O Vingador do Futuro (o antigo, não essa m*** nova), O Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças e, até mesmo, A Origem (também conhecido como Inception) são filmes que mexem com a nossa imaginação – e medo – de ter nossos pensamentos e sonhos manipulados. É claro que tudo isso não passa de ficção… até agora!
De acordo com a respeitada revista Nature Neuroscience (em sua edição de setembro/2012), dois pesquisadores do Massachussets Institute of Technology (MIT) criaram um método para controlar e inserir sensações em sonhos.
Tudo bem que os testes foram conduzidos em ratos (sempre eles! Coitados…), mas Daniel Bendor e Matthew Wilson afirmam que “Isso abre a possibilidade de um controle do processamento da memória durante o sono para melhorar memórias selecionadas e bloquear ou modificar memórias indesejadas”, traduzindo para o popular, “se tudo der certo, vamos aplicar isso em cérebros humanos”.
O funcionamento do Inception na vida real
Claro que tudo funciona de forma bem teórica e a dupla está trabalhando com resultados de análises neurais, mas segundo o estudo, os ratos foram treinados para procurar comida em um labirinto, respondendo a estímulos sonoros.
Ao caírem no sono e atingirem o estágio em que o hipocampo aciona as memórias recentes, os pesquisadores tocaram novamente os sons do labirinto, fazendo com que o cérebro dos animais respondesse de forma parecida de quando estavam acordados.
Para quem não entendeu, vou tentar explicar com uma analogia, vamos dizer que tudo o que você vê, pensa e vive é arquivado em um gavetão enquanto dorme (transformando memórias recentes a de longo prazo). Esse seria o momento em que o hipocampo é ativado. Quando uma música é tocada, este arquivo se abre e as pastas são retiradas de lá ou novas são inseridas.
Em resumo, até então ninguém nunca tinha “mexido nesta gaveta” do jeito que a dupla conseguiu fazer. Na teoria, uma evolução deste estudo poderia apagar memórias recentes, abrindo espaço para o desenvolvimento de um campo até então explorado apenas pela ficção, o da engenharia de sonhos e memórias.
Qual o nosso interesse nisso?
Sem brincar de cientista louco, mexer na memória e nos sonhos alheio já é algo digno de uma discussão ética e filosófica tão grande, que é difícil de se enumerar os pontos. Agora se formos fazer um exercício de criatividade, imaginando que este método seja algo aprovado por órgãos de saúde e tudo mais, qual seria a utilidade de um estudo de marcas “top of mind”?
Como mensurar uma marca, usando metodologias atuais, quando ela pode ser inserida diretamente no cérebro?
Eu diria que, aos mesmo tempo que um campo enorme se abre, problemas maiores ainda podem surgir, e não são apenas nos campos científicos. Teríamos que repensar nossos meios de comunicação. Afinal, já diria tio Ben: “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.”
Fonte: http://ow.ly/duSc2 – site: Olhar Digital, 05/09/2012