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Carta aberta às mulheres

Para ouvir ao som de What it feels like for a girl, da Madonna. Esta música da Madonna me intui sobre o que pode ser o retrato da essência feminina. E a letra diz algo…

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Para ouvir ao som de What it feels like for a girl, da Madonna. Esta música da Madonna me intui sobre o que pode ser o retrato da essência feminina. E a letra diz algo como:

“Cabelos que se enrolam
Nas pontas dos dedos tão delicadamente, baby
Mãos que descansam sobre o quadril
arrependendo-se
Mágoas que não deveriam ser mostradas
E lágrimas que caem
Quando ninguém sabe”

Isso me faz imaginar como pode ser complicado ser uma garota hoje em dia: ter que lidar com uma sociedade baseada em conceitos machistas, na qual o cara pegador da balada é o garanhão e a menina que utiliza o mesmo senso de liberdade é injustamente tratada como piranha. E como seres tão delicados, dotados de extrema inteligência são obrigados a conviver com um mercado de trabalho que privilegia executivos homens, em termos de oportunidades e condições salariais ou ainda como estas mulheres tem o trabalho árduo de formação e educação dos filhos, tarefa muitas vezes solitária uma vez que alguns homens não são capazes de fazê-lo ou tem a mais pura preguiça.

Curioso ainda notar que, na semana em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, o debate nacional em vigor é sobre uma menina (precocemente tornada mulher) de 09 anos repreendida pela Igreja por conta de um aborto, fruto de violência doméstica e social. Uma menina que já enfrenta uma barra digna de uma mulher adulta, deparando-se com uma situação tão delicada e tão estupidamente questionada por uma instituição que condena o aborto, mas cala-se diante do estupro.

Não há aqui um ataque à Igreja ou um manifesto a favor do aborto: todos estes elementos hard core que envolvem o universo feminino aqui estão apenas para mostrar o quanto uma mulher pode ser forte, sagrada e dotada de uma luz que nós homens não somos capazes de enxergar, mediante situações difíceis que o “sexo frágil” é submetido graças à uma sociedade deturpada e estúpida. Não falo de uma luzinha fraca, turva, de uma lâmpada. Falo de um clarão, de uma luz tão forte que está dentro do coração feminino que transforma a noite mais escura na manhã mais bonita. Nós não podemos entender, mas elas sabem como ninguém o que isto é.

E longe de entrar no chavão batido sobre “o dia da mulher é todos os dias”, dirijo minhas palavras às mulheres para que possam saber – definitivamente – o quanto tornam o planeta um lugar melhor para vivermos.

São elas que trazem aos dias cinzentos mais cores, transmitem amor de forma doce e fazem do silêncio, muitas vezes, sua verdade. Que possam hoje, amanhã e depois e depois e depois ter consciência de seu poder inquestionável e de toda a beleza magnânima que trazem em seus corações, mentes, corpos, almas e gestos.



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