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Como o Bitcoin pode ajudar a resolver o problema da desigualdade de renda
Em um artigo recém-publicado na edição norte-americana da Forbes, o jornalista Rufas Kamau defende que o Bitcoin pode ser tão esperada solução para a desigualdade…
Em um artigo recém-publicado na edição norte-americana da Forbes, o jornalista Rufas Kamau defende que o Bitcoin pode ser tão esperada solução para a desigualdade…
Em um artigo recém-publicado na edição norte-americana da Forbes, o jornalista Rufas Kamau defende que o Bitcoin pode ser tão esperada solução para a desigualdade de renda, um dos maiores problemas do paradigma atual da economia – quiçá, de toda a humanidade.
A fim de expor o racional que sustenta essa ideia, Kamau começa explicando o que nos levou à situação atual, em que o descompasso entre oferta e demanda eleva a inflação, fazendo com que as taxas de juros no mundo todo também escalassem.
Conforme descreve o jornalista, a alta nos preços dos ativos tangíveis – leia-se, bens imóveis e commodities, majoritariamente – está fortemente relacionada à desconfiança produzida nos mercados globais.
Dessa forma, a fim de preservar seu poder de compra e proteger a própria renda contra a desvalorização do dinheiro, o cidadão médio passou a procurar, nesses ativos intangíveis, um meio de blindar suas riquezas. Acontece que, como todo mundo pensou nisso ao mesmo tempo, os preços subiram vertiginosamente, tornando o problema da desigualdade ainda pior.
Afinal, quem tem mais recursos pode comprar terras e bens imóveis ainda que estes custem mais caro, enquanto os menos favorecidos são completamente barrados disso, sendo obrigados a arcar com a desvalorização do dinheiro.
A princípio, essa explicação pode parecer nada inovadora, afinal, concentração de riquezas nas mãos da maioria é um dos problemas mais antigos do mundo civilizado, e especialistas com as mais diferentes perspectivas já se debruçaram sobre esse problema.
Kamau, no entanto, avalia que a pandemia, ou melhor, a desestabilização gerada por ela nos mercados de trabalho e consumo, piorou o desequilíbrio de forma considerável.
Para ele, que é uma das vozes ativas sobre os temas de finanças e criptos no Quênia, a razão por trás disso está nas ações tomadas pelos agentes econômicos diante das restrições produtivas da COVID-19.
Neste trecho, Kamau explica que, de forma a estimular e compensar os percalços da economia, os bancos centrais do mundo todo lançaram mão de pacotes econômicos generosos, baseados, majoritariamente, na injeção de recursos e na facilitação do acesso ao crédito.
Por outro lado, as restrições produtivas da pandemia de COVID-19 tornaram as escolhas de investimento mais limitadas para quem detinha os recursos ou o crédito fornecido.
Assim, tal realidade fez com que os verdadeiros donos da bola – quer seja, as instituições e pessoas donas da maior parte das riquezas no mundo – vissem, justamente nos ativos tangíveis, a forma mais segura de proteger seus recursos das incertezas que rondavam (e rondam) a economia.
Conforme já é possível imaginar, todo esse movimento contribuiu e muito para a escalada nos preços. Posteriormente, uma vez que a oferta não foi capaz de acompanhar a demanda, os bancos centrais não viram outra alternativa que não fosse a retomada dos juros e a diminuição dos incentivos.
“Os bancos centrais estão fazendo uma vez que não podem aumentar a oferta de ativos tangíveis como propriedades e commodities. A escassez alimenta uma reação irracional por parte do público, então devemos ver mais governos reservando esses ativos. Isso poderá nos levar a ainda mais polarização e aumento dos preços, tornando as decisões de compra mais difíceis pro cidadão comum.” – explica o jornalista.
Após descrever a situação atual, Kamau retorna para a premissa de seu artigo e aponta como o Bitcoin poderia amenizar essa questão. Para isso, ele começa lembrando que a criptomoeda é uma commodity, ou seja, é um bem fungível, e que, além disso, também se trata de um recurso limitado, uma vez que o Bitcoin não pode ser simplesmente produzido, devendo ser minerado.
A partir de então, ele também nos lembra que o preço do Bitcoin, assim como os de outros ativos tangíveis, é determinado especialmente pelas dinâmicas entre oferta e demanda. Por essa definição, a criptomoeda também seria um meio eficiente para resguardar riquezas, protegendo-as da desvalorização do dinheiro.
Neste ponto, é possível que você se pergunte o seguinte: mas se o Bitcoin é uma forma de proteger os recursos da desvalorização, o que explica as recentes quedas das criptos ao mesmo tempo em que a moeda tradicional perde valor? Para Kamau, no entanto, tudo é uma questão de tempo.
Segundo ele explica, conforme o mercado amplia sua receptividade às criptomoedas, e ao Bitcoin em especial, a demanda por esse ativo deve elevar os preços ao mesmo patamar da inflação. Aqui, tal como os bens imóveis e as commodities, o Bitcoin pode se tornar tão disputado quanto.
A diferença, porém, é que, ao menos para Kamau, essa polarização do Bitcoin está em fase inicial, diferentemente do que ocorre com os outros ativos citados. Dessa forma, a maioria dos cidadãos, inclusive aqueles não tão ricos, bem como pequenos negócios, teriam uma chance “mais justa” de adquirir essa commodity.
Em resumo, Kamau aposta na retomada do Bitcoin, e explica que, enquanto essa onda ainda está se formando, há oportunidade para que pessoas comuns se preparem e surfem nela, uma vez que essa esteja em alta. Por consequência, isso equalizaria a distribuição de riquezas.
Para aqueles que seguem reticentes com suas afirmações, Kamau complementa dizendo que, num mundo globalizado, acontecimentos como os recentemente vistos na Ucrânia, Turquia e Canadá, aumentam a necessidade por um tipo de moeda que não possa ser controlado a partir de interesses nacionais (tal como seria o dólar).
Nesse sentido, as próprias pessoas, Kamau projeta, passariam a demandar uma moeda que não possa ser desestabilizada conforme a balança comercial dos EUA e o mundo. De um modo geral, ele conclui, o Bitcoin está ganhando tração como um tipo de moeda capaz de auxiliar indivíduos e instituições a lidar com problemas que as moedas tradicionais, centralizadas nos interesses dos governos, possuem.
Por fim, Kamau cita que o Bitcoin ainda têm uma forte relação com o mercado de ações, possivelmente até pelo fato do perfil de quem investe em ambos ainda ser o mesmo.
Contudo, caso haja um descolamento entre o valor do Bitcoin e o do mercado de ações num futuro próximo, seria mais um indício de que a criptomoeda está deixando de ser um mero mecanismo transacional, tornando-se uma reserva de valor.