O MacBook Pro de 16 polegadas é mais uma demonstração da Apple de que está de olho nos consumidores mais exigentes. Dois mil e dezenove foi o ano “Profissional” da empresa de Cupertino, com os iPhones 11 Pro, o Mac Pro, o Pro Display XDR e agora já em 2020, a quarta geração do iPad Pro com scanner LiDAR e Magic Keyboard.
Falando em teclado, o MacBook Pro 2019 de 16 polegadas começa a jornada de ‘mea culpa’ da Apple em relação aos seus notebooks e teclados com mecanismo borboleta. Isso agora é quase coisa do passado, já que o modelo de 16 polegadas substitui o de 15 e traz o Magic Keyboard com teclas com o tradicional mecanismo de tesoura e que também já foi implementado no novo MacBook Air. Só falta agora o MacBook Pro de 13 polegadas. Ainda há muito mais o que falar deste MacBook Pro que foi anunciado no final do ano passado e chegou ao Brasil em fevereiro de 2020, com preços a partir de R$ 24.099,00.
Design: Uma tradição Apple
O MacBook Pro de 16 polegadas é o primeiro modelo da empresa com esse tamanho de tela. Com uma carcaça parecida com a do modelo anterior, de 15 polegadas, a Apple diminuiu as bordas do display e manteve, de resto, o design que adota há alguns anos.
A tela IPS é realmente bonita. Com 500 bits de brilho e ampla tonalidade de cores P3, você garante um bom uso do computador em qualquer ambiente – dentro e fora de casa ou do escritório – e tem a precisão necessária para editar fotos e vídeos. Para os momentos de lazer, a tela do MacBook Pro de 16 polegadas é mais do que convidativa para um Apple TV+ and chill – que você ganha um ano gratuito pela compra deste computador.
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Por mais interessante que seja assistir um conteúdo original da empresa nos novos iPhones ou em uma TV 4K, o MacBook traz uma experiência imersiva graças aos seis excelentes alto-falantes e suporte à tecnologia Dolby Atmos. Mais uma vez, o display é um dos melhores do mercado.
O teclado do MacBook Pro de 16 polegadas traz de volta o mecanismo tesoura, com uma sensação real de digitação, além de evitar a dor de cabeça dos outros modelos com teclas que paravam de funcionar ou que repetiam com um toque. As teclas também são mais silenciosas e com duas alterações: agora as setas são em um “T” invertido, o que ajuda bastante, e o ESC é físico novamente. A TouchBar, portanto, fica “menor” entre a tecla ESC física e o sensor de impressão digital, o Touch ID, protegido pelo chip T2 de segurança da empresa.
Ainda falando da TouchBar, a barra sensível ao toque traz um misto de usabilidade e confusão. É muito interessante usá-la para procurar emojis no WhatsApp ou no iMessage, mas é provável que você só a use para isso e para ajustar o brilho e o volume. Um dos motivos é o trackpad do notebook, que é de dar inveja em qualquer outro modelo de outras fabricantes. Do tamanho de um iPhone 11 Pro Max, é possível tocar em todas as extremidades dele e graças ao ForceTouch, também dá para pré-visualizar conteúdos e Live Photos.
Sobre a usabilidade do MacBook Pro: ele não cabe em todas as bolsas e com certeza você sentira o peso dos 2 kg na mochila. Não é o notebook mais pesado da categoria e nem o mais leve. Também é um computador que te marca nos pulsos, dependendo do jeito que você digita, você pode ficar com uma marquinha o que gera um certo desconforto. É o preço da beleza.
Hardware e software
O MacBook Pro de 16 polegadas pode ser uma besta de processamento, com configurações indo até um chip Intel Core I9 de nona geração de oito núcleos com Turbo Boost até 5,0 GHz, 8 TB de armazenamento interno em SSD, 64 GB de RAM, chip gráfico AMD Radeon Pro 5500M com memória GDDR6 de 8 GB e uma placa Intel UHD Graphics 630.
O modelo cedido pela Apple para testes foi um com processador de nona geração Intel Core I9 de oito núcleos com Turbo Boost até 4,8 GHz, 16 GB de RAM, um chip gráfico AMD Radeon Pro 5500M com 4 GB e 1 TB de armazenamento interno em SSD.
De acordo com a empresa, este é o notebook “Pro definitivo” ou “o melhor para os melhores” e foi feito para cientistas, editores de imagem, engenheiros e quem mais precisar de especificações parrudas. Não é exagero dizer que essa máquina lida bem com os principais editores de foto e vídeo e que trabalhar com gravações 4K parece coisa simples.
Para garantir esse desempenho, a Apple teve que mudar o sistema de resfriamento do computador, que funciona quase 30% melhor do que o último versão do MacBook Pro de 15 polegadas. Mesmo assim, por se tratar de um corpo de alumínio é normal que depois de um tempo de uso ele fique mais quente. Para tarefas do dia a dia, o MacBook é extremamente silencioso e é necessário colocar bastante esforço para se fazer ouvir as ventoinhas trabalhando.
Se a Apple acertou em cheio no hardware, o macOS Catalina por sua vez está longe de ser perfeito. É normal deixar o computador em repouso e ao abri-lo, perceber que ele foi reiniciado por um erro. Algumas aplicações nativas muitas vezes travam ou agem de maneira mais lenta que o normal.
O macOS Catalina é o sistema que “matou” o iTunes, separando a experiência de consumir vídeos e músicas em outros aplicativos. Também é o Catalina que traz o Sidecar, fazendo o iPad funcionar como um segundo monitor do Mac.
Fora isso, era para o sistema operacional trazer uma experiência mais redonda da versão anterior, o macOS Mojave, o que não aconteceu.
Para quem está acostumado a focar mais no uso do iPhone e do iPad Pro, é estranho ver como alguns aplicativos parecem vazios demais. Boa parte das gracinhas do iMessage não estão disponíveis e o Music, TV e Podcasts estão com espaço subaproveitado. No momento, dá para dizer que este é o melhor MacBook, apesar do sistema.
Câmera
Se não fosse por uma situação de pandemia do novo coronavírus, a câmera não seria nem uma seção na análise do MacBook Pro de 16 polegadas, no máximo uma pequena reclamação, mas a verdade é que a Apple peca e muito em colocar uma lente de FaceTime HD em um notebook que começa em R$ 24.099,00.
Enquanto os componentes internos evoluem e chegam até a exceder a necessidade dos usuários, a câmera de 720p do MacBook Pro parou no tempo. Fazer uma ligação no FaceTime é quase vergonhoso, principalmente se envolve uma situação de trabalho. Falar com os familiares e amigos também não é uma experiência agradável.
Se por um lado a Apple apostou em três microfones para uma experiência de voz bem acima da média de outros notebooks, a empresa compete com a média ruim em relação a câmera. Para não sofrer tanto, é preciso bastante luz e que a pessoa do outro lado use o dispositivo na horizontal, pois na vertical a câmera do Mac dá um zoom estranho no rosto.
Bateria e Conexões
Por sua vez, a bateria do MacBook Pro de 16 polegadas é de 100 watts/hora, o limite permitido por boa parte dos órgãos de aviação do mundo. E não é para menos. Para aguentar todo o poder de processamento e o brilho da tela, a bateria precisa ser gigante.
A Apple fala em até 11 horas de navegação em rede sem fio e até 12 horas de reprodução de vídeo no app Apple TV, mas entre as abas do Safari, uso constante do Apple Music e mais alguns apps nativos abertos, dá para ficar entre 6h30-8h com ele longe da tomada.
Em dois meses usando para o trabalho em redes sociais e publicação de matérias, é normal precisar colocar o Mac para carregar durante o expediente.
O carregador é de 96W e usa USB-C. E importante: caso a bateria deste Mac chegue a 0%, apenas o carregador dele consegue dar aquela carga inicial para que você consiga usá-lo normalmente, não adianta usar o de outro modelo.
Não menos importante, mas com um peso de polêmica menor, é importante dizer que o MacBook Pro vem com quatro portas Thunderbolt. Por ser uma máquina para uso profissional e já estarmos em 2020, não acho um problema depender do AirDrop ou de acessórios caso seja necessários espetar um periférico, mas é claro, dependendo do seu uso, alguns adaptadores serão mais do que necessários para uma experiência completa.
Considerações finais
O MacBook Pro de 16 polegadas é um daqueles produtos da Apple que acertam em cheio e você pode configurá-lo – na hora da compra – da maneira que for te servir melhor. Edição de vídeo in loco? Hora de dar um upgrade no armazenamento interno. Trabalha com vários programas ao mesmo tempo? Pode colocar mais RAM.
Com o aumento do dólar, este computador ficou mais caro do que quando foi originalmente lançado no Brasil e começa agora em R$ 24.099,00 (US$ 2.399). O modelo que utilizamos para testes chega aos R$ 28.099,00 (US$ 2.799).
Este MacBook Pro traz de volta a experiência profissional que os usuários vinham pedindo há anos. Apesar do software, que pode ser corrigido com atualizações, este computador promete durar anos a fios misturando uma excelente experiência de trabalho e também de lazer.
Para quem está atrás de um MacBook para tarefas cotidianas como e-mail, redes sociais e quer portabilidade, o MacBook Air é a escolha ideal, já que conta com o teclado atualizado. O MacBook Pro de 13 polegadas, por sua vez, vale a pena esperar mais um pouco até a Apple trocar o mecanismo borboleta pelo de tesoura.