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Diário de um designer: A realidade baseada na ficção

O relógio marca 18:05 de uma quarta-feira quente e seca. Thiago, designer de uma grande agência, já não aguenta mais o barulho do escritório, mas segue absorto trabalhando em um layout no Photoshop. Com fone de ouvido e rock em alto volume, ele só quer terminar aquele anúncio e partir para casa. Alguns metros dali, Roberta termina seu quinto cigarro do dia. Ela é redatora e não consegue achar a frase de efeito que o cliente tanto quer. Não sabe se o bloqueio criativo é por causa do chefe sexista, que passa o dia rindo alto e fazendo comentários raivosos, ou a preocupação com as contas. Afinal, faz um ano que trocou Itupeva por São Paulo, divide apartamento com uma amiga e seu salário de R$ 2730,60 não dá para muita coisa. Até recebeu uma proposta melhor, mas a outra agência queria que fosse PJ. Pelo menos aqui tem vale refeição e fruta grátis.

No banheiro, Carlos escuta alguns barulhos diferentes. Percebe que o “Mídia bombado” está transando com a assistente de criação. Decide fotografar escondido, afinal, será uma grande fofoca para as próximas semanas. Ele é estagiário e cursa o terceiro semestre de Publicidade em uma faculdade particular. Escolheu a carreira porque gostava de pintar esculturas com tinta spray, enquanto “discute sobre a vida e o universo” com alguns amigos. A avó não gostava das pinturas. Vivia dizendo para ele que a tinta dava alergia e deixava seus olhos vermelhos.

O tempo parece que anda devagar. Pelo menos é isso que Camila sente na sala de reunião. Está caindo de sono porque passou a noite estudando Marketing, Kotler e 4Ps. Enquanto alguns se divertem, outros atendem naquele cubículo colorido com bolachas Oreo e café Nespresso. O dono da agência já havia alertado, só deveriam ser servidos para “clientes top”.

Mas Camila sabe que não é só ela que sofre de insônia forçada. O Espanhol, coordenador do planejamento, dormia de olhos abertos. Tinha participado de uma balada sinistra na noite anterior. Para ele, o cliente mais parece a “professora do Charlie Brown” falando. Tudo bem! De qualquer forma, ele mandaria um e-mail perguntando tudo sobre a reunião. Segundo ele, era para confirmar e deixar todo mundo na “mesma página”.

Quarenta minutos já se passaram e Thiago termina o layout, fecha o arquivo e manda o .jpg para o cliente. Pronto! Trabalho finalizado e ele dá graças a Deus por sair cedo da agência. O trem provavelmente estará cheio, o ônibus vai ficar parado no trânsito, mas ele estará a caminho de casa. Saindo agora, dá tempo de chegar para ver o jogo do Brasileirão.

Desliga o computador, pega a carteira e, ao passar pelos corredores da agência, percebe que o expediente acabou cedo. Um milagre! Só sobrou o dono. Um cara com pouco mais de 30 anos, alguma experiência no mercado. Ele também vai embora, mas antes… toma o terceiro Gardenal do dia e cola um post-it no computador do designer: “Passe no RH. Desculpa, culpa da crise! ” (Continua… ou não)

*Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real é mera coincidência. Se você se identificou com esta realidade, talvez seja a hora de trocar de vida. 

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