Hoje, meus caros leitores e leitoras, não quero falar só sobre design. Vou falar sobre uma parte da minha vida que poucos conheciam, até a última sexta-feira. Há dois anos, meu pai foi diagnosticado com Mal de Parkinson. Lembro que o susto foi grande, afinal, a única coisa que vem à mente quando falamos desse distúrbio neurológico, são as mãos trêmulas. No entanto, assim como tantas outras doenças, a desinformação é grande. Você sabia que distúrbios de sono, alteração do olfato, constipação intestinal e depressão também são sintomas do Parkinson? Pois é…
Mas retornando a minha história e como ela se liga ao design, depois do diagnóstico inicial, aprendemos que a doença pode (e deve) se administrada. Para a neurologista Roberta Saba, colaboradora do Departamento de Neurologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a doença de Parkinson está longe de ser o vilão da saúde do brasileiro. “É natural o susto com o diagnóstico, principalmente por ser uma doença que ainda não tem cura, mas os tratamentos disponíveis auxiliam no controle dos sintomas e na melhora da qualidade de vida”, explica a médica. Segundo ela, há pacientes que convivem com a doença há 30 anos.
Este ano fui convidado para participar do Dia Mundial de Combate à Doença de Parkinson, que acontece hoje (11 de abril), apoiando o projeto #EscrevaParaLutar. Já costumo apoiar causas sociais, essa então… Não tinha como recusar.
O projeto #EscrevaParaLutar, da Roche, tem um objetivo bem simples, desmistificar o mal de Parkinson e levar informação para os além de 400 mil portadores da doença (muitos deles nem sabem que a possuem). Com a ajuda de um designer, transformaram a escrita de Sonia Cascino, portadora da doença, em uma fonte.
Sonia é ex-professora e sempre usou a escrita para ensinar. Mas devido ao preconceito foi afastada da sala de aula. Agora o objetivo é continuar usando a sua letra para ensinar sobre a doença, mas de um modo diferente. É aqui que eu preciso de vocês… Designers, vamos lá! Baixem a fonte no site da campanha e compartilhem. Vamos quebrar mais um preconceito da nossa sociedade. Lembrando que o Parkinson causa causar lentidão dos movimentos motores, tremores, rigidez e instabilidade muscular, mas não afeta o conhecimento, memória ou aprendizado.
Sonia conta que, ao ser diagnosticada com o distúrbio, sofreu com o diagnóstico e com os preconceitos na área profissional e pessoal. “As pessoas na escola começavam a me ver como inapta para minhas funções. Eu frequentava as aulas de dança russa e, após saberem da doença, acabavam me deixando de lado”, explica ela.
Segundo a neurologista, a evolução da doença, assim como a resposta ao tratamento, varia de paciente para paciente. “Quando falamos em doença de Parkinson, as pessoas já imaginam um cenário em que o paciente encontra-se dependente para realizar as atividades diárias, mas isso, quando ocorre, é nas fases mais avançadas da doença. Na realidade, há muitos pacientes que convivem com as dificuldades e com a progressão da doença de Parkinson adaptando sua rotina às dificuldades que porventura possam aparecer”.
Ah, e se você ficou curioso sobre o meu pai… Enquanto escrevia este texto, ele seguia sentado na minha frente, montando uma defesa para a audiência de amanhã, afinal, é isso que os advogados fazem, não?