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O que é descentralização e como ela pode afetar a internet
Ao estudar história, o conceito mais presente é a centralização, afinal, esse é o principal modo pelo qual a sociedade se organizou. Reinados são liderados por…
Ao estudar história, o conceito mais presente é a centralização, afinal, esse é o principal modo pelo qual a sociedade se organizou. Reinados são liderados por…
Ao estudar história, o conceito mais presente é a centralização, afinal, esse é o principal modo pelo qual a sociedade se organizou. Reinados são liderados por reis, impérios por imperadores, democracias por presidentes ou primeiros-ministros, grupos por líderes. Na vertente contrária, a blockchain demonstra que a descentralização é o meio mais seguro de seguir, então vamos entender o que é, realmente, ser descentralizado, e como isso pode afetar o futuro nas redes.
A blockchain é como um livro de anotações de todas as informações da rede, em que cada página anota quais indivíduos enviaram transações para outras pessoas, e quanto foi enviado. Ademais, cada página desse livro não pode ser alterada e, caso seja alterada, invalidará todas as páginas seguintes do livro. No entanto, o que traz a segurança da blockchain é que não existe apenas um livro de anotações, mas sim milhares de livros anotando as mesmas transações.
“Mas e se um desses livros possui informações diferentes?” ele será invalidado, já que na blockchain o que sobressai é o consenso da maioria dos “livros”, e aquele com informações incorretas será excluído da rede. Essa validação das informações, feita por diversos agentes ao mesmo tempo, é o que conhecemos como descentralização, afinal não é só um ente que é capaz de decidir a verdade daquela rede, mas sim a decisão apresentada pelo conjunto dos livros.
A inovação trazida por esse sistema que se autorregula e garante transações seguras e efetivas, é que a blockchain não precisa de um único regulador. Com isso, é notável que muito se fala de descentralização para apontar que com criptomoedas, por exemplo, o usuário é realmente proprietário do seu dinheiro, mas esse conceito pode e deve ser ampliado para o uso de dados.
Em um futuro descentralizado, por exemplo, casos como o da empresa Cambridge Analytica serão cada vez menos comuns senão extinguidos, afinal, em vez de existir um regulador central das redes sociais que fazemos uso, dentro da blockchain, quem é responsável e dono daqueles dados é apenas o emissor, e caberá a ele decidir se deixará essa informação disponível para outros ou não.
Essa ideia de ser proprietário dos próprios dados nas redes é, justamente, a ideia imaginada para a Web 3.0. Apenas para contextualizar o leitor, entendemos como Web 1.0 a primeira internet, em que existiam apenas sites estáticos e com pouca interação. Já na Web 2.0, houve a revolução dos blogs, chats, e também das redes sociais, em que o usuário passou a fomentar a própria rede. No entanto, o que alguns críticos apontam é que a Web 2.0 foi logo tomada por grandes corporações e empresas, tal qual o que virou o Meta, apresentando uma clara centralização da rede e, em especial, dos dados dos usuários.
A Web 3.0, por outro lado, propõe que os indivíduos possuam controle sobre seus dados, e, para isso, as plataformas, redes sociais, sites, estarão dentro da blockchain, com um código aberto para os usuários e, sobretudo, descentralizadas. Nesse momento, tal proposta ainda aparece distante, afinal, estamos falando de algo que exige trabalho dos usuários, dos criadores e até mesmo desenvolvimento tecnológico.
Ainda assim, algumas plataformas como Minds, Aether, Mastodon, Lbry, entre outras, já passaram a fazer uso da blockchain para desenvolver suas aplicações e demonstram que redes sociais descentralizadas são, sim, possíveis.
Com isso, vemos a importância da descentralização, afinal, tecnologicamente, foi o que possibilitou o desenvolvimento das criptomoedas que tanto amamos, bitcoin, ethereum, e também a segurança dessas transações. Mas, ainda além, o que fica claro é o impacto que a descentralização pode ter na vida de cada um dos usuários, pois dá controle sobre os bens de cada um; não só no que se diz respeito a finanças, mas também sobre aquilo que alguém quer, ou não, que uma entidade saiba. Algoritmos são excelentes, por exemplo, para identificar os gostos musicais de um indivíduo e não colocar em sua playlist diversas músicas que ele não gosta, e isso é ótimo para o usuário.
No entanto, a partir do momento que essa informação é utilizada não para o benefício do indivíduo, mas sim o de outros e — em especial grandes empresas —, a situação muda. Lutar pela descentralização é lutar pela autonomia do indivíduo e essa é a internet desejada, essa é a Web 3.0
Mas se isso tudo não te convence, lembre-se de que na Web 3.0 não serão necessários vários emails e senhas para conectar em cada rede social, já que apenas com um só endereço você tem portas abertas para a blockchain e para a internet, e isso é um avanço e tanto.
Imagem Destaque: VAlex/Shutterstock