EcoDesign / Impacto

As empresas e a sustentabilidade: Precisamos de criatividade para mudar o mundo

Mudar a cultura de uma empresa é difícil, mas com ideias alternativas, designers podem ajudar o mundo

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Acho incrível como algumas empresas levantam a bandeira da sustentabilidade. “Usamos menos papel”, “a qualidade de vida dos nossos funcionários é a melhor” ou “temos embalagens recicladas/recicláveis”. Essas são algumas prerrogativas do mundo corporativo. Muitas vezes usadas como vantagens competitivas, essas argumentações – que não deveriam passar de obrigatoriedade – transformam as empresas em filhos perante aos consumidores (pais).

Afinal, quem nunca escutou do pai, da mãe, tio, vó, vô, irmão mais velho ou qualquer parente, a brincadeira do “não fez mais do que sua obrigação” ao tirar uma boa nota na escola?

Cuidar do meio ambiente não seria apenas uma simples obrigação das empresas? Gerar valor para sociedade é uma barreira para ganhar dinheiro? Afinal, não podemos negar que qualquer empresa, seja de qual ramo for, tem como objetivo encher o dinheiro de boas verdinhas. E neste caso não estamos falando de nada relacionado à natureza, se é que você me entende.

Um dos exemplos que quero mostrar foi citado na revista Harvard Business Review, de Novembro de 2011, e já é case para quem estuda este tipo de interação empresa-sociedade-meio ambiente. São as vans médicas da Pampers na África Ocidental.

Você sabia que boa parte das famílias carentes na África Ocidental possui celular? Guarde esse dado, pois já vou explicar onde quero chegar. Também naquela região, todo funcionário da Procter & Gamble possui uma meta quantitativa para medir o seu impacto na sociedade.

Junte estes dois elementos, mexa bem e sirva com… uma van médica Pampers. Foi exatamente isso que a divisão de cuidados com o bebê fez. Montou clínicas ambulantes da marca Pampers, cada uma com um médico e duas enfermeiras, a fim de darem orientações sobre o cuidado pós-natal e para encaminhar os pequeninos para acompanhamento em hospitais e imunização.

Além disso, as são mães cadastradas no Pampers Village, um canal para os usuários tirarem dúvidas com profissionais da saúde e receberem dicas via celular.

O resultado é uma grande filantropia? Não! As vendas das fraldas Pampers dispararam na região e hoje a África Ocidental é um dos mercados onde a P&G mais cresce.

Está certo que para este tipo de ação é necessário um engajamento massivo da empresa e se você é um “mero” designer dentro de uma grande estrutura, muitas vezes é uma epopeia mudar a cultura da empresa.

Então como o designer pode funcionar como agente transformador nessa correlação? (Quase) simples!  Use suas forças para criar itens que possam mudar o cotidiano das pessoas.

Não entendeu? Vou dar um exemplo. Quando os designers responsáveis por desenharem a embalagem do Kin Two do aparelho, por coincidência eles criaram um invólucro multitarefas. Digo coincidência, pois se observarem bem no vídeo, verão que a embalagem poderia ter algumas modificações que permitiriam o armazenamento do manual e, após a compra, de outras tantas coisas.

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Não podemos esquecer também que um celular já tem impacto absurdo no meio ambiente e com suas baterias e componentes prontos para virarem lixo eletrônico cada vez mais rápido, ou seja, diminuir o consumo deste produto está cada vez mais longe.

Solução? Se não pode transformar de um lado, modifique do outro. Que tal uma embalagem que não vira lixo imediatamente e pode ser reutilizada? Além de já ser reciclada, vão se os celulares e fica uma simpática bolsa.

Este tipo de iniciativa não fica só nas mãos dos designers. Se você é um engenheiro, advogado, administrador, jornalista ou qualquer outro tipo de profissional, que tal pensar em soluções alternativas (nas suas devidas áreas, é claro) nesta correlação com a sociedade e o meio ambiente? Afinal, hoje em dia, não basta mais ter no e-mail uma assinatura simpática com “não imprima este e-mail”, é necessário mudar, transformar.



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