Aqueles que são fãs do GNT já perceberam que o canal está passando por uma reformulação geral na identidade visual. As chamadas já ganharam nova paleta de cores, estilo e… lettering.
E hoje, meus amiguinhos, quero falar com vocês sobre lettering. Não, eu não vou dar aula sobre o que é lettering e nem dar dicas “espertas” sobre lettering. A minha discussão é um pouco mais profunda. Por que não temos tradição em tipografia? Por que, dentre os designers latinos americanos, a tipografia brasileira tem apenas um punhado de representante? Por que o GNT teve que buscar um argentino para fazer a nova identidade?
Eu concordo que algumas perguntas são “os sexos dos anjos” e outras são bem óbvias, mas vamos por partes. A ideia deste texto não é apenas expor uma ideia, mas fomentar uma discussão… então, queridos, vamos comentar!
Parte #1: A tradição brasileira dos designers na tipografia
Tipografia não é fácil. Criar uma família tipográfica não é tarefa para qualquer designer, já que muitos não sabem nem a importância dos tipos em um projeto gráfico. É o famoso “usa essa fonte porque ela é bonitinha”. Criar uma família de tipos então… nem se fala!
Tem a etapa do desenho à mão, depois a digitalização e, por fim, a finalização de um arquivo que possa ser usado como fonte. Um processo demorado, trabalhoso e complexo.
Infelizmente, vejo que nosso design passa pela mesma crise da sociedade brasileira: a ansiedade (tentei explicar um pouco aqui, mas esta ansiedade por si já dá um texto complexo, então deixarei para falar mais sobre ela em breve). Tudo é para ontem e nada é bem feito.
A arte… afinal, a tipografia é uma arte… deixa para depois!
Parte #2: Tipografia, lettering e outros pincéis.
Ok, já disse que para criar uma tipografia (ou lettering), existe um extenuante trabalho. São horas de trabalho, vários estudos e pincéis usados. Espero que neste ponto você já tenha entendido que este trabalho não é para qualquer um. Resumindo, é óbvio que exista um punhado de representante.
Parte #3: Designer estrangeiro, trabalho local – A polêmica
Calma, não vou redigir um texto xenofóbico. Muito menos condenar a Globosat por ter usado um designer argentino. Pelo contrário, a equipe do Andrés Rossi Studio é fantástica e fez um belíssimo trabalho. Mas estamos em um momento de crise (odeio esta palavra! Ela virou desculpa para tudo).
E a crise, nos traz oportunidades. Diversos designers estão à caça de freelas, estúdios estão com poucos jobs, ou seja, quem tem dinheiro na mão, consegue pechinchar. Será que saiu mais barato fazer a nova identidade na Argentina, do que em um Brasil em “crise”? O designer brasileiro está cobrando tão caro assim? Se a resposta for “sim”, precisamos rever nossa tabela de preços urgentemente, porque não estamos comparando o custo de vida do Brasil com EUA, mas com o dos nossos hermanos.
Vou contar um caso próprio. Há alguns meses, quando começamos a desenvolver uma nova plataforma para o Com limão, a ideia era trabalhar com desenvolvedores estrangeiros. Pelo simples fato de: programadores indianos eram mais baratos que brasileiros. Mas aí veio o dólar, o IOF do cartão e o jogo virou.
Virou para o bem. Para nós, hoje é mais vantajoso trabalhar com profissionais locais. Não importa se é argentino ou brasileiro, desde que esteja no Brasil.