Blockchain e o caminho para a sustentabilidade
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Blockchain e o caminho para a sustentabilidade

Criptomoedas e blockchain são postuladas recorrentemente como um percalço no caminho para a sustentabilidade, ainda assim, é importante ratificar que a tecnologia, surgida na primeira década do século XX, hoje caminha para um futuro verde. As razões para esse futuro verde são vários avanços tecnológicos, mudanças radicais em determinadas blockchains e, ainda mais interessante, o modo o qual indivíduos passaram a utilizar a blockchain para medidas sustentáveis. Vamos entender de que modo a tecnologia blockchain e criptomoedas podem estar ao lado do desenvolvimento sustentável e deixarem de ser um oponente?


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O que faz a blockchain ser poluente?

As alegações de que a blockchain possui uma pegada de carbono muito grande se devem ao fato de que, para o sustento das duas maiores blockchains desse momento – Bitcoin e Ethereum – até então, elas fazem uso do sistema de proof-of-work, prova de trabalho. Tal sistema, por sua vez, depende do processamento de máquinas ultra potentes para solucionar grandes problemas matemáticos, em que os mineradores recebem, em troca desse gasto energético, criptomoedas. Como essas máquinas exigem muita energia, além de ficarem ligadas 24 horas, há uma alta emissão de carbono, já que uma parte considerável da energia provém de fontes insustentáveis, como queima de carvão mineral e petróleo. Existem dados que apontam, por exemplo, que o gasto de energia para uma transação na rede ethereum é comparável ao fornecimento de energia para uma casa americana por um dia. Ainda assim, o primeiro sinal positivo de que as emissões de carbono dessas redes são menores é o dado de que 57,7% da energia elétrica utilizada para a mineração de bitcoin, por exemplo, vem de fontes renováveis como eólica, solar e hidrelétrica. Não obstante, é ainda mais importante entender o que fará com que a blockchain consuma menos energia.

The Merge, o futuro da rede ethereum.

Seguindo para o lado mais verde da blockchain, proof-of-work não é o único meio de sustento de uma rede. Existe, por sua vez, a prova de participação, proof-of-stake, em que em vez de existir uma necessidade de disposição de máquinas para o sustento da blockchain, as próprias criptomoedas dessa rede, ao serem postas em stake – tal qual um cofre virtual –, se tornam os novos validadores da rede, e os usuários que fazem esse stake recebem recompensa. A prova de participação, por exemplo, já é utilizada em blockchains como Tezos e Solana, e uma transação nessas redes, por exemplo, possui emissão de carbono próxima a duas pesquisas no Google, um avanço altamente promissor para a tecnologia que um dia foi considerada como inimiga do meio ambiente.

Leia também: Qual a diferença entre Bitcoin, Ethereum e altcoins?

A mudança positiva, então, é o fato de que a rede ethereum, hoje a segunda maior criptomoeda do mercado e líder nas transações de NFTs, está se preparando para uma atualização que levará seus sistemas para a prova de participação, reduzindo seu gasto de energia para 99% menos do que o corrente neste momento. Além dessa atualização para proof-of-stake, com a tecnologia chamada de beacon chain, a rede ethereum passará a usar sistemas chamados de shards, os quais permitem um número ainda maior de transações por segundo na rede; afinal, em vez de uma única rede blockchain, os shards são cadeias menores, e para processar informações da cadeia, por exemplo, o usuário processará informações apenas do seu shard específico e não da rede completa. Com isso, a rede ethereum se tornará mais eficiente, com mais transações por minuto e consumo energético muito menor.

Além da tecnologia, os próprios indivíduos agora aplicam a blockchain para projetos sustentáveis.

Por último, é crucial demonstrar que além da tecnologia em si ter avançado para um caminho mais sustentável, quando olhamos para o modo que os indivíduos e criadores usam a blockchain, vemos inúmeras soluções que fazem uso da blockchain para promover a sustentabilidade. Um ótimo exemplo disso é o token da MOSS, empresa que criou um sistema de tokenização de créditos de carbono no qual cada token equivale a um crédito de carbono, facilitando a compensação de carbono tanto de indivíduos como de empresas. Ainda além, o projeto não só promove a compensação de carbono facilitada, como também incentiva projetos sustentáveis na floresta amazônica, ratificando a aliança entre sustentabilidade e blockchain.

Se você não faz ideia do que estou falando, em março de 2021 conversei com Luis Felipe Adaime, CEO e fundador da Moss, para o podcast do InovaSocial. Em pouco mais de 40 minutos, Adaime explica o que é crédito de carbono e as possibilidades deste mercado de “tokens verdes”. Ouça abaixo!

Outro exemplo interessante de uso da blockchain para a sustentabilidade são projetos de NFT sustentáveis, que fazem uso da tecnologia interessantíssima dos tokens não fungíveis e convertem parte dos seus valores arrecadados para iniciativas sociais e sustentáveis. Como exemplo disso existem os projetos CryptoTrunks e Fishy Fam; o primeiro trouxe uma ótima iniciativa de fazer a compensação de carbono não só das NFTs que iriam emitir como também de cada carteira dos indivíduos que queriam possuir uma CryptoTrunk, em que em alguns meses alcançaram a marca de carbono negativo ao retirarem 5.200.000 kg de carbono da atmosfera. E o outro, Fishy Fam, arrecadou fundos para a limpeza dos oceanos, além de promover encontros de alguns dos proprietários dos NFTs para limparem praias dos Estados Unidos.

O futuro da blockchain é verde!

Com tudo isso, fica claro por que é possível afirmar que a blockchain tem um futuro verde à frente, afinal não apenas a tecnologia, por si só, já se atualiza para ter uma emissão de carbono ainda menor, como também grandes empresas e até projetos da própria comunidade passaram a utilizar a blockchain para promover iniciativas sustentáveis. É interessante observar, também, que a blockchain nada mais é do que uma ferramenta que pode ser utilizada para diferentes objetivos, e como uma tecnologia nova é muito claro que está em nossas mãos definir o futuro dessa ferramenta e para qual fim será utilizada, trabalhemos então para manter a blockchain no caminho da sustentabilidade.

Créditos: Imagem Destaque – Bogdan Irofte/Shutterstock

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