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O designer do futuro: Desafios do design para um futuro da incerteza

A relação do design e o impacto social foi um dos temas mais abordados entre diversas palestras com profissionais do setor durante o G.A.T.E. (Global Access Through…

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A relação do design e o impacto social foi um dos temas mais abordados entre diversas palestras com profissionais do setor durante o G.A.T.E. (Global Access Through Education), evento de educação internacional que teve sua 3ª edição em São Paulo. Quem nos acompanha no Twitter viu que demos essa dica de evento gratuito no último dia 10.

Pois bem, voltando ao evento… As principais instituições de design e arte do mundo, como Central Saint Martins – University of Arts London, Istituto Marangoni School of Design Milano, Parsons School of Art and Design de Nova York, Faculdade de Design, Arquitetura e Construção da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), Faculdade Belas Artes e Estudio Campana lideraram a conversa sobre educação e o futuro da profissão durante esta edição.

Com uma visual muito além do design gráfico como comunicação, e mais como uma ferramenta transformadora e de projeto, o design ganhou visões “fora da caixa”. Em uma delas, Humberto Campana, um dos fundadores do Estudio Campana, afirmou: “acredito que por meio do design podemos empoderar comunidades carentes para que gerem renda para si. Com a atuação do Instituto Campana, não produzimos as peças, mas orientamos a produção a fim de despertar o poder criativo das pessoas. Temos uma preocupação social, com o que pode ser feito pelo outro”, contou o designer.

Com a mesma temática, mas se aprofundando na parte educacional e o desafio do futuro imprevisível em uma era em que a comunicação de mídia, moda, tecnologia e o mundo estão em constante transformação, Nick Rhodes, um dos diretores de Design da Central Saint Martins, ranqueada entre as seis melhores instituições da área no mundo; Simon Collins, conselheiro da Parsons School of Art and Design de Nova York e fundador da WeDesign; Ana Paula Moreno, do Estudio Campana; Mark Anderson, do Istituto Marangoni de Milão; e Carol Garcia, da Belas Artes, tiveram uma discussão calorosa e animada sobre se o papel do designer deve ser com o meio onde está inserido ou se deve manter sua individualidade.

“Antes ensinávamos as pessoas a pensar, hoje ensinamos a aprender. Em dez anos não vamos estar onde imaginamos, possivelmente estaremos trabalhando em profissões que nem sequer existem ainda. Precisamos estar abertos para estudar e criar. E o designer precisa aprender a se comunicar melhor, afinal nós também somos comunicadores. Precisamos ver o mundo como uma lousa”, defendeu Collins. Em contraponto, Anderson colocou seu ponto de vista: “Os designers mostram seus valores em suas criações. Precisamos também preservar a identidade do produto e sua individualidade”.

Nick Rhodes também abordou o tema em sua palestra, reforçando o rápido crescimento das oportunidades com a expansão tecnológica. Afirmou que a mudança das habilidades e ferramentas utilizadas podem ser desorientadora para futuros profissionais, listando, assim, quatro desafios a serem superados: a incerteza, o medo e a ansiedade, o peso das expectativas e a expectativa de criatividade. “Embora trabalhemos no mundo das coisas, são as necessidades e as conexões entre as pessoas no mundo real que mais nos interessam. Por isso, é por meio dos materiais, processos e técnicas de design que o os cursos da Central Saint Martins questionam o design para um impacto social positivo”, comentou Rhodes.

No futuro (e hoje), o conhecimento técnico é secundário

Ainda sobre o futuro da profissão, em sua palestra sobre crafting design, Mark Anderson falou sobre como as soft skills serão mais importantes que o tradicional conhecimento empírico, estabelecido no setor. O educador dividiu com os participantes os resultados de uma recente pesquisa feita com diferentes profissionais, que procurava responder ‘quais são as mais importantes características ou habilidades que o profissional do design deve ter hoje e em 10 anos’.

Entre historiadores, projetistas, desenhistas industriais e outros, as cinco respostas mais populares foram: paixão, empatia, abertura para outras áreas de conhecimento, forte senso de identidade pessoal e cultural e habilidade de observar e prever. “O mais interessante dessa pesquisa é que nenhum desses resultados fala de hard skills, ou seja, conhecimento técnico. Ela mostra que o mais relevante para o futuro, que já está acontecendo, é um desenvolvimento do senso tácito que passa a ser cada vez mais necessário para a construção de um bom projeto de design”, finaliza.

Anthony Burke, da Faculdade de Design, Arquitetura e Construção da Universidade de Tecnologia de Sydney, também comentou como a diversidade cultural traz inovação, ideias e criatividade para essa área, além de destacar, em sua palestra, três grandes mudanças que estão ocorrendo na Ásia dentro desse mercado: Economia Circular e como diversos projetos estão focando na sustentabilidade; Design com ética, já pensando em como sua empresa ou produto vai gerar um impacto positivo no mundo, deixando de pensar na beleza do design mas sim na sua relação com o entorno; e Colaboração por meio de parcerias, que auxiliam a produção de protótipos que podem vir a ajudar na transformação do futuro de forma positiva.

Por fim, Simon Collins também fez apresentação destinada aos interessados por Design Thinking e definiu nove pontos essenciais para uso desse método:

  1. crie belas soluções;
  2. seja brilhante;
  3. cultura vem antes da estratégia;
  4. aprenda a dizer não;
  5. defenda algo;
  6. crie valor sem lucro;
  7. pense global;
  8. conte sua história;
  9. divirta-se.


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