Como as cores afetam a maneira como você pensa
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Como As Cores Afetam A Maneira Como Você Pensa

Ninguém duvida da influência exercida pelas cores sobre as nossas emoções. Em alguns casos, a associação entre a cor e um determinado sentimento é praticamente intuitiva – a exemplo do vermelho, comumente pintado como a cor da paixão, do amor e da força.

O que muitos não sabem, no entanto, é que alguns tons específicos podem fazer isso sem que nos demos conta, influenciando nossas ações, capacidade de concentração e até o nosso paladar. Ao menos é o que conta um artigo recente publicado na coluna Future, dedicada aos temas de ciência e tecnologia, do portal da emissora britânica, BBC.

No artigo, o jornalista Mark Ellwood nos conta como um estudo dos anos 1970, acerca da influência das cores sobre o comportamento humano, desencadeou uma tendência curiosa entre as prisões de todo o mundo: na intenção de acalmar detentos potencialmente violentos, algumas instituições passaram a adotar celas com paredes cor de rosa.

O surgimento do ‘Cool down pink

Muito embora não seja conhecido, o fenômeno das celas rosa-flamingo é bem estudado e documentado na academia: em 1979, o pesquisador do comportamento humano, Alexander Schauss, convenceu um órgão de correição naval de Seattle e a pintar algumas de suas celas de rosa, num tom similar ao das penas dos flamingos.

Ao final do estudo, um memorando redigido pelo Departamento Naval de Pessoas afirmou que a proposta de Schauss estava certa – bastava cerca de 15 minutos na cela rosa pink que o comportamento agressivo dos detentos era contido. Da mesma forma, testes em outras penitenciárias pareceram confirmar a tese, que, posteriormente, naquele mesmo ano, seria publicada.

Em homenagem aos diretores da Instituição, Gene Baker e Ron Miller, o pesquisador batizou a cor como “Rosa Baker-Miller”. Conforme é possível observar nas imagens, o tom é bastante próximo ao popular rosa chiclete, o tom de rosa da Pantera Cor-de-Rosa, do desenho.

Enfim, o importante é que, imediatamente após a publicação, a mistura exata entre vermelho e vermelho passou a ser estudada por outras unidades penitenciárias – inclusive recebendo outros nomes, como “Cool down pink”, algo como “Rosa da calma”, em tradução livre.

Contudo, havia um problema: nenhum dos testes realizados por pares, ou seja, por outros cientistas que examinaram a publicação de Schauss e tentaram replicá-las, apresentou resultados comparáveis aos observados em Seattle.

Um estudo publicado em 2015, por exemplo, não encontrou indícios de que a cor rosa reduz a agressividade em pessoas. Noutra pesquisa da Suíça, por sua vez, um teste realizado com 59 detentos, do sexo masculino, indicou que não há diferença entre celas brancas ou rosadas, ao menos no tocante aos níveis de agressividade dos internos.

No entanto, conforme defende o artigo publicado na BBC, muito embora o efeito calmante do Rosa Baker-Miller seja motivo de discussão, a rapidez com que a hipótese foi considerada plausível, por si só, já demonstra uma influência das cores em nossa psiquê.

Noutras palavras, é como eu te disse no início do texto: ninguém duvida que as cores nos influenciam, acreditamos nisso quase que “intuitivamente” – o que deixa claro o poder das paletas sobre nós. Para além disso, o efeito das cores e tons é amplamente explorado nas artes audiovisuais, como o cinema e a fotografia.

Mas, afinal, por quê isso acontece? E será que é algo que pode ocorrer sem que nos demos conta?

Novamente, as hipóteses aqui são variadas e amplamente discutidas. Conforme ressalta o artigo da BBC em outro momento, o vermelho é uma cor particularmente propensa a despertar respostas emotivas, razão pela qual é amplamente utilizado em situações de risco à vida e perigo, por exemplo.

No entanto, isso não se deve a um componente instintivo – pelo menos não somente. A suspeita é de que, assim como o apontado por Paul Kay e Brent Berlin, em sua pesquisa acerca de como diferentes línguas tratavam as cores, o que torna o vermelho tão especial está intimamente relacionado ao fato dessa ser, quase sempre, a primeira cor a receber um nome, isto é, quando um povo está desenvolvendo um novo idioma.

No texto em que abordamos o estudo de Kay e Berlin, citamos como o vermelho é uma cor “especial”. Por um lado, ele não é abundante como o verde das matas, tampouco como o azul do céu ou do mar. Por outro, o vermelho detém presença suficiente na natureza para ser uma cor chamativa – algo que se destaca do comum, mas que também não é raro.

Especulações acerca da influência das cores ainda são controversas

De modo geral, muito se especula acerca de exatamente como as cores nos influenciam. A depender da circunstância, experimentos e pesquisas indicam que algumas cores podem ser determinantes para alguns resultados. Nesse caso, o próprio artigo cita um estudo onde se apontou que a cor vermelha estava associada a maiores taxas de excitação sexual, bem como à redução de náuseas.

Aqui, é importante ressaltar que há sim indícios de que as cores afetam nossas percepções, especialmente quando falamos de percepções sensoriais, como o paladar e o toque. Nesse sentido, dois exemplos mencionados pelo texto – e amplamente verificáveis no nosso dia a dia, é a associação quase que imediata que fazemos sobre alimentos coloridos serem mais saborosos, bem como com os tons pastéis, comumente vinculados à ideia de suavidade e leveza.

Como exemplo disso, o texto cita um experimento feito com mais de 5.300 pessoas do mundo todo, no qual os pesquisadores concluíram que, para a maioria das pessoas, uma bebida de cor mais forte e vívida também era percebida como mais adocicada.

“Nós descobrimos que você pode fazer algo parecer mais doce se fizer a cor daquilo ser mais brilhante”, disse uma das envolvidas no estudo. “É igual a uma maçã bem vermelha: antes de mordê-la, você espera que ela seja mais doce que as outras”, complementa.

Noutro momento, o texto nos dá outra amostra de como as cores podem afetar nossa percepção sensorial. Por exemplo, você já reparou que, quando a intenção é transmitir suavidade, quase sempre são utilizados tons pastéis? Caso não tenha notado, basta observar os comerciais de amaciantes de roupas, peças de cama, mesa e banho, bem como os artigos para bebês.

No caso, a associação entre tons pastéis e a ideia de suavidade também foi comprovada cientificamente:

Graças ao estudo conduzido por Atefeh Yazdanparast e Seth Ketron, na Universidade Clark em Worcester, Massachusetts, os estudiosos do comportamento e consumo humanos concluíram que, quando perguntadas acerca de quais tons transmitiam melhor a sensação de leveza e suavidade, 91,2% das pessoas apontavam os tons mais claros, conhecidos como tons pastéis.

Mais do que isso, o estudo de Ketron e Yazdanparast conseguiu ir além, associando os tons mais escuros a uma resposta tátil mais intensa. Noutras palavras, quanto mais escura uma cor, mais ela parece afetar a percepção do tato, levando a crer que um determinado objeto é mais “duro”, por assim dizer.

Cores também parecem estar associadas à percepção de quantidade

Noutro momento, a psicóloga Karen Schloss, pesquisadora da Universidade do Wisconsin-Madison e uma das mais famosas estudiosas sobre as cores, aponta como a intensidade de uma cor também pode ser associada a grandezas quantitativas. Na prática, quanto mais “forte” uma cor, maior é a quantidade associada aquilo que ela representa.

Esse, por exemplo, é um fenômeno especialmente perceptível em mapas de calor – tal como os usados nos telejornais durante a pandemia. Conforme explica Schloss, é muito intuitivo que uma cor mais forte seja associada a uma quantidade maior representada no mapa, ainda que ninguém tenha definido isso como uma regra na hora de utilizar tais representações.

Em um dado momento, a pesquisadora explica ao autor como isso é perigoso. Para ela, especialmente quando falamos de gráficos e representações de dados, é preciso ter muito cuidado para que o recurso visual não acabe causando uma interpretação errada das informações ali expostas.

Imagine, por exemplo, se um mapa sobre a dispersão da COVID-19 utilizasse, em vez de tons mais escuros, tons mais claros para apontar as regiões mais afetadas pela doença. Alguém que já teve contato com inúmeros outros mapas do tipo poderia acabar interpretando a informação da forma errada, tudo por uma escolha de cor que não tem regras definidas.

Estudos sobre a influência das cores costumam discutir comunicação simbólica

É justamente para confrontar essa suposta subjetividade absoluta acerca das cores que o estudo de Schloss busca compreender quais expectativas cada tom gera. Nas palavras da cientista, o objetivo é “entender como as associações entre cores afetam as expectativas das pessoas, de modo que seja possível antecipá-las, manipulá-las e torná-las mais fáceis de interpretar”.

Em resumo, é como se o estudo da cientista estivesse buscando estabelecer um padrão de comunicação simbólica através das cores, um guia sobre como cada cor pode ser percebida em um determinado contexto. Dessa forma, o uso de cada cor pode servir a um propósito específico, tornando as paletas um tipo símbolo – isto é, para muito além do vermelho que diz “pare”, do amarelo que diz “reduza” e do verde que diz “siga”, como ocorre nos semáforos.

Por fim, o texto da BBC ainda cita que, especialmente entre as crianças, as cores parecem ter um efeito ainda maior, sobretudo no tocante à performance durante a execução de algumas tarefas.

Como exemplo, o artigo cita um estudo em que crianças de 8 a 9 anos foram “testadas” sob luzes de diferentes tons, tendo o cinza como tom neutro. No teste, as crianças tiveram um desempenho consideravelmente pior em ambientes iluminados com vermelho.

Por outro lado, outros experimentos apontam que, ao contrário do que acredita o senso comum, não é o azul a cor da criatividade, mas sim o verde. Também em experimentos com crianças, pesquisadores encontraram correlações entre uma maior demonstração de criatividade e ambientes na cor verde, bem como a presença de brinquedos ou objetos nesse tom, como plantas.

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