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45 dias depois... a minha opinião sobre o iPhone Air
Confira o review completo do iPhone Air após 45 dias de uso real e porque o marketing atrapalhou o modelo subestimado da Apple.
Confira o review completo do iPhone Air após 45 dias de uso real e porque o marketing atrapalhou o modelo subestimado da Apple.
O que você vai descobrir a seguir:
O iPhone Air é o modelo mais fino já produzido pela Apple. São apenas 5,6 mm de espessura e 165 g. Mas, afinal, o que isso significa para o consumidor final? Neste review você verá a minha opinião sobre este modelo da Apple e como tem sido a experiência nestes quase dois meses com o aparelho.
Logo de cara, quero dizer que a minha opinião pode ser “polêmica” em relação a outros reviews. Isso porque eu acredito que o iPhone Air é um excelente aparelho. Apesar de alguns pontos negativos, a minha percepção em relação ao modelo é extremamente positiva. Começando pelo ponto central: a espessura e a construção do aparelho…
“O iPhone mais fino já feito. Com a força de um Pro por dentro.” — Divulgação do iPhone Air no site oficial do produto.
O modelo é extremamente resistente e, ao contrário do modelo Pro, ele é feito de titânio. Isso talvez tenha sido uma grande trapalhada da Apple nestes modelos 2025. O Pro, agora de alumínio, é menos resistente que o Air e sofre com desbotamento da sua pintura (apesar de eu não ter experimentado o modelo, tenho visto vários colegas relatando que o seu aparelho laranja está “salmão”). Outro ponto do Air é a sua leveza. São 40 g a menos em relação ao modelo Pro. No dia a dia, essa resistência e leveza fazem diferença.
Aliás, aparelhos de titânio têm sido a minha preferência nos últimos anos. O bichinho cai no chão, rola da escada, bate na parede e segue firme e forte. Enquanto os outros modelos, na grande maioria de alumínio, por causa da leveza e dissipação de calor, são bem fáceis de amassar e arranhar.
Mas vamos ao ponto polêmico. O mercado não percebeu as qualidades do modelo. Nem mesmo a utilização do mesmo processador do modelo Pro foi algo para os consumidores entenderem o quão interessante é o iPhone Air. Eu acho que nunca me imaginei falando isso, mas o grande erro da Apple não foi no aparelho, mas no marketing dele.
Vale lembrar que, quando falamos em marketing, isso inclui comunicação, posicionamento e preço. O Air tem preço inicial de R$ 10.499; já o Pro começa em R$ 11.499. No Brasil, onde a grande maioria dos consumidores compra este aparelho parcelado, os mil reais não fazem grande diferença. E voltamos àquela grande discussão que já falei algumas vezes por aqui: modelos classificados pela Apple como “pro” são direcionados para profissionais; mas o consumidor final não quer saber se vai utilizar só 20% do aparelho — ele quer ter o melhor, o “mais top”.
Um dos fatores centrais para o baixo interesse no iPhone Air é a relação entre inovação percebida e valor agregado. Apesar do design ultrafino, o aparelho não trouxe avanços significativos em desempenho, câmera ou autonomia de bateria — atributos altamente valorizados pelos consumidores.
“Fininho, mas sem força: por que o iPhone Air desabou nas vendas” — Forbes Tech
A minha experiência com o Air tem sido deliciosa. Com o processador A19 Pro e N1, o modelo dá conta de todas as atividades do dia a dia. Dos momentos de lazer, passando pelas tarefas diárias, até os dias de mais trabalho, o Air deu conta do recado, sem esquentar ou faltar bateria.
Aqui temos outra polêmica: a bateria. É comum ler reviews extremamente técnicos, com medições quase laboratoriais e termos que o consumidor fica se perguntando “que raios é isso?!”. Mas poucos colegas da área tech fazem uma coisa simples — o review empático. Se colocando no lugar do consumidor. É claro: se eu avaliar os produtos sob a minha ótica de utilização, de um profissional e… um profissional da área de tecnologia, a exigência é muito maior.
Vi muitos falando que o iPhone Air tem bateria de 3.149 mAh e que isso é menor do que a dos concorrentes. Mas bem sabemos: o desempenho da bateria não está ligado apenas ao consumo, mas a como o aparelho gerencia a utilização. Então fica a pergunta: gravar quase 4 horas de áudio, fotografar mais de 160 imagens, tudo isso utilizando WhatsApp e redes sociais, é algo que dá conta do seu dia a dia? Se a resposta for sim, então o Air não deixa nem um pouco a desejar.
Durante dois dias da Semana de Design do Itaú, tirei o aparelho da tomada às 06:00 (100%), utilizei quase que o dia todo — chegando a 50% às 15h — e conectei na bateria MagSafe só às 17h (~20%). Ok, eu utilizei o aparelho no modo Pouca Energia o dia todo, mas isso foi uma estratégia porque não conhecia o modelo tão bem e não tinha ideia se teria ponto de recarga no evento (e precisava pedir meu Uber de volta).
O desempenho do aparelho me surpreendeu tanto que cheguei a fazer um Story contando um pouco da experiência (reproduzido na imagem ao lado) e segui acompanhando nos dias seguintes para ver se ele manteria a performance desses dias intensos. “Ah, Victor, mas o iPhone 17 Pro tem 4.252 mAh!” Concordo com você. Por isso disse que o erro da Apple não foi no aparelho, mas no marketing.
O grande erro (e que estou reproduzindo neste review) é comparar o iPhone Air com o iPhone 17 Pro. Em teoria, nenhum modelo da marca deveria ser superior ao Pro, então isso significa que qualquer comparativo com ele seria dizer que o outro modelo é “ruim”. E um dos principais fatores está no preço. No Brasil, são “apenas” R$ 1 mil, mas nos EUA a diferença é de US$ 100 mais barato para o modelo Pro e US$ 200 mais caro em relação ao modelo 17. Uma estratégia que simplesmente não faz sentido.
E isso se complica quando falamos de outros dois fatores do Air: câmera e som. Falando primeiramente da câmera: é o único modelo com câmera única (Fusion principal de 48 MP). O modelo mais barato vem também com a Fusion ultra-angular de 48 MP. De novo, isso faz diferença para o usuário comum? Racionalmente, não. Mas a compra — muitas vezes — não é algo racional. Por isso existem tantos estudos de psicologia do consumidor. Quando ele (o consumidor) olha os três modelos “de costas”, ele acredita que a escala de força é: 1 câmera, 2 câmeras e 3 câmeras. Ele nem sabe qual a utilização real daquela lente extra, mas “com certeza deve ser melhor”.
“Ah, Victor, mas as câmeras fazem falta.” Vamos lá… de novo! Olhe estas fotos do meu dia a dia. Seja sincero e me diga: as fotografias são ruins? A questão é que quem faz a fotografia é o fotógrafo. Sou fotógrafo há anos, passando por uma das maiores revistas do país, então sei fazer uma foto razoável até com uma câmera pinhole (pelo menos eu acho que não são ruins). Agora, se você sabe o que é uma teleobjetiva e uma ultra-angular, talvez — e reforço! TALVEZ — você sinta falta se comprar um iPhone Air.





Agora, uma coisa que me incomoda profundamente, e acredito que a Apple tirou por questão de espaço, é o iPhone Air ter áudio mono. Ao contrário dos outros modelos, ele só reproduz som na parte de cima do aparelho. Entendo que a marca deve ter abdicado dessa função em favor da espessura do modelo, mas vamos concordar: isso é algo que o consumidor percebe demais. Ele pode não saber verbalizar o que está faltando, mas vai dizer que o Air é “mais baixo” ou que está faltando algo no som.
Em resumo, eu não sou tão crítico com o iPhone Air. Pelo contrário, gostei bastante do aparelho e acho que ele cumpre as minhas necessidades do dia a dia. Se a Apple adotasse uma estratégia diferente, acho que o modelo tinha potencial até de ser um modelo matador, assim como são os outros aparelhos da linha Air (MacBook e iPad).
Vale a pena ficar de olho em possíveis promoções deste aparelho, principalmente em momentos como Black Friday, Cyber Monday e Natal. Enquanto escrevia este review, encontrei alguns lugares vendendo o modelo por R$ 7 mil (256 GB) e R$ 10 mil (1 TB), mesmo preço do iPhone 17.