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Smart Cities: O divórcio entre a sustentabilidade e a qualidade de vida

Com espaços padronizados e 100% conectadas, cidades inteligentes são a solução para o futuro?

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Antes de começar a tecer os comentários do texto abaixo, gostaria de compartilhar um pouco sobre o processo de criação deste texto. O pontapé inicial se deu após ter lido o texto “Por dentro do instituto americano que está criando as cidades inteligentes do futuro”. Coincidentemente, alguns minutos depois – nem se quer lembro o porquê – acabei “tropeçando” na vista aérea do distrito de Eixample, em Barcelona.

Para começar, de acordo com o texto da Veja.com, em 2050 a população mundial será de seis bilhões nas áreas urbanas, ou seja, seria como colocar toda a população atual em cidades. Se algumas cidades brasileiras já são uma loucura, imagine comportar mais pessoas.

Aliás, aqui entra mais um elemento que pode ser usado como fonte de pesquisa. Ultimamente tenho ido a campo em busca de uma casa. Por ter família grande, animais e afins, estou em busca de uma casa. Quem disse que acho uma casa em São Paulo? Todos os espaços disponíveis são prédios, com suas sacadas altas e seus condomínios caríssimos.

É aqui que entra o “bairro planejado” de Barcelona. Para quem anda nas ruas, a sensação é quase imperceptível, já pela vista aérea, podemos ver o quanto a região é padronizada. Com blocos que lembram uma grande base de lego (sabe aquelas peças grandes, que usamos como base para brincar?), a região é organizada de forma quase que sistemática e milimétrica.

Também é neste momento que cruzamos com outro ponto do texto escrito pelo jornalista Marco Túlio, da Veja. Nele, o autor diz que o MIT (Massachusetts Institute of Technology) tem algumas cartas na manga para resolver o problema deste acumulo de pessoas. Chamadas de cidades inteligentes, ou smart cities, as soluções são diversas e vão de soluções para o fim dos congestionamentos, passando por carros públicos ou, até mesmo, uma cidade inteira conectada na “nuvem” digital.

Ainda no texto, alguns exemplos de moradia são apresentados pelo MIT, como, por exemplo, o apartamento modular – com paredes móveis e mobília integrada. Paredes móveis, cidades com bairros planejados, conexão sem fim. Até o momento tudo parece uma grande maravilha, no entanto acho que estamos esquecendo-se de alguns pontos.

Muitos destes projetos pregam a sustentabilidade como ferramenta e bandeira primária, mas esquecemos de que sustentabilidade também pode ter a ver com qualidade de vida. Será que viver em um apartamento em que “basta” arrastar a parede para transformar o quarto em uma sala ou viver 24hrs por dia conectado é ter qualidade de vida?

Segundo Betsy Parrow, psicóloga e professora da Universidade de Columbia, a internet tem mudado o modo como as pessoas armazenam e buscam informações no próprio cérebro. Uma pesquisa de Parrow mostrou que, ao não se lembrar de algo, o primeiro impulso das pessoas é pensar no computador como forma de armazenagem e busca.

Quer mais um exemplo? Quem já morou no Japão ou teve certa estadia pelas terras do sol nascente sabe que espaço não é um dom de algumas moradias de lá. Isso se dá porque a população do país cresceu e o país são apenas algumas ilhas no Oceano Pacífico.

Agora para os que acham que eu estou sendo muito trágico ou pessimista, e adorariam me acertar com seus tablets para mostrar de que forma a tecnologia pode fazer mal, vou usar um exemplo mais “fofinho”. Basta assistir o filme Wall-e, da Pixar, para entender um pouco sobre o que estou tentando dizer. Será que uma sociedade padronizada e totalmente conectada pode realmente nos fazer bem ou vamos virar gordinhos sistemáticos com dependência digital? Não sei, mas ainda acho que uma pitada de caos ainda é necessária para tornar nosso cotidiano divertido.

 



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