Design

IA no design: Pesquisa revela o futuro da profissão no Brasil

Adoção massiva e desafios de maturidade organizacional. Panorama revela detalhes do uso da IA no design brasileiro.

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No mercado de trabalho de hoje, a IA já não é uma convidada ocasional. Independente da área em que você atua, é muito provavel que ela está na mesa do lado, aberta em várias abas, respondendo prompts, gerando esboços, testando variações de layout e ajudando a tirar ideias do papel em menos tempo. No mercado de design então, esse cenário já nem parece futurista para alguns — e os números comprovam que, no Brasil, isso virou rotina.

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Um estudo realizado pela Môre Design em parceria com o IBPAD traçou um panorama do uso de IA entre profissionais de design no país, combinando rigor quantitativo com uma escuta qualitativa da comunidade. Foram 823 participantes, em sua maioria jovens, com grande concentração nas faixas de 25 a 34 anos (44%) e 35 a 44 anos (31%), refletindo um mercado plural, estratégico e atento à inovação.

“Do ponto de vista organizacional, a integração entre IA e práticas de design reduz o tempo entre estratégia e execução, qualifica decisões e favorece experiências mais personalizadas. A combinação de automação, dados e criatividade orientada por IA abre espaço para modelos de operação mais eficientes e inovadores.”

— Léo Xavier, fundador e CEO da Môre

O recorte de gênero também mostra equilíbrio em transformação: 53% se identificam como mulheres, 45% como homens e 2% como pessoas não binárias. Regionalmente, o Sudeste domina com 67% dos respondentes, seguido pelo Sul (17%) e Nordeste (10%). A maior parte atua em empresas privadas, consultorias e startups ligadas a tecnologia, software, comunicação e entretenimento.

Mas o dado que realmente chama atenção está no uso cotidiano: 94% dos designers já incorporaram alguma ferramenta de IA ao trabalho. Desses, 66% usam a tecnologia diariamente e 25% semanalmente. A curva de adoção forma um “U” curioso: tanto os nativos digitais (até 24 anos) quanto profissionais maduros (acima de 55) estão entre os que mais dizem usar IA com frequência.

Na prática, isso significa que a IA deixou de ser curiosidade para virar infraestrutura criativa. Ela participa de pesquisas de referência, organização de ideias, rascunhos de texto, variações de layout, testes de tom de voz e até roteiros de apresentação para clientes. Ferramentas como ChatGPT, Gemini e recursos de IA em softwares de design já são amplamente conhecidas e usadas por uma parcela significativa da amostra — um exemplo nítido desta rotina foi resumida na palestra “Tornando a vida mais simples com o Design System do Itaú”(abaixo)

Ao mesmo tempo, o estudo mostra que a percepção sobre o impacto da IA é menos apocalíptica do que muitos debates sugerem. Para 69% das pessoas, a IA é um suporte incremental: acelera tarefas, amplia possibilidades, mas não substitui o olhar humano. Outros 21% a enxergam como transformadora, capaz de redesenhar processos e abrir novos modelos de negócio. Apenas 8% veem impacto mínimo, e 1% diz não perceber mudança.

Essa leitura pragmática conecta o design brasileiro a uma ideia de tecnologia como aliada, e não como ameaça direta à profissão. Em vez de falar em “fim do trabalho criativo”, os profissionais ouvidos apontam para um novo tipo de colaboração: cabe à IA lidar com volume, repetição, síntese rápida de dados. Ao designer, resta justamente aquilo que nenhuma máquina entrega sozinha: contexto, repertório, sensibilidade e capacidade de julgar o que faz sentido para pessoas reais.

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Outro ponto importante é a maturidade organizacional. O estudo indica que, embora a adoção seja alta, ainda há um caminho a percorrer em temas como governança, segurança de dados, diretrizes éticas e cultura interna. Muitas empresas estimulam o uso experimental, mas carecem de políticas claras sobre o que pode ou não ser feito com IA, como tratar dados sensíveis e como compartilhar aprendizados entre equipes.

“Embora o estudo mostre que o impacto ainda é incremental, ele aponta para uma transformação iminente. Minha reflexão pessoal, baseada tanto no estudo quanto nas minhas experiências no Brasil e no exterior, é que o ‘design tradicional’ já desapareceu ou não é mais valorizado pelas empresas. Em organizações líderes como o Itaú, os designers já se tornaram líderes de produtos e solucionadores de problemas de negócios e clientes. Eles utilizam escuta ativa com GenAl para criar soluções que agregam valor ao negócio e aos clientes, gerando receita e reduzindo custos, 100% integrados à estratégia”, afirma Fabricio Dore, diretor de experiência e design no Itaú.

No fim, o recado da pesquisa é claro: discutir IA no design brasileiro, em 2025, já não é falar de um futuro distante, mas de um presente em plena transição. Quem tratar a tecnologia apenas como atalho corre o risco de ficar na superfície.

Quem enxergar nela uma oportunidade de repensar processos, competências e modelos de trabalho tem mais chances de liderar esta nova fase do mercado.

Leia o estudo completo aqui: “IA no Design 2025: adoção, impacto e maturidade



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