O meio é de extrema importância para a mensagem. Não por acaso, ao longo dos anos, o avanço da mídia impressa, do rádio, da TV e, por último, da internet, provocou inúmeras mudanças na comunicação e no marketing. Agora, é a publicidade no metaverso que representa mais divisor de águas para o setor.
Mais do que elaborar campanhas e estratégias a serem implementadas neste ambiente virtual, as agências de publicidade também estão se estabelecendo no metaverso. Conforme destaca a reportagem do portal Meio & Mensagem, nomes como Havas, Wunderman Thompson, R/GA e até mesmo consultorias, como a Accenture, já abriram escritórios em diferentes plataformas do tipo.
E se há quem duvide da receptividade dos colaboradores a esse tipo de empreitada, exemplos como o da Media.Monks mostram que, para além de uma excentricidade, o metaverso pode ser necessário: no início da pandemia de 2020, frente a impossibilidade de trabalho presencial, a empresa passou a realizar reuniões nos jogos Grand Theft Auto V e Animal Crossing, tendo criado espaços virtuais também no Minecraft.
Naturalmente, como em toda grande e nova transição, as formas de fazê-la dividem opiniões. Para Lewis Smithingham, diretor de soluções criativas da Media.Monks, não basta replicar os espaços tradicionais no formato digital. Nesse sentido, o ideal seria explorar as possibilidades que esse “universo expandido”, digitalmente falando, oferece, criando oportunidades para agregá-lo e ter a rotina da empresa agregada por ele.
Por outro lado, tendo em vista que, além de ser um assunto novo, o metaverso tem a descentralização como um fator determinante, não haveria forma correta de fazer publicidade no metaverso, mas, ao menos por enquanto, pura experimentação.
Como exemplo, a própria Accenture, citada na matéria, decidiu explorar o assunto a partir de réplicas 1:1 de seus escritórios na Índia, Espanha e Califórnia. Segundo a reportagem, mais de 150 mil funcionários contratados este ano já tiveram contato com a iniciativa desde seu primeiro dia de trabalho.
Inclusive, os ambientes criados na AltspaceVR já são utilizados para recepcionar novos colaboradores, reuniões, treinamentos e eventos corporativos, além do bom e sempre constante networking.
Empresas se aventuram no metaverso porque é preciso conhecê-lo “na prática”
Além de criar uma baita repercussão em torno da marca – veja só este texto que você está lendo agora, por exemplo – a presença da publicidade no metaverso também tem um componente estratégico. Tal como quando surgem novas redes sociais, as agências “precisam” adentrar o metaverso para entenderem melhor seu funcionamento, e se prepararem para dominá-lo assim que o público geral também estiver nele.
Não por acaso, juntamente à sua inserção no metaverso, a francesa Havas criou o que chama de Metaverse by Havas, um braço de suas atividades de consultoria e criação para clientes que queiram embarcar na tendência desde já.
Publicidade no metaverso já é realidade para os clientes. Resta saber se também para as agências
Muito embora pareça disruptiva, a noção de que o setor de publicidade e comunicação precisa se adaptar o quanto antes ao metaverso é surpreendentemente lógica. Afinal, conforme apontado no início deste artigo, o meio é de extrema importância para a mensagem.
Mais do que isso, a história também já provou que, ao migrar para uma nova mídia ou formato, é fundamental utilizar seus atributos da melhor forma possível, ou seus competidores acabarão fazendo.
Dessa forma, o movimento das agências pode ser encarado também como uma reação às empresas e ao público, cujo interesse pelo assunto existe desde, pelo menos, o primeiro videogame de simulação.
Um exemplo disso é a marca de vestuário Vans, que vê no metaverso a melhor oportunidade de ampliar seu reconhecimento (brand awareness) em meio ao seu público-alvo.
Em novembro de 2021, a empresa lançou nada menos que um parque de skateboarding virtual, e que, até agora, já contou com mais de 48 milhões de visitantes únicos.
Num movimento parecido em março de 2021, a grife italiana, Gucci, lançou o par de tênis chamados The Gucci Virtual 25. Assim como o nome dá a entender, o acessório vendido a US$ 12.99 (aproximadamente R$ 62) só pode ser utilizado virtualmente, a partir da plataforma de Realidade Aumentada (AR) da própria Gucci ou, ainda, de aplicativos parceiros, como game o Roblox e o VRChat.
No final das contas, seja o par de tênis um sucesso ou não, a estratégia elaborada pela Gucci deu certo: a empresa não só embarcou como pioneira em um mercado em ascensão, como também abriu um novo ramo de negócios, o de artigos virtuais de luxo.
Em sua matéria sobre o assunto, a Forbes comenta de quais formas os negócios que estejam interessados podem ingressar no metaverso desde já. Inclusive, conforme explica a publicação, em razão da concorrência neste meio ainda ser baixa, executar uma campanha no metaverso pode ser um ótimo custo-benefício, isto é, considerando o potencial de retorno e conversão.
Neste ponto, vale ressaltar que há diversos tipos de eventos e mostras que podem ser realizados no metaverso, seja com o objetivo de venda, ou, por que não, apenas promoção da marca. Ainda assim, o desafio existe: além de exigir uma grande infraestrutura tecnológica, o fator “novidade” que envolve a publicidade no metaverso também requer novas estratégias, além de técnicas de medição e acompanhamento.
De todo modo, o desafio está dado: as empresas e pessoas já estão no metaverso, o que falta para o marketing se apoderar também desse mercado?