A Apple anunciou em setembro de 2020 o novo iPad Air, a quarta geração dos tablets que têm como sinônimo leveza e velocidade. Um mês depois, em outubro, eles chegaram ao Brasil, a princípio na versão Wi-Fi, a partir de R$ 6.999. Apesar da alta – altíssima – do dólar, este tablet é ideal para os usuários mais exigentes, criativos, mas que não querem investir no iPad Pro também de quarta geração, lançado em março do ano passado, com um investimento de pelo menos R$ 9.999.
Como destaque, este iPad Air 4 traz um visual mais Pro do que nunca. Com menos bordas, ele tem uma tela Liquid Retina de 10,9 polegadas, mas justamente por não ser o modelo mais caro da empresa, a Apple não adicionou o Face ID nele e colocou, pela primeira vez, o Touch ID no botão superior – algo que muitos ainda querem ver nos iPhones. Com três cores bem chamativas e duas básicas, o tablet também traz suporte ao Magic Keyboard e ao Apple Pencil de 2ª geração.
Nos últimos dois meses, o Com Limão vem testando o iPad Air de 4ª geração com 256GB de armazenamento na cor Prateado e na versão Wi-Fi cedido pela Apple. E apesar dos acessórios serem parte muito importante da nova experiência iPad, optamos por falar nesta análise principalmente do uso do tablet por ele mesmo e o resultado ainda assim é surpreendente.
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Um iPad novo nunca foi tão interessante
Como dito, este iPad tem uma Tela Liquid Retina, mesmo nome dado ao display LCD presente no iPhone 11, de 10,9 polegadas. As cores são vivas, precisas e o consumo de vídeos e jogos traz, com certeza, uma experiência imersiva.
Com cinco cores (Prateado, Cinza-espacial, Ouro rosa, Verde e Azul-céu), menos bordas e um certo relevo na câmera, o iPad tem um visual bem limpo e é uma baita mudança em relação a linha Air, padrão ou mini. Mais próximo do iPad Pro, é verdade também que o tablet não tem uma identidade tão única quanto um iPhone ou até mesmo os tablets recém-mencionados. Uma das minhas primeiras impressões foi: `este iPad está a cara de um tablet da Samsung’.
Isso porque sem um botão inicial, as bordas arredondadas deixam o iPad com uma cara mais padrão. Há pontos positivos nisso, também: o novo design permitiu o Touch ID no botão superior. É a primeira vez que a Apple muda o leitor de impressão digital de lugar nos tablets da empresa. Com a Smart Cover, eu confesso, não tive a melhor experiência do mundo com o leitor. Era muito comum eu bloquear o iPad quando queria desbloquear e às vezes ele não reconhecia o meu dedo entre a case para começar a usar o tablet.
Veja bem: o Touch ID no botão superior é uma ótima solução para aumentar o tamanho da tela sem necessariamente aumentar o corpo do produto, mas talvez o botão precisasse ser um pouquinho maior ou mais sobressalente para garantir a efetividade.
Outro ponto de mudança, que o faz mais parecido com um iPad Pro, é a nova porta USB-C em vez de uma Lightning. O iPad Air 4 carrega igual um MacBook novo, um Galaxy S20 ou o Nintendo Switch: com um cabo USB-C. E isso é muito bacana.
Já falando da câmera, ela é uma grande-angular de 12 MP e tem uma lente estupidamente boa para quem vai usá-la para basicamente escanear documentos. A câmera FaceTime HD de 7 MP vai trazer uma experiência satisfatória para as infinitas ligações de vídeo que viraram rotina durante a pandemia.
Por fim, vale citar que o iPad Air tem o corpo feito 100% de alumínio reciclado, ponto positivo para a empresa que mostra ações para diminuir a sua pegada de carbono no meio ambiente.
Corpo novo, alma renovada
Para quem está acostumado com o iPhone X (ou superior), terá uma experiência de interação com o iPad Air igual. Tudo é feito deslizando o dedo: para voltar à tela inicial, para acessar as centrais de controle e notificação e até para trocar entre aplicativos.
O iPadOS 14 também traz diversas funções pensadas para o uso do tablet, como a barra lateral, que existe em diversos aplicativos para melhorar a produtividade e a Busca Universal que permite procurar localmente ou na internet o que você precisa.
Outra novidade do iPad Air 4 é que foi ele o primeiro produto da Apple a estrear o A14 Bionic, o processador de cinco nanômetros mais poderoso da empresa até então. Ele tem uma performance 40% melhor em relação ao último Air.
Jogos do Apple Arcade, edições de foto e vídeo e qualquer outra atividade no iPad Air parecem brincadeira de criança. Tudo funciona de maneira eficiente e flui bem.
A única questão é a capacidade de armazenamento: com opções de 64GB e 256GB, o iPad parece ou ter pouca ou muita memória disponível e isso se traduz em até R$ 2.000 a mais para o bolso do consumidor – pensando apenas na versão Wi-Fi. A Apple deveria oferecer, assim como no iPad Pro, um armazenamento inicial de 128GB, ideal para a maioria das pessoas, já que, independente da escolha de armazenamento, o iCloud virou parte fundamental da experiência de quase todos os usuários Apple.
iPad Air 4 por ele mesmo
Já testei todas as categorias de iPad disponíveis e encontrei muito o que gostar no iPad Air. Mesmo sem usar o Apple Pencil de 2ª geração ou o Magic Keyboard – que espero muito testar em breve -, tem sido uma experiência bem bacana do iPad apenas com a Smart Cover.
Ele mais os AirPods Pro trazem uma imersão real com as séries originais do Apple TV+ utilizando o áudio espacial. Outro dia, por exemplo, decidi levar o iPad para fazer ioga no parque com uma amiga e não só o brilho dele era forte o suficiente para nos permitir ver as atividades ao ar livre, como o áudio compartilhado entre dois AirPods permitiu uma concentração maior nos exercícios.
Utilizar o iPad para jogos como Mini Motorways ou simplesmente digitar algumas pequenas notas também é bacana. Para quem estava acostumado a usar um iPad Pro de 2ª geração como computador e para o trabalho, o teclado (Smart Keyboard) faz falta, mas me vi fazendo outras coisas com este modelo de tablet, como segurá-lo para ler o jornal. usar as redes sociais e consumir vídeos nos mais diversos aplicativos.
Sinto falta, no entanto, de jogos que façam bom uso do A14 Bionic. A minha sensação é que há oito anos, os jogos eram mais desafiadores e ‘cheios’ do que o que vemos hoje em dia e nem mesmo o Apple Arcade tem suprido essa lacuna. Onde estão os Infinity Blades da década de 20?
Bateria, preço e considerações finais
Como em todos os iPads, a Apple promete um dia inteiro de bateria e é possível dizer que este tablet pode durar bem mais. Como não é um device que costuma ser usado por horas a fio, eu costumo carregá-lo a cada quatro dias. Ele usa o novíssimo carregador de 20W, incluso na caixa, com um cabo USB-C para USB-C. O bom disso é que é possível usar o cabo do MacBook nele ou até aproveitar um carregador rápido de um Galaxy S, por exemplo.
Ainda é confuso o critério da Apple de quais produtos merecem ter uma porta USB-C, mas é bom ver que o iPad Air se junta ao iPad Pro, os MacBooks e todos os outros dispositivos tecnológicos do mercado.
Começando em R$ 6.999 no modelo Wi-Fi de 64 GB e chegando até R$ 10.299 na versão de 256 GB com Wi-Fi + 4G, é um susto para os consumidores que pretendem trocar aquelas primeiras gerações de iPad que têm em casa. Para um uso ainda mais simples, há modelos mais em conta, como o iPad de 8ª geração e o iPad mini 5.
Para quem busca dar uma modernizada no ambiente de trabalho, quer uma experiência com menos bordas ou até um companheiro para aulas, este iPad Air promete ser o verdadeiro parceiro de anos a fio. Entre ele e o iPad Pro, também de 2020, são poucas as diferenças, como uma tela com uma taxa de atualização maior, um sensor LiDAR de Realidade Aumentada e o Face ID, que, convenhamos, não tem sido muito útil durante a pandemia.
É por isso que é possível dizer, pelo menos até o próximo iPad Pro ser lançado, que o iPad Air de 4ª geração é o verdadeiro iPad para se comprar, com um custo-benefício melhor, um processador mais atual e um design mais moderno (aí comparando com os demais modelos).
Os acessórios próprios recheiam a experiência de uso do tablet, mas ele, por si só, já vale o investimento. Este é o iPad Air 4!