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Parabéns para você nunca mais!

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Este post é um manifesto. Manifesto contra constrangimento. Manifesto contra situações em que você fica sem graça, paga mico e não pode nem contestar. É um manifesto contra a repressão social, que as pessoas encobrem usando o nome de tradição.

Todos nós passamos por momentos assim, não muito agradáveis, em que fazemos de tudo para esquecer, apagar a lembrança da memória, feito um carpete limpo com aquele treco chamado vassoura mágica. E acredita que, quando pequena, minha sobrinha perguntou para minha irmã se ela era bruxa? Motivo, ela viu em cima do guarda-roupa uma caixa com a inscrição mística: “Vassoura Mágica”. Rsrsrs! Foi o momento Maisa da minha sobrinha. E minha mãe me disse que, quando pequeno, eu era uma espécie de Maisa de calças, skate debaixo do braço e kichute. Mães também podem ser ultrajantes. Deixa pra lá.

Voltemos aos constrangimentos sociais. São eventos que acontecem alheios a nossa vontade, muitas vezes por meio de mal entendidos, de forma aleatória. Isso mesmo, eu escrevi ALEATÓRIA, não programada, não prevista, não imposta.

E agora eu tomo a palavra para direcioná-la a todas as pessoas que gostam de mim: amigos, parentes, colegas e até mesmo aquelas tias sem graça que aparecem em casa uma vez por ano, comem bolo feito porcas e não lava um, unzinho prato sequer: por favor, eu imploro, parem de cantar Parabéns Para Você no meu aniversário!

É sério, galera. Eu não agüento mais. E suponho que não tenho passado por taaantos Parabéns Para Você assim. Esse momento anual, ritual de passagem de mais um ano de vida, representado por um versinho cantado em coro, é algo mais vergonha alheia, mais constrangedor e sem graça que já passei. E olha que não estou nem citando aquela escorregada que levei na escada da empresa aquele dia, hein? Caí feito uma mexerica bêbada do pé.

Antes que os defensores da cantiga tradicional me ataquem, eu explico: eu não sei o que fazer quando começa. É como se o tempo parasse, aquelas frases jocosas soassem em meu cérebro feito facas pontudas. Eu não sei para quem olhar, o que fazer com as mãos, se eu danço, se eu sorrio, se canto junto, se grito “parem, pelo amor de Deus”, para quem da roda sanguinária e desafinada eu olho, bato palmas sincopadas ou não, se dou uma piscadela…um horror!

Isso é o suficiente para desestabilizar meu equilíbrio emocional se parar por aí. Se alguém mais afoito ou sem noção começa com o temido “Com quem será…” ou “O Fulano faz anos” eu não respondo por mim. Ainda bem que ninguém nunca me pediu esse barato ultrajante de “Discurso”. Discurso pra que? É mais um ano de vida, não uma posse de cargo público por meio de voto constitucional e secreto. Juro que se, em algum ano alguém começar a gritar “Discurso, Discurso” eu vou responder de forma bem enfática: “Saiam todos daqui e me deixem sozinho com o bolo inteiro AGORA!” Juro que faço. E conto depois para vocês.

E me parece que as pessoas não respeitam minha desaprovação pública em relação a esta esquizofrenia cantada. Mesmo que você faça uma cara meio torta ou demonstre não gostar da musiquinha chata e até mesmo diga às claras que não se interessa pelo raio dos Parabéns, o povo começa a cantar, alheio a sua vontade. Resumindo: goste ou não, essa prática vergonhosa vai acontecer sempre, todos os anos e não adianta reclamar. Além de ficar um ano mais velho, ganhar meias verdes ridículas, cuecas do Super-Homem que já não cabem em você e aquele perfume agridoce que você não usará nunca, é obrigado a passar por isso sem chance de recorrer legalmente? Ah, por favor!

Se não dá pra evitar tal momento, vamos então inovar, minha gente. Eu sugiro substituir o Parabéns Para Você (música tão desengonçada que nem o compositor teve coragem de assumir a autoria e registrar nos órgãos competentes, ele deve ter visto a merda que inventou e ficou com medo de apanhar das vítimas de sua invenção) por Just Dance, da Lady Gaga. Escolho o hit apenas para ver as caras das tias comedoras de bolo chocadas no verso: “I love this record baby, but I can´t see straight anymore”. Algo memorável.

Mas como ninguém é obrigado a saber cantar em inglês, eu topo “Festa no Apê”, do Latino. E se estiver todo mundo meio alto, com hormônios correndo na velocidade da luz, eu até aceito que cantem “Crééééu”. Pelo menos, para estas duas últimas, eu sei a coreografia.

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