Sem categoria
Por isso, hoje não haverá post.
Estou aqui, preparando minhas pesquisas para escrever mais um post, pois sinto uma grande responsabilidade e tento sempre que possível trazer algo que seja relevante,…
Estou aqui, preparando minhas pesquisas para escrever mais um post, pois sinto uma grande responsabilidade e tento sempre que possível trazer algo que seja relevante,…
Estou aqui, preparando minhas pesquisas para escrever mais um post, pois sinto uma grande responsabilidade e tento sempre que possível trazer algo que seja relevante, divertido e embasado para dividir com vocês, e acabo separando diversas matérias culturais dos jornais, após selecionar algumas coisas da internet, como sempre faço. É o meu processo criativo particular que tanto me trás alegria.
Porém, hoje a seleção de material sofre um revés, ela não será concluída, a explosão de satisfação ao criar não acontecerá: ao invés de ler na íntegra o caderno do jornal, me deparo com a página principal: trata-se da foto de alguns civis enterrando seus filhos, após mais um ataque na faixa de Gaza. Minha pesquisa acaba aqui, tamanho choque que invade meu espírito.
Costumo brincar dizendo que meus posts só ficam prontos quando eu finalmente consigo viajar através deles, pois acredito que todas as manifestações de arte são capazes de nos carregar por jornadas surpreendentes que ampliam e transformam nossa forma de encarar a vida e suas manifestações. Porém, desta vez, a foto impressa parecia me dizer: “pare tudo agora, e preste atenção em mim. Viajar pelos caminhos da realidade crua é o que importa neste momento.”
Vocês não acreditarão na imagem exposta na capa do jornal: são crianças envolvidas em panos brancos, criaturas ingênuas que ocuparão covas profundas, covas que já estão prontas. São criaturas que não optaram e não tiveram a chance – uma misericordiosa chance – de ao menos escolher em estar ali ou não, de participar dessa avacalhação que chamamos de ataques, de guerra.
Guerra que parece ser justificada por tanta dor que já provocou, por invasões motivadas pelo passado e pelo presente… qualquer justificativa aqui não conseguirá explicar para estas crianças o porquê delas estarem ali. E nem justificará o porquê para as crianças que também ocupam covas do outro lado da faixa, do lado que agora invade, mas também já foi atacado e alvo da politizada guerra. Faça-as entender que não poderão mais brincar, que não poderão voltar à escola, não crescerão, não terão a oportunidade de cursar uma faculdade, tirar carta para dirigir, não poderão encontrar suas caras-metade, não se casarão e não terão filhos… por conta de um conflito que teve início há muito tempo, mas que ninguém teve coragem e bom senso de fazer parar.
E agora, elas que paguem pelos erros de todas as gerações, de todo o passado violento e intolerante que foi escrito – e que será reescrito muitas outras vezes, uma vez que ninguém vai cessar, vai interromper o ciclo de ódio tão repudiado por todos, mas que nunca deixou de ser alimentado nas mentes e corações.
O conteúdo textual do jornal explica que o ataque é uma prova que os civis são alvo dos bombardeios e não somente determinado grupo considerado terrorista pelo povo oponente. E, curiosamente, este grupo que é alvo da afronta promete que não vai aceitar um acordo para que suas crianças parem de morrer de forma estúpida. Por um momento, esqueço quem é quem, quem ataca, quem morre, quem revida e me pergunto por que somos tão estúpidos.
Escondemos-nos atrás de posicionamentos políticos – quão relevantes eles são diante da vida? – enquanto, volto a frisar, são as inocentes crianças que morrem. Todos nós odiamos a violência, mas é curioso como não conseguimos viver sem ela. Fatalidade, força maior ou escolha individual? Escolha de nós, os adultos inteligentes, que fique bem claro.
Sabendo que não domino profundamente o assunto, faço uma pesquisa sobre o motivo, a gênese do confronto e logo percebo que é justamente este o motivo do porquê daquelas crianças protagonizarem tamanha imagem estarrecedora: quando as pessoas entendem demais sobre a guerra, elas passam a entender menos sobre a paz e a compaixão.
Sei que muita gente já sofreu – e continua sofrendo – por conta do secular desentendimento em diversas regiões do globo, mas embora seja algo idealizador demais, eu gostaria de dar voz às crianças, elas que agora estão mudas, em suas covas frias. Que aqui elas venham, escrevam neste blog, invadam a TV, o rádio e a Internet. Que elas transmitam suas percepções, suas dores, suas verdades. E que tomem o poder e, segurando suas bonecas, carrinhos e bonecos do Spider-Man, decidam nosso destino: o meu, o seu e de cada um que no planeta reside.
Elas têm esse direito e eu acredito sinceramente que elas vão corrigir a trajetória, acertar a situação, ao contrário de nós, os adultos inteligentes, politizados e donos da verdade. E o mais importante: estúpidos também.
Desabafo feito, lamento que hoje vocês não possam ler um post com ar engraçado, voltado para cinema, HQ e cultura geral. Hoje não será assim. Longe de querer pactuar com qualquer posicionamento, sem medo de causar furor e protestos, este post resume o que foi um dia a esperança que brilhou no olhar daquelas crianças.
“Sem a máscara aonde você vai se esconder? Não poderá se encontrar perdido na própria mentira.” – Trecho de Everybody´s fool.