Apple
A Apple entrará na briga da inteligência artificial?
O que você vai ler? Em meio ao frenético cenário de avanços em inteligência artificial (IA), a Apple parece estar trabalhando silenciosamente em uma estratégia que…
O que você vai ler? Em meio ao frenético cenário de avanços em inteligência artificial (IA), a Apple parece estar trabalhando silenciosamente em uma estratégia que…
Em meio ao frenético cenário de avanços em inteligência artificial (IA), a Apple parece estar trabalhando silenciosamente em uma estratégia que poderia desafiar os protagonistas do mercado, como OpenAI e Google. Segundo Mark Gurman, uma das referência do setor e que acompanha os movimentos da empresa diariamente, com informações anônimas, a fabricante do iPhone tem trabalhado arduamente no desenvolvimento de grandes modelos de linguagem, fundamentais para iniciativas com o ChatGPT e o Bard.
Segundo Gurman, este avanço se dá graças ao Ajax, como é chamado internamente uma estrutura criada pela própria Apple e que já resultou em um chatbot, batizado internamente de “Apple GPT”, representando uma possível evolução da Siri.
O crescente interesse da Apple pela IA tornou-se um dos grandes pilares da empresa, com diversas equipes colaborando nesse esforço, e inclui o potenciais preocupações com a privacidade relacionadas à tecnologia.
Embora a Apple tenha há anos integrado características de IA em seus produtos (muitas delas “invisíveis” ao grande público), agora ela se vê correndo atrás do prejuízo no promissor mercado de ferramentas generativas. Soluções que têm captado a atenção de consumidores e empresas ao possibilitarem a criação de textos, imagens, áudio e vídeos a partir de simples prompts de texto.
A ausência da Apple neste agitado mercado tem sido notória. Particularmente esperava ver algo na WWDC23, mas a empresa se manteve no silêncio absoluto sobre o tema. O principal produto de IA da empresa, a assistente virtual Siri, estagnou nos últimos anos (assim como a Alexa, da Amazon). Contudo, a empresa tem avançado na IA em outras áreas, incluindo melhorias para fotos e pesquisas no iPhone, além de uma versão mais inteligente do recurso de auto-correção para seus dispositivos móveis.
Em matéria para a Bloomberg, Gurman ressalta que, durante uma entrevista à Good Morning America, Tim Cook afirmou que usa o ChatGPT e que a empresa está “analisando de perto” a tecnologia — vale dizer que a Apple tem “dinheiro no bolso” o suficiente para comprar OpenAI (enquanto a Microsoft investiu cerca de US$ 10 bilhões na OpenAI, a Apple faturou 117,2 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2023).
Internamente, o principal foco da Apple é não ficar para trás em uma mudança potencialmente significativa na forma como os dispositivos operam. A IA generativa promete transformar a interação das pessoas com telefones, computadores e outras tecnologias.
A Apple começou a construir a base para os serviços de IA em uma estrutura chamada Ajax, que já resultou um chatbot no estilo ChatGPT para uso interno. O AppleGTP foi criado como um experimento e já é utilizada pelos funcionários da Apple para auxiliar na prototipagem de produtos.
No entanto, apesar do avanço, a empresa ainda está tentando definir as estratégias de consumo para a IA generativa. Uma ideia seria integrar sua tecnologia de grandes modelos de linguagem à Siri, permitindo que a assistente virtual execute mais tarefas em nome dos usuários. Apesar de ter sido lançada em 2011, antes de sistemas rivais, a Siri ficou para trás em relação a seus concorrentes. Algo bem semelhante com o que vem acontecendo com a Alexa, da Amazon.
De acordo com Gurman, o líder de aprendizado de máquina e IA da empresa, John Giannandrea, e Craig Federighi, principal executivo de engenharia de software da Apple, estão liderando os esforços. Porém, as pessoas familiarizadas com o trabalho acreditam que a Apple está se preparando para fazer um anúncio significativo relacionado à IA apenas no próximo ano.
O sistema Ajax da Apple é construído com base no Google Jax, o framework de aprendizado de máquina da gigante das buscas. O sistema da Apple opera no Google Cloud, que a empresa usa para alimentar os serviços de nuvem, junto com sua própria infraestrutura e a AWS da Amazon.
Na tentativa de aprimorar seus avanços, a Apple procura contratar mais especialistas em IA generativa. Em seu site, ela publicou vagas para engenheiros com “sólido entendimento de grandes modelos de linguagem e IA generativa”, prometendo aplicar essa tecnologia à forma como as “pessoas se comunicam, criam, se conectam e consomem mídia” em iPhones e outros dispositivos.
Embora a Apple não tenha lançado muitos novos recursos de IA desde a contratação de Giannandrea, em 2018, pelo menos duas iniciativas prometem colocá-la no mapa. Uma delas é um novo serviço de coaching de saúde chamado Quartz, que usa dados do Apple Watch e IA para personalizar planos. Além disso, a promessa do futuro carro elétrico da empresa usará IA para alimentar as capacidades de direção autônoma do veículo.
Será que a Apple se sairá bem no campo da inteligência artificial? Apenas o tempo dirá, mas é válido lembrar que a empresa sempre adotou uma estratégia cautelosa. Ela nem sempre foi a primeira a lançar uma novidade, mas frequentemente se destaca como a melhor.
Diferente de outros anos, o mercado tem feito movimentos estranhos (quase que uma movimentação ludista em relação as novas tecnologias). Basta observarmos o que foi o lançamento do Apple Vision Pro. Apesar de ainda não ter chego nas lojas, o produto já sofre com uma resistência de alguns consumidores (ele é para todos? não… mas a propaganda negativa pode influenciar até mesmo os early adopters).
Ao que tudo indica, a Apple vem querendo “sentir” o mercado, quando o assunto é inovação fora da curva. A promessa do carro elétrico já tem anos, mas a adoção ainda é muito pontual. O mesmo deve ocorrer com a IA.
Após o boom do ChatGPT e das IA’s generativas, parece que o mercado caminha agora para uma fase de amadurecimento, onde não necessariamente todos adotarão imediatamente tais soluções (apesar de haver um amplo mercado para produtos desse tipo). Talvez a estratégia da Apple de não apresentar nenhuma solução de IA na WWDC23 tenha sido uma boa jogada, especialmente em um momento em que a discussão sobre privacidade está cada vez mais em destaque no campo da inteligência artificial.
Em resumo, seria equivocado de minha parte falar que a Apple está atrasada na discussão sobre as IAs. Não foi assim com o iPhone, nem com os iPads (que, quando lançados, já tinham competidores no mercado). Não será agora… ou será?