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Análise/Review: Gears of War 3 - Brothers to the End
Com limão chegou ao fim da trilogia Gears of War e comenta as cenas épicas, emoção³ e o drama dos fãs
Com limão chegou ao fim da trilogia Gears of War e comenta as cenas épicas, emoção³ e o drama dos fãs
Quando terminei de ler o último livro da saga “A Torre Negra”, magistralmente escrito por Stephen King, não pude deixar de sentir certa tristeza. Afinal, acompanhei durante tanto tempo os personagens daquele mundo, passei junto a eles tantas alegrias, perigos e desilusões, que quando finalmente a última página se fechou, não pude conter um grande sentimento de vazio.
Minha surpresa foi que, ao subirem os créditos de Gears of War 3 me senti do mesmo jeito de quando fechei o último volume da saga do Pistoleiro. Triste.
Como o fim de um feriado, ou a despedida de amigos recém-conhecidos em uma viagem. Esse é o quanto o fim de uma obra (e considero os três jogos, partes de um todo) é relevante para uma pessoa.
Com Gears of War 3, Cliff Bleszinski (o designer chefe e diretor) juntamente com a Epic Games em parceria com a Microsoft Games finalmente amarram as pontas soltas (a maioria ao menos) e fecha a história de Marcus Fênix e seu grupo de COG´s.
A superfície do planeta Sera a alguns anos foi invadida pelos Locust, seres que viviam no profundo subterrâneo, no chamado Emergence Day. A guerra despontou e ninguém sabia por que raios esses seres monstruosos haviam decretado guerra. A humanidade utilizava um combustível encontrado no subsolo de Sera, a Emulsão que afetava a Horda Locust como uma doença, transformando-os em seres ainda piores chamados Lambent.
Ao final do segundo jogo, os humanos foram obrigados a destruir sua última cidade, Jacinto, a fim de inundar a Hollow, ou seja, os túneis subterrâneos que serviam como lar e base dos Locust, mas infelizmente os Lambent ainda estão por todo planeta, e eles aumentam a cada dia.
O terceiro jogo começa com Marcus Fênix e seus amigos Dominic Santiago, Anya Straud, Augustus Cole, Damon Baird, Samanta Byrne e Clayton Carmine (o terceiro irmão dos finados Anthony e Benjamin Carmine) navegando errantes no navio Soberano, procurando suprimentos nos devastados e destruídos escombros das cidades de Sera, já que o governo não existe mais, o exército se dividiu e toda esperança jaz no fundo do mar.
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Mas eis que, no meio de tudo isso, Marcus Fênix recebe uma mensagem de seu pai: Adam Fênix! Ele está vivo e possui a chave para o fim da guerra. De uma vez por todas. Esta terceira parte serve como um ótimo desfecho. Não é curto e grosso como o primeiro, nem longo e megalomaníaco como o segundo (que na sincera opinião deste que vos escreve ainda é o melhor da série), mas adiciona sim uma boa dose de história (aqui as cutscenes são mais aproveitadas e as informações e conversas entre os personagens “in game”, inclusive durante tiroteios, são muitas) e – quem diria – de sensibilidade.
Para quem acha que os COG´s são durões e não possuem sentimentos, chega a ser arrepiante a cena em que um dos principais personagens se auto sacrifica numa cena com explosões, monstros e destruição enquanto, na trilha sonora, um piano toca “Mad World”.
Os desdobramentos dessa cena são comoventes e permeiam até o desfecho, definindo o clima do jogo como mais pesado a partir daí. Ponto para os dubladores que fizeram um grande trabalho (destaque para John DiMaggio, como Marcus Fênix). É o videogame novamente mostrando para Hollywood como conduzir uma boa história.
Temos também uma bem-vinda sequência em retrocesso, mostrando os dois lados de um mesmo acontecimento, onde jogamos controlando Marcus Fênix e depois controlando Augustus Cole (ou “Cole Train” para os fãs), um dos personagens mais legais do jogo.
Em termos de jogabilidade não há nenhuma novidade neste terceiro episódio.
A mecânica que foi consagrada a partir do segundo episódio continua, com algumas adições de armas e uma mecânica dentro de um “silverback”, um “mecha” em tamanho “humano” que serve tanto para carregar cargas pesadas, quando para destruir de maneira mais eficiente as hordas de monstros asquerosos que não param de atacar.
Monstros: A essência de Gears of War
Falando em monstros, eles são muitos. Os já conhecidos Locust estão todos lá, com o encontro com alguns Brumaks, Corpses e toda a horda de soldados reptilianos. Como novidade, podemos encontrar alguns Lambent novos: uma Berseker Lambent, um Leviathan (um grande monstro marinho, casca grossa de matar) e os bem-vindos humanos infectados pela Emulsão. São pitadas de tempero em um prato que já sabemos ser saboroso ao natural.
Cenários: A beleza de uma guerra
Os cenários, como de praxe na série, são lindos e variados, com gráficos maravilhosos fazendo jus à nova geração. Tecnicamente o jogo é soberbo. Sua taxa de quadros não cai em momento nenhum, suas texturas são límpidas e a modelagem dos personagens segue a característica “marombada” da série. Temos navios, desertos, fundo do mar, cavernas, resorts de luxo, cidades devastadas, laboratórios secretos, etc. Aliás, a seqüência que se passa na cidade devastada de Char, com os corpos carbonizados dos antes Seranos é fantástica e traz um bem-vindo suspense em meio a tantas balas voando.
Conclusão: As dúvidas dos fãs
Porém, infelizmente Gears of War 3 não é o melhor da trilogia, título este que ainda pertence à segunda parte da série. Apesar de bem variado, GOW 3 não é tão épico como GOW 2 (onde literalmente Marcus Fenix mostrava quem era, entrando dentro de um verme gigante, sequestrando Reavers, andando em Brumaks, passeando por uma cidade que está afundando no mar, invadindo a base dos Locust, etc.).
Esse sentido de grandiosidade, de megalomania e porque não, de exagero (no bom sentido) é justamente o que eu esperava (elevado ao quadrado) em Gears 3. O jogo é longe de ser ruim. Muito pelo contrário, é um dos melhores lançamentos do ano e faz jus aos seus antecessores, mas o jogo acaba sofrendo da “Síndrome de Michael Bay”: Não há um clímax, ou toda a sequência do terço final é um grande clímax mediano. Não como aquele, no primeiro jogo, em que finalmente enfrentamos o truculento General Raam, ou no segundo que quando pensávamos ter terminado na derrota de Skourge, escalamos para a fantástica e épica sequência com o Brumak.
Até dois terços do jogo a escala é crescente, mas a partir do terço final, o sentido de grandiosidade congela e nos leva a um confronto final morno.
O final é agradável, interessante e faz sentido, mas não é épico.
Analisando Gears of War 3 isoladamente, é um ótimo jogo, talvez o melhor “shooter em terceira pessoa” do ano. Mas congela o ritmo no passo no final. Mantém-se, é claro, em um nível alto, mas podia ser muito maior visto o episódio anterior. Como parte final de uma trilogia, é sim muito satisfatório. Fecha uma ótima história de ação e ficção, com personagens fantásticos e muito bem desenvolvidos (que passamos a gostar e nos importar) com chave de prata. Não é melhor que o segundo, mas chega perto. Se ao menos tivéssemos mais passeios de Brumak…
Observação final: Gears of War 3 é exclusivo para Xbox 360. O jogo vem com legendas em português, que não estão perfeitas, mas não chegam a atrapalhar a experiência.
PS: Cliff Bleszinski já declarou que este é o final da saga de Marcus Fênix, mas não é o fim de Gears of War. Seja com novos aliados, novos inimigos, guerras novas ou em guerras antigas (a mitologia da série é vasta), voltarei ao mundo de Sera com prazer. E quem sabe, essa tristeza que me assolou ao subir os créditos diminua um pouco.
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