Design
Cinemateca Brasileira: Redesign enterra logo clássico de 1954
Preciso dizer que estou sem palavras. Você pega uma identidade visual feita por um ícone do design e transforma em um logo feito no Microsoft Paint. Foi exatamente isso…
Preciso dizer que estou sem palavras. Você pega uma identidade visual feita por um ícone do design e transforma em um logo feito no Microsoft Paint. Foi exatamente isso…
Preciso dizer que estou sem palavras. Você pega uma identidade visual feita por um ícone do design e transforma em um logo feito no Microsoft Paint. Foi exatamente isso que a Cinemateca Brasileira fez. Para entender melhor o caso, precisamos voltar no tempo e entender o que isso representa para o design brasileiro.
Projetado em 1954, o logo foi feito por Alexandre Wollner para a filmoteca do MAM-SP, antecessora da Cinemateca. Em 62, o logo ganhou pequenos ajustes e, em 1984, ganhou a assinatura “cinemateca brasileira.” Nas palavras da organização, o símbolo clássico é “baseado no corte transversal de um projetor de filmes.” Essa explicação foi feita há dois anos, quando a Cinemateca entrou na onda das pessoas que chamavam o logo antigo de “piroca.”
Mas por quê o logo antigo é tão importante? A importância está no seu criador. Alexandre Wollner foi um dos primeiros designers brasileiros. Falecido em maio deste ano, Wollner estudou na Escola de Ulm (Hfg–Ulm), baseada na cidade de homônima, na Alemanha, com o objetivo de promover os princípios da Bauhaus, movimento originado pela primeira escola de design, artes plásticas e arquitetura alemã. Em 5 de dezembro de 1962 (atenção para a data e os ajustes no logo da Cinemateca), Wollner cria a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro. Apesar de diversas iniciativas terem antecedido a escola, a ESDI é considerado o primeiro curso superior de design no Brasil. Ainda falando sobre o criador, e não a cria. Wollner foi um dos pioneiros da arte concreta no Brasil. Ou seja, a arte que usava formas geométricas e uma referência direta a Bauhaus.
Agora sim, falemos sobre a “piroquinha” (logo antigo). Ver algumas pessoas chamando o logo da Cinemateca com termos grosseiros é algo que está ao alcance do entendimento. Mas ver designers falando isso, é – no mínimo – burrice. O logo antigo é uma sopa primordial do design brasileiro. Não era uma simples representação que virou um objeto fálico, era uma mistura de conceitos e repertórios produzidos por um mestre. Você deve estar falando “Ah, Victor… Mas o tempos mudam!” Concordo. Concordo em número, gênero e grau, mas talvez seja por isso que o redesign deste logo precisa ser feito mais estudo e cuidado.
Sobre o novo logo: Estética ruim e erros grotescos
Eu gostaria muito que esta crítica fosse apenas uma picuinha de fan boy dos mestres do design, mas o novo logo é horrível (em destaque no começo do texto). Primeira pergunta: A tipografia usada na identidade é toda bastão com cantos retos, por que fizeram o símbolo com cantos arredondados? Muito pior, nem é tão arredondado, fazendo com que se torne apenas um “erro visual.”
Se a ideia era usar formas geométricas para gerar uma ilusão de ótica 3D, a ideia foi pobre e infantil. O conceito parece ter sido feito por um estudante de design do segundo semestre. Sem contar que o desalinhamento proposital do logo antigo foi replicado no novo e gerou um desequilíbrio. Parece que o logo completo (símbolo + logotipo) pende para o lado esquerdo. Enfim, está horrível e é difícil achar algum ponto positivo.