Meta anuncia tradutor universal para mais de 200 idiomas
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Meta está desenvolvendo tradutor universal com suporte para até 200 idiomas

A linguagem é uma das ferramentas mais poderosas do mundo e, talvez por isso, seja capaz de construir muros ou pontes como nenhuma outra, cabendo a nós decidir em qual desses objetivos iremos aplicá-la. Não por acaso, no último dia 06 de julho, a Meta apresentou uma grande novidade em seu projeto de tradutor universal, uma IA que pretende traduzir, de forma bastante precisa, mais de 200 idiomas.

Batizado como No Language Left Behind, ou “Nenhum idioma deixado para trás”, a iniciativa envolve a criação de um modelo que permita traduzir os conteúdos presentes no Facebook e no Instagram. No entanto, até a Meta percebeu que seria uma subutilização da ferramenta, e decidiu abrir seu código para que mais desenvolvedores possam trabalhar com a ideia.

Conforme dito no início da matéria, a linguagem é um mecanismo especialmente interessante em contextos globalizados como o atual. Por isso, incrementar o sistema de tradução vigente pode ser fundamental para que a Meta compreenda melhor seus usuários, bem como para melhorar as ferramentas de publicidade da plataforma.

Mais do que isso, a linguagem pode ser um diferencial e tanto no metaverso que a empresa pretende construir.

Mas como funciona a nova ferramenta de tradução universal da Meta?

Batizado de NLLB-200, o mecanismo da Meta busca melhorar especialmente as traduções de idiomas pouco conhecidos, como o zulu, guarani e os falados por tribos africanas. Isso porque no caso de línguas “populares”, como o francês e o italiano, os modelos atuais já são capazes de alcançar uma precisão bastante satisfatória.

Aqui, vale ressaltar, que a qualidade de uma tradução está intimamente ligada à capacidade dessa transcrever, num idioma diferente do de origem, todas as expressões que determinada fala carrega – inclusive aquelas que estão implícitas e dependem de componentes contextuais e culturais para serem compreendidas.

Ou seja, no caso de idiomas pouco falados, ou falados por grupos normalmente esquecidos, trata-se de um desafio especialmente complexo. Ainda assim, a ambição do projeto é incluir até mesmo as linguagens com menos de 1 milhão de parâmetros publicamente conhecidos, o que, no caso, são os pares de sentenças utilizados para estabelecer relação entre um idioma e outro.

No caso do projeto como um todo, Mark Zuckerberg, no post em que anunciou a iniciativa, afirmou que são mais de 50 bilhões de parâmetros, treinados utilizando os novos supercomputadores de IA desenvolvidos pela empresa. Considerado um dos sistemas mais poderosos do mundo, se não o mais poderoso, o novo Research SuperCluster, como é chamado, deve produzir mais de 25 bilhões de traduções todos os dias, afirma o CEO.

Aqui, vale ressaltar que as traduções não dizem respeito apenas à interface dos aplicativos, envolvendo, sobretudo, os comentários, legendas de publicações e status.

E por que é tão difícil construir um tradutor universal?

Entre seres humanos, a tradução de um idioma para outro, até mesmo quando se trata de uma linguagem pouco conhecida, não costuma gerar grandes problemas. No caso da tradução automática, entretanto, a máquina não é capaz de refletir sobre aquilo que está falando, o que limita consideravelmente a sua capacidade de tradução.

Conforme bem nota o The Verge, um exemplo clássico desse tipo de erro ocorreu com o próprio Facebook. Em 2017, a ferramenta de tradução automática da rede social transcreveu o “bom dia” de um homem paquistanês como “machuquem eles”, causando a sua prisão pela polícia israelense. À época, a rede social pediu desculpas pelo ocorrido.

Assim, a fim de garantir que seu novo tradutor universal seja o mais abrangente, mas também o mais preciso possível, a Meta criou uma forma de avaliar a qualidade da tradução. Para isso, o sistema testa 3001 pares de sentenças de cada idioma compatível com a ferramenta, comparando as traduções feitas pela IA e por tradutores que também são falantes nativos de cada um dos idiomas.

A partir da comparação entre ambos, é possível estabelecer uma espécie de pontuação, que avalia o desempenho da Inteligência Artificial em cada tradução.

Apesar de impressionante, especialistas apontam que a análise de 3001 pares de sentenças em cada idioma, muito embora seja feita com base nas traduções realizadas por seres humanos, continua muito rasa para garantir que as demais traduções conduzidas pela IA serão fidedignas.

No entanto, ninguém nega a ambição do projeto em incluir até mesmo os idiomas menos conhecidos e estudados.

Apesar de não ser perfeito, tradutor universal da Meta deve ser melhor do que as tecnologias atuais

Por fim, é importante ressaltar que o projeto não busca ser o tradutor mais abrangente do mundo ou o mais preciso, e sim os dois ao mesmo tempo. Com isso, é possível ter uma ideia melhor daquilo que a Meta pretende construir, já que o objetivo não se restringe à tradução confiável dos idiomas suportados, mas também inclui fazer isso com uma série de linguagens que sequer é considerada pelos modelos atuais.

No caso do Google Tradutor, talvez o tradutor online mais conhecido do mundo, são suportados 133 idiomas, a maioria deles com uma pontuação BLEU acima de 50. Funcionando como uma espécie de padrão de qualidade para as traduções, o número BLEU indica o quão fidedigna é a tradução de um idioma para o inglês, usado como base, além de considerar o caminho inverso – a tradução de um termo em inglês para o idioma desejado.

No caso do tradutor universal em desenvolvimento pela Meta, o objetivo é suportar algo em torno de 200 idiomas, um número consideravelmente maior que o suportado hoje pela ferramenta do Google, e com uma média de 30 pontos BLEU.

Ou seja, não se trata do tradutor mais fidedigno nem mesmo em comparação com os sistemas disponíveis atualmente. Contudo, ao adicionar o “universal” neste combo, buscando incluir até mesmo os idiomas esquecidos na conta, a ferramenta da Meta certamente será um marco da inclusão digital.

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