Pessoas invisíveis. O termo parece descrever algo mágico, mas na verdade é usado para expor uma realidade desoladora. Falando o português claro, pessoas invisíveis são mendigos, moradores de rua, que vivem no limite do aceitável para um ser humano. Eles são ignorados por você, por mim, por nós. Por medo, nojo ou preconceito, estas pessoas passam despercebidas pela cidade.
Suas histórias muitas vezes são incríveis, mas decidimos ignorá-los. Quando tentamos descobrir um pouco sobre elas, nos deparamos com dramas e reviravoltas dignas de cinema. Já vi advogado que perdeu a família em acidente e, por isso, andava diariamente no meio de uma movimentada avenida de São Paulo. No meio mesmo! Entre os carros e na contramão. Nunca descobri se o objetivo dele era se suicidar.
Também já acompanhei o drama de uma jovem auditora da Receita Federal, que perdeu a mãe por causas naturais, teve um choque psicológico e ganhou amigos imaginários. Passou a viver na rua, pois a sua única tia embolsava a aposentadoria por invalidez dela.
A Fundação Arrels decidiu resgatar estas pessoas da invisibilidade e criou o projeto Homeless Font. Em colaboração com a agência The Cyranos McCann, de Barcelona, a fundação criou uma série de tipografias baseadas nas caligrafias destes moradores de rua.
No site Homelessfonts.org é possível ver a história de cada um dos donos das caligrafias e comprar a fonte (os preços variam de 19 a 290 Euros). Todo dinheiro arrecadado vai para a fundação, que ajuda cerca de 1400 pessoas. O projeto já tem pouco mais de um ano, mas segue dando frutos.
Uma forma diferente e humana de arrecadar dinheiro, mostrando que o design pode ser força motriz de projetos sociais.