É um sentimento estranho e pode até ser considerado coisa de fanático, mas sabe quando você vai no cinema, vê um filme e gosta muito, sentindo que nele tem paixão? Sente que na produção daquilo houveram brigas por culpa de imposições e que alguém hasteou uma bandeira e seguiu sua estrada de tijolos amarelos, por mais que o vento soprasse ao contrário? Todos sabem que existem bons filmes saídos quentinhos do forno de Hollywood, mas aquele gostinho doce e salgado inexplicável de bolo de fubá, que só vem de alguns filmes, acredite, existe também nos jogos eletrônicos. Normalmente os “games” que tem essa característica tornam-se clássicos. E se não viram clássicos, viram cult (É! Eles existem!). Irei exemplificar de maneira simples.
Quem não conhece o nosso amado “Tetris”? O jogo que projetou as vendas do “GameBoy tijolão” no final dos anos 80 para as alturas, foi criado pelo então russo-soviético Alexey Pejitnov em suas horas ociosas de trabalho em seu computador Elektronika 60. Pelo advento do socialismo, a Nintendo pegou o jogo e patenteou no mundo capitalista e Alexey não ganhou nenhum centavo por isso. Mas alguém sabe o que ele falou quando a Cortina-de-Ferro caiu e um homem lhe disse que ele podia pedir o que quisesse, pois tinha inventado a maior mania do entretenimento das últimas décadas? “Ah. Não quero nada. Quero que as pessoas joguem Tetris”.
Vindo para os dias mais atuais, existe um tal jogo chamado Max Payne, que entra na categoria dos cults. Com uma história profunda, um design de fases muito bom e uma dublagem espetacular (e uma droga de filme), nem dá pra perceber que os atores participantes das “Graphic Novels” presentes entre as fases são, na verdade, os programadores e designers trabalhadores. Sem contar que o valentão do Max Payne é ninguém mais que o roteirista, Sam Lake.
Que os jogos eletrônicos fazem parte de uma indústria, isso é inegável. Mas alguns jogos se sobressaem no sentido supracitado, mesmo fazendo parte de uma mega empresa. Ainda bem que existem jogos como “Metal Gear Solid 4”, “Super Mario Galaxy” e “Mirror Edge”, pois isso são pessoas como Hideo Kojima, por exemplo, inspirando criadores independentes a fazerem jogo, mesmo que em flash, com muito mais gostinho de fubá.