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A expressiva elegância das animações francesas
Com muito romantismo e qualidade, animações francesas mostram a qualidade criativa de um país
Com muito romantismo e qualidade, animações francesas mostram a qualidade criativa de um país
Certamente, cada nação contém um estilo único de proporcionar experiências através de uma animação. A abordagem tem significativo peso na qualidade uma curta ou longa, determinando a avaliação do público. Entre muitos estilos, o francês possui uma trajetória de destaque por conter características suaves e latentes ao mesmo tempo, cravando memoráveis peças pela linha histórica da animação.
Entre os indicados ao Oscar de 2011 na categoria de Melhor Longa de Animação estava “L’Illusionniste” (ou “O Mágico”, em português), que disputava com o excelente (e vencedor) “Toy Story 3”, da Pixar. Dirigido por Sylvain Chomet em 2010, a trama aborda um mágico que já teve dias de glória e sucesso, mas se vê em busca de falidas tentativas de trabalho. Ao lado de uma jovem tímida, ele encontra outros talentosos artistas – leiam-se acrobatas, palhaços e ventríloquos – que batalham por motivos semelhantes.
Por que lembrar de uma incrível animação como essa para sintetizar o estilo francês? Pois ela faz recordar como é fabulosa a metodologia usada para contar histórias realistas de uma maneira tão bonita. Por exemplo, em “L’Illusionniste” há quase que total silêncio verbal entre os personagens; deixando o foco nas expressões dos movimentos, embalados também por uma trilha sonora de ótima sincronia. É um longa que reúne muito daquilo que torna as animações francesas peças de perfeição: uma fórmula que mescla a beleza de incríveis locações com a elegância da comunicação (gestos e/ou fala), acompanhando uma explosiva técnica cheia de vida.
Há muito que explorar e aprender destes caras. Por isso, destacamos três curtas com elementos distintos que explicam, na prática, tudo aquilo que foi dito no parágrafo anterior. Vale o confere na lista:
“Oktapodi” é um curta de quase três minutos que possui uma dinâmica acelerada, porém bem adequada para a proposta que assistimos. Dois polvos se apaixonam no aquário de uma loja e, repentinamente, a fêmea é vendida e levada para transporte móvel. O macho, que fica sozinho pelo aquário, corre em busca da amada. O incansável resgate desencadeia uma disputa com o motorista do transportador – recheando a trama com comédia e impecáveis (e sensacionais) tomadas em um 3D com estilo elegante. Vale reparar nos detalhes do cenário, que dá até vontade de estar lá!
Com pouco mais de três minutos e meio, o curta “Um tour de manège” também entra na lista das animações francesas que contemplam uma beleza explícita e também subliminar. Uma menina, criança, entra num carrossel acoplado a uma doca. O brinquedo se solta e vai em direção ao mar aberto, encontrando outros muitos brinquedos perdidos, à medida que a menina vai envelhecendo rapidamente. Em seguida, ela encontra um vórtice e, já idosa, talvez não consiga retornar para a mãe que ficou esperando na doca. A textura granulada e a imensidão de cores distribuídas para refletir o humor e a emoção do curta tornam esta peça algo sublime de se assistir.
A história de “A quoi ca sert l’amour?” conta os eventos e turbulências de um casal apaixonado: eles brigam, sentem ciúmes, se amam loucamente, são extrovertidos e… brigam novamente. O rápido e acelerado enredo de quatro minutos traduz tranquilamente o que é viver numa relação de amor a dois. A trilha sonora é da música que dá nome ao curta e dá o tom ideal para uma vívida animação, que contempla um estilo minimalista e transmite a paixão do casal aos espectadores.