem definidos e o cuidado e a cobertura são essenciais para se sobreviver aos inevitáveis tiroteios (tanto com inimigos quanto com chefes). Nada de estilo “Call of Duty” em Deus Ex: Human Revolution, portanto. Sair atirando desprotegido é morte na certa. Isso não impede Adam de ter um arsenal típico de Chuck Norris. São vários tipos de armas de variados tamanhos e danos. Inclusive armas não letal como dardos tranquilizantes e armas de tonteio.
Tecnicamente o jogo é competente. Para uma jogabilidade mais confortável, os desenvolvedores optaram por um ponto de vista hibrido. Na maior parte do tempo temos a visão em primeira pessoa, mas em situações de cobertura, a visão é em terceira pessoa. Os gráficos não estão entre os mais bonitos da nova geração, mas não fazem feio. São limpos e a taxa de quadros não cai. As texturas são consistentes e não notei em nenhum momento lentidão no carregamento das mesmas. Talvez por isso relevemos o grande tempo de loading entre os cenários já que são enormes. São quatro cidades que Adam Jensen perambula: Detroit, Shanghai, Montreal (muito breve) e Singapura. Cada local possui sua própria identidade e NPCs, com linguagem e quests próprias.
A complexa história por fim é digna dos grandes clássicos cyberpunks, sempre fazendo o jogador querer avançar no jogo e ver o que irá acontecer. Podemos realizar as quests entre as missões principais, dessa forma a história principal acaba sendo contada a conta gotas e tendo como pano de fundo os dados e informações que encontramos pelas andanças em forma de pocket-books , jornais e acessos à terminais de computadores. O panorama construído no final é como um grande quebra cabeça, onde o “main plot” é apenas a peça maior. Talvez o único fator em que o jogo peca é no desenvolvimento de background dos vilões. Existem personagens interessantes que entram quietos e saem calados (ou quase…). Mas nada que borre o grande quadro pintado pela Eidos Montreal.
Deus Ex: Human Revolution é um jogo que prende. Por sua história, por sua jogabilidade e pelos diversos meios de se resolver um problema. Um grande RPG ocidental que obviamente figurará entre os grandes e melhores lançamentos do ano.