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O Holocausto na Arte
Todos estão novamente falando de holocausto. No cinema, o Exterminador do Futuro novamente se prepara para destruir John Connor. Na vida real, os Norte-Coreanos rosnam…
Todos estão novamente falando de holocausto. No cinema, o Exterminador do Futuro novamente se prepara para destruir John Connor. Na vida real, os Norte-Coreanos rosnam…
Todos estão novamente falando de holocausto. No cinema, o Exterminador do Futuro novamente se prepara para destruir John Connor. Na vida real, os Norte-Coreanos rosnam para o resto do mundo, “ameaçando a paz mundial” com seus testes atômicos. Fiquei com um frio na barriga, quando em uma conversa escutei algo como: “o Japão terá que enfrentar outra bomba atômica“.
Quem gosta de Matrix, deve ter visto o documentário no Animatrix, sobre o holocausto japonês, no qual o produtor dizia que o Japão era, de fato, o único país que poderia dizer-se pós apocalíptico, deixando isso marcado na educação do povo, para que todos lembrassem a gravidade de um comportamento inescrupuloso. Quem tem o costume de se envolver com cultura japonesa, deve ter ouvido falar que há 200 anos, o Japão era um país onde todos andavam a cavalo, usando uma espada na cintura. Não mais que de repente, um surto de evolução causado pela Revolução Industrial trouxe roupas ocidentais, barcos a vapor, metralhadoras e religiões novas. Quase 100 anos depois, o Japão enfrentou a retaliação americana da forma considerada, atualmente, mais desumana possível: As bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. E isso ficou claramente impresso em todos os artistas que apareceram depois.
A própria difusão do mangá se deu por causa da falta de dinheiro que as pessoas tinham para se divertir, e em meio aos autores, na época, iniciantes, estava um homem chamado Keiji Nakazawa. Nakazawa é autor de uma das obras mais conhecidas sobre o holocausto japonês, o mangá Gen: Pés Descalços, que retrata de forma dura e marcante esse período turbulento. E junto com ele, milhares de outros, da época ou não, dividiram essa fissura com o desastre.
Aprendi ao longo dos anos que a arte é observação da própria realidade, e dentro disso, lembro do choque que foi a verossimilidade de Akira, um dos primeiros animês que assisti. O que me chamou atenção no trabalho da animação japonesa – não só a de Katsuhiro Otomo, mas num contexto geral – não foi apenas a preocupação com a verossimilidade com a qual o artista tentava retratar a violência em seus trabalhos, por mais fictícios que fossem, mas a temática, que escapava do épico do bem e do mal, para a frieza da ação e da consequência.
Neste terreno, não somos necessariamente bons ou maus, mas sim, capazes de qualquer ato, por pior ou vil que fosse. Temas como em Ghost In The Shell, levavam o espectador a pensar em consequências do próprio desenvolvimento tecnológico, enfatizando o homem brincando de Deus. Na história, a tecnologia da inteligência artificial chega a um ponto, que os robôs agora são capazes de pensar por si sós e até de sentir… “Robôs teriam alma? E agora que foram criados, para onde iriam?”
E isso se extende a qualquer gênero, seja terror, como em “Panorama do Inferno” ou um live action de homens fantasiados de lagartos gigantes. A presença da figura do sádico destruidor, da catástrofe apocalíptica, ou mesmo, a herança da radiação, constantemente reavivada, como um grande gato escaldado.
Hoje, enfrentamos coisas como aquecimento global, desmatamento, e tudo isso já está surtindo efeitos em nós, que por algum motivo, ignoramos. Não é difícil,ter acesso à cultura, no Brasil, principalmente em cidades como São Paulo ou o Rio, e ainda assim, não é difícil também encontrar lixo espalhado nas ruas. Não é desculpa de rico. Tem rico jogando lixo e pobre educado se irritando com a atitude. A impressão que me dá, quando eu vejo tudo isso é que nos falta, hoje, uma sensação de perda. Temos um país deveras perfeito, em termos de natureza. Recursos abundantes… E ao mesmo tempo, a cultura nos foi construída por pessoas preocupadas apenas em usufruir, gastar, até a extinção, deixando o pepino sempre pro próximo, pro maior idiota, ou pra bola da vez.
Não é de se admirar que um povo, como o japonês, e tantos outros que tiveram essa transformação brusca, como os judeus, por exemplo, são povos reconhecidos pelo esforço e perícia, hoje em dia, em sobreviver. E acho que esse tipo de mensagem tem de ser ouvida. Muitos se preocupam tanto com a violência dentro desses trabalhos, como se eles fossem instigar as pessoas a gerar a violência, quando na verdade tá na cara que a mensagem é “olhe o que você é capaz de fazer, se não for responsável”. Acho que vale dar essa refletida e nisso, entender onde mora a consciência pessoal e social, antes de simplesmente empurrar o termo goela abaixo, e passar isso adiante.
Todos somos responsáveis pelo espaço onde estamos!