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Análise: Apple Watch Series 5, sempre ligado
O Apple Watch Series 5 foi apresentado em setembro, no evento de lançamento dos novos iPhones. Nessa geração, ele ficou mais independente do celular, trouxe várias…
O Apple Watch Series 5 foi apresentado em setembro, no evento de lançamento dos novos iPhones. Nessa geração, ele ficou mais independente do celular, trouxe várias…
O Apple Watch Series 5 foi apresentado em setembro, no evento de lançamento dos novos iPhones. Nessa geração, ele ficou mais independente do celular, trouxe várias novidades de software e agora também fica sempre ligado.
Além de estar disponível em alumínio e aço inoxidável, também é possível escolher novamente o Apple Watch Edition em cerâmica ou na nova finalização de titânio. Pela primeira vez, ficou mais fácil sair da loja com o relógio na configuração que você quer: assim como o tamanho e o tipo da caixa, é possível escolher a pulseira que acompanha o Watch com o Apple Watch Studio.
O Apple Watch Series 5 segue o mesmo visual do Apple Watch Series 4. Com bordas arredondadas e mais tela, o Series 5 tem um aproveitamento 30% maior do que o outro modelo vendido, o Series 3. Com isso, a versão menor tem 40 mm, ante os 38 mm, e a maior, 44 mm, contra os 42 mm da geração retrasada. Nos testes, utilizei apenas o modelo maior, que é o que cabe no meu braço e fica confortável.
Pela primeira vez, a caixa do Apple Watch Series 5 é 100% de alumínio reciclado. Este é mais um dos produtos da empresa de Cupertino que está usando antigos aparelhos para criar um novo, como o iPad de sétima geração e o MacBook Air, para citar alguns.
Na cor cinza-espacial, o modelo vem por padrão com uma pulseira que acompanha a cor – apesar de ser possível escolher qualquer outra. No lado direito, há a Coroa Digital com um círculo vermelho – indicando que é o modelo GPS + Celular -, um microfone e o botão lateral para ativar o gerenciamento de apps, Apple Pay ou desligar o relógio. Na esquerda estão os alto-falantes que são 50% mais potentes do que os presentes no Series 3.
A traseira do relógio, independente da versão, é de cerâmica com cristal de safira, o que ajuda na medição precisa dos sensores, além de não descascar, como poderia acontecer no Series 3 com GPS, feito de “material composto”.
Olhando para a tela do relógio, há uma mudança importante que é a Tela Retina Sempre Ligada. O display OLED permite que você olhe o tempo inteiro para as horas, evitando uma coisa extremamente rude de antes que era necessário levantar o relógio para ver uma notificação ou ver as horas enquanto conversava com alguém.
Tudo bem, ainda não é possível ver as notificações sem fazer um movimento mais brusco, mas pelo menos agora é possível ficar sempre de olho nas horas – afinal, o Apple Watch também é um relógio. Para evitar um gasto excessivo da bateria quando você não está olhando para ele, o Watch atualiza a tela uma vez a cada minuto – quando você olha, o display atualiza 60 vezes por segundo. E caso você esteja fazendo um exercício, a tela vai atualizar uma vez por segundo, assim você não perde nada do exercício, mas sem precisar levantar o braço.
Esse processo é possível graças a tela de polissilício de baixa temperatura (LTPO). Ela consegue de maneira dinâmica alterar a taxa de atualização da tela, preservando a bateria, mas trazendo as informações que você precisa.
Nos meus testes de bicicleta, confesso que não foi tão simples olhar minha velocidade média pela posição do braço, mas ainda assim eu tinha uma facilidade maior de ver o que estava acontecendo sem precisar trazer o relógio para perto.
Ainda falando de design, é difícil escrever sobre o Apple Watch sem citar as pulseiras e os mostradores, pois apesar do relógio estar disponível em algumas cores diferentes, são essas duas coisas que dão um toque pessoal a ele.
As bands mudam a cara do relógio e podem ser trocadas para diversas ocasiões. Para quem já tem um Apple Watch, por exemplo, pode ficar feliz em saber que todas as pulseiras são retrocompatíveis. Ou seja, aquela que você tem desde o modelo original ainda vai encaixar no Series 5. Com opções de nylon, silicone, couro, elo e estilo milanês, as pulseiras te acompanham da academia para o trabalho e de uma reunião para um jantar.
Os mostradores ainda são exclusividade da Apple e apenas a empresa de Cupertino pode dizer qual vai ser a “cara” do relógio. Desenvolvedores podem criar complicações, que são os “atalhos” que aparecem em uma tela do relógio, mas só. Você, como usuário, além de escolher o mostrador, pode mudar as complicações, o que torna a sua experiência, mesmo que de certa forma limitada pela Apple, pronta para o seu estilo de uso. As cores também são opcionais.
Desde que comecei a testar o Apple Watch Series 5, os meus mostradores preferidos são o “Numerais Duo”, o “Infográfico Modular”, o “Modular” e o “Mickey Mouse”. O primeiro citado é o mais bonito para quando você não está olhando para o relógio; já o “Modular” é ideal para quem quer acompanhar a agenda do dia, entre vários outros detalhes do Watch.
O Apple Watch Series 5 conta com o processador S5 de dois núcleos de 64 bits. De acordo com a Apple, ele é até duas vezes mais rápido que o processador S3, do Series 3. Sabe qual outro processador era até duas vezes mais rápido que o S3? Sim, o S4, do Apple Watch Series 4.
À primeira vista é um tanto quanto decepcionante que a Apple não melhorou a velocidade do relógio em 2019 em nada. Tudo bem, o Series 4 é bem rápido e funciona tranquilamente para pequenas interações – que é o motivo principal de existência do Watch – mas não poderia ser nem um pouco mais rápido?
Agora, isso não quer dizer que o S5 não seja um novo processador. O chip é responsável por evitar que a bateria do relógio drene absurdamente rápido com a Tela Retina Sempre Ligada, ele também traz novos sensores, como a bússola. Apesar da Apple não falar muito dela, a bússola é ideal para quem faz trilhas ou quer se achar no Maps da empresa. Ela também serve para dizer a elevação de uma corrida/caminhada/passeada de bicicleta. Informação é informação, afinal de contas.
O Apple Watch Series 5 também tem sensor cardíaco elétrico, altímetro barométrico, sensor cardíaco óptico de segunda geração, acelerômetro mais potente, giroscópio e sensor de luz ambiente.
Duas funções que valem ser citadas são: o sensor cardíaco óptico que além de dizer se os seus batimentos estão muito elevados, também diz se eles estiverem muito fracos – essa função está disponível no Series 4 também. Agora, uma função exclusiva do Series 5 é o S.O.S de Emergência internacional.
Caso você caia, sofra um acidente ou esteja impossibilitado de chamar assistência em qualquer parte do mundo, o Apple Watch Series 5 com conexão Celular consegue ligar para o socorro local, mesmo que você não tenha um plano 4G. No modelo apenas com GPS, ele precisa do seu iPhone por perto. No caso do Apple Watch Series 4, o S.O.S de Emergência só funciona no país em que ele foi comprado.
Por “impossibilitado de chamar assistência”, quero dizer que os sensores do relógio reconhecem uma queda brusca ou uma batida, por exemplo. O Watch realmente te pergunta se você está bem e se não obtiver resposta, ele manda a sua localização para um contato de emergência e faz a ligação para os socorristas locais.
Essa é daquelas funções que você espera que nunca sejam usadas, mas agradece por estarem lá.
Foi com o Apple Watch Series 3 que o relógio inteligente da Apple começou a dar os passos de independência com o primeiro modelo com 4G. Agora com o sistema operacional watchOS 6 e o novo relógio, ele vai além. É possível baixar apps diretamente do Watch, o que também permite que desenvolvedores criem aplicações exclusivas para o relógio que não precisam nem existir no iPhone.
A Apple colocou 32GB de armazenamento no Apple Watch Series 5; ante os 16GB do modelo GPS + Celular do Series 3 ou apenas 8GB na versão com GPS. Esse aumento de armazenamento é interessante para deixar mais músicas salvas localmente e até instalar dezenas de apps. No meu uso, confesso, o único app diferente é o CARROT, de previsão do tempo.
O watchOS 6 traz duas novidades ligadas à saúde e bem-estar que são bastante importantes. “Acompanhamento de Ciclo” para mulheres acompanharem o ciclo menstrual e um aplicativo de ruído, que diz o quão barulhento está o ambiente à sua volta.
No caso da primeira novidade, a importância dela é que os dados não são compartilhados com ninguém – você pode compartilhar anonimamente com a Apple, se quiser – e não há uma contrapartida para usar o acompanhamento, afinal, não está atrelado a uma empresa de saúde e ninguém além de você – ou seu médico – precisa saber do seu corpo.
Apple Watch Series 5 promete o mesmo dia inteiro de 18 horas de sempre, mas é engraçado o que isso significa ao longo dos anos. No Apple Watch Series 3 com GPS, ele chegava a durar três dias comigo; no modelo com 4G, um pouco mais de dois dias. No Apple Watch Series 4 com 4G, até dois dias e agora no Series 5 é realmente um dia mesmo.
Por mais que você não faça exercícios pesados e use o relógio sempre conectado ao iPhone, é importante colocá-lo para carregar no fim do dia, ou você vai ficar na mão. Claro, se você optar pela Tela Retina Sempre Ligada desligada, você vai ter uma experiência parecida com o Apple Watch Series 4, mas o ponto do novo Watch não é justamente estar com ele sempre aceso?
Não me entenda mal, eu não encaro como um ponto negativo ter que carregar o relógio todo dia. Além de fazer parte da minha rotina, é uma garantia que ele vai me acompanhar ao longo do dia. Agora, o que é engraçado é que eu sabia que na pior das hipóteses eu poderia usar o Watch para chamar um Uber, pagar algo com o Apple Pay ou fazer uma ligação se o iPhone me deixasse na mão, mas com o novo iPhone 11 Pro Max, eu sei que terei bateria, mesmo que o relógio morra no meio do caminho.
O Apple Watch Series 5 também é sobre liberdade: no modelo com 4G – e com um plano de operadora devidamente contratado – é muito bom poder sair para correr ou fazer um exercício só com ele no braço e os AirPods ou o Powerbeats Pro no ouvido e não se preocupar em perder uma ligação, poder comprar uma água ou ter um jeito de voltar para casa sem problema. Mesmo que você escolha o modelo somente com GPS, ainda é possível fazer isso, mas aí você vai se concentrar na sua biblioteca local de músicas e não vai poder se comunicar com o mundo.
Uma coisa interessante do Apple Watch Series 5 é que agora ele suporta mais frequências de banda, então é possível comprar o relógio nos Estados Unidos e ainda assim contratar um plano de operadora para ele no Brasil; no Series 4 isso não era possível.
É interessante ver como o Apple Watch passou de um acessório de luxo para um wearable focado em saúde, bem-estar e atividades físicas. Ainda é um tanto quanto frustrante a gamificação que tenta te obrigar a ficar com o relógio o tempo todo e se movimentar – mesmo de DOMINGO, sim -, mas tem se tornado um dispositivo cada vez mais importante na minha rotina.
Até então, sempre considerei o Apple Watch como um “a mais”. Entre um iPhone ou um relógio, eu diria para você trocar de iPhone, mas pensando bem: e se você esperar um pouco mais e der uma olhada nos novos Watches? Além dele te motivar a se movimentar – e a competição com os amigos pode ser uma boa -, saber que ele está de olho no que acontece no seu corpo também é ótimo. Ver notificações, atender a uma ligação longe do iPhone e até ver as horas faz do Apple Watch um bom investimento.
O Apple Watch Series 5 começa em R$ 3.999 no modelo de alumínio de 40 mm e aumenta R$ 249 na versão maior, de 44 mm. Para ter o Watch com conexão Celular, acrescente mais R$ 1.000.
Agora, algo que vale considerar este ano é que apesar de todas as novidades do Series 5, se você der a sorte de encontrar um Series 4 por aí, provavelmente o preço dele estará bem mais em conta. Como disse, a velocidade não muda, todas as funções do watchOS 6 estão disponíveis e o usuário perde a Tela Sempre Ligada, a bússola e o S.O.S de Emergência internacional.
A competição do Apple Watch, mais uma vez, é consigo mesmo. E nessa disputa entre si, não se agonie muito na escolha, afinal, você ainda está escolhendo um Apple Watch.