Para muitos grafite é sinônimo de poluição visual. Já para outros, uma arte incompreendida. A verdade é que as artes urbanas não tem uma cartilha para definir o que é ou não arte ou vandalismo. Até mesmo a prefeitura de São Paulo não sabe classificar a diferença entre uma pichação ou um grafite, afinal, quem mora na cidade deve lembrar-se do episódio em que funcionários da limpeza pública apagaram um dos painéis feito pela dupla de artistas Os Gêmeos.
Um belo embaraço, já que – para aqueles que não conhecem – a dupla de grafiteiros paulistas já foi tema de matérias no New York Times e, até mesmo, pintou a fachada do Tate Modern, o museu de arte moderna de Londres.
Outro que já foi vítima desta confusão artística foi Alexandre Orion. Adepto do reverse graffiti, o artista chegou a ser abordado pela polícia enquanto fazia um trabalho nas paredes do túnel Max Feffer. Como ele fazia? De um jeito muito simples! Com um pano molhado nas mãos, Orion ia limpando a sujeira das paredes do túnel, imprimindo um grande painel de caveiras. Não podemos nem dizer que ele estava vandalizando o túnel, afinal, ele estava limpando.
Já na Bélgica, o preconceito contra as artes urbanas é um pouco diferente e a sustentabilidade nesta área ganha até destaque.
Pelo menos foi o que aconteceu com o trabalho do artista belga De Invasie. Munido de uma lavadora de alta pressão como pincel e uma parede mofada como tela, De Invasie montou nos muros da Stuk, um famoso centro de artes, localizado no coração da cidade de Leuven, uma exposição a céu aberto.
Assim como Alexandre Orion, o De Invasie simplesmente limpou o muro com água reciclada (e sem nenhum tipo de produto químico) para imprimir sua arte, composta por robôs e seres humanos. Preciso dizer mais? Confira abaixo as fotos da obra e tire suas próprias conclusões. Em minha opinião, e reforço, humilde opinião, não poderia ter arte mais natural do que esta.
