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O Facebook não vai morrer, mas 2018 será estressante para Zuckerberg

A verdade precisa ser dita, 2018 não é o ano do Facebook. Pelo menos os sinais não parecem tão promissores, mesmo com Zuckerberg anunciando que faria o seu trabalho e melhoraria a rede, faltou combinar com o público, com as marcas e com alguns executivos da empresa.

Começando pelas marcas, que são a força motriz da plataforma (há anos o público não é o foco do Facebook, apesar deles sempre falarem o oposto), alguns grandes anunciantes já ensaiam uma debandada da plataforma. O mais novo rumor, de acordo com a CNN, é que, na próxima segunda (19), a Unilever pode dar um ultimato no Facebook e outras plataformas digitais.

O canal afirmou que teve acesso a um discurso onde Keith Weed, CMO da empresa, afirma que “não podemos continuar sustentando uma cadeia de suprimentos digital que, às vezes, é um pouco melhor do que um pântano em termos de transparência”. Se a Unilever retirar a sua verba do Facebook, o impacto será considerável, visto que a marca investiu mais de R$ 3 bilhões em publicidade digital no ano passado.

No mercado brasileiro, um dos mais importantes para o Facebook, a Folha anunciou no começo de fevereiro (08) que estava de saída da plataforma. Só o perfil @folha acumula quase 6 milhões de seguidores, sem contar os canais de nicho, como Folha Esporte, Folha Cotidiano, Folha Turismo e outros.

A síndrome da marca invencível, muito comum entre marcas que lideram absolutas um mercado e também conhecida como prepotência, parece ter atingido não só as estratégias do Facebook, mas alguns executivos da empresa. Durante o Code Media, na Califórnia, a ex-âncora da CNN e atual responsável por parcerias com veículos de imprensa, Campbell Brown, foi questionada sobre a estratégia da Folha. Segundo ela, “meu trabalho é garantir que existam notícias de qualidade dentro do Facebook e publicações que queiram estar no Facebook”.

Ela continuou “se alguém sentir que esta não é a plataforma certa para eles, eles não deveriam estar no Facebook. Meu trabalho não é fazer a imprensa feliz”. Uma belíssima (e esperta) declaração de quem é responsável por PARCERIAS com veículos de imprensa. A executiva também explicou que o Facebook vai identificar quais veículos de imprensa os usuários confiam por meio de uma pesquisa (WHAT!?).

Essa debandada em massa talvez tenha uma certa justificativa, o público. O próprio Zuckerberg anunciou em janeiro (31), que as pessoas têm passado menos tempo no Facebook e viu as ações da empresa caírem. De acordo com ele, as últimas mudanças no Facebook fizeram com perdessem 50 milhões de horas de consumo por dia. O anúncio ainda mostrou que a plataforma perdeu 1 milhão de usuários ativos por dia nos EUA e Canadá.

Pra piorar, a situação é um pouco diferente na previsão da eMarketer. De acordo com a consultoria, o Facebook perdeu 2.8 milhões de usuários com menos de 25 anos em 2017, ou seja, o público do Facebook está ficando mais velho e o conteúdo da plataforma não está agradando os mais jovens. A eMarketer afirmou que a situação não deve melhorar. A previsão é que a plataforma perca, em 2018, mais 2.1 milhões de usuários norte-americanos com menos de 25 anos. A única boa notícia (para Zuckerberg) é que o público jovem está migrando para o Instagram e a base do aplicativo deve aumentar 13% no mercado americano.

Tenho algumas opiniões pessoais sobre o Facebook e os fatores para a queda do gigante são diversas, mas, na minha humilde opinião, o maior problema da plataforma está no pedestal em que se colocou. Não sei se percebeu, mas durante todo o texto, tive o cuidado de não chamar o Facebook de rede social.

Por que? A resposta é simples, o Facebook já não é uma rede social há anos, eles só esqueceram deste detalhe (e nós também!).

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