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007 – Operação Skyfall: Eu acredito no poder da nostalgia

Quando Daniel Craig assumiu a posição do espião James Bond (após a saída repentina e sem misericórdia de um certo irlandês) muita gente torceu o nariz antes mesmo do filme estrear. Afinal, diziam que a carranca característica de Craig era tudo, menos charmosa – e charme no caso de 007 é a diferença entre a vida e a morte.

Assim, os deuses do acaso giraram sua moeda e em 2005, Casino Royale (dir. por Martin Campbell) estreou fazendo grande sucesso, acalmando os fãs e consagrando Daniel Craig como um James Bond satisfatório e com momentos inspirados. A carranca continuou…. Menos sorte teve em 2008, quando Quantum of Solace sofreu as conseqüências nefastas da famosa greve dos roteiristas, obrigando Craig e o diretor Marc Forster a terminarem as pressas o roteiro, resultando em um filme inócuo, continuando fatos de Casino Royale e muito aquém ao filme anterior.

É fácil identificar, em tempos de Jason Bourne e Missão Impossível, como anda o gosto de quem consome esse tipo de filme. Até devido ao fato de cada um destes dois filmes possuir sua própria “identidade”. Enquanto a saga do primeiro se expõe na crueza e na realidade (ainda que absurda) da ação, o segundo se concentra nos acrobáticos absurdos, ação vertiginosa e longos takes de Tom Cruise correndo.

Mas onde existe lugar para a sofisticação e a pompa, características inerentes ao personagem de Bond, nesse panorama? Os filmes anteriores à “saga” de Craig como Bond mostram que o caminho que a franquia tomava estava mais para essa raiz “bournesca” o que, principalmente após Quantum of Solace, deixa um gosto amargo e a sensação de que nunca mais veríamos aquelas histórias com as características (um tanto machistas, porém divertidíssimas) que conhecíamos desde a época do escocês Sean Connery.

Em 007 – Operação Skyfall (título brasileiro horrível, o qual nada tem a ver com o que realmente representa “Skyfall”) que estréia esta semana em território nacional, Sam Mendes (Beleza Americana e Estrada para Perdição) conserta o rumo que os outros filmes estavam tomando e ainda presta uma bela homenagem a nada mais que 50 anos de filmes de James Bond.

O filme se inicia com Bond (Daniel Craig, menos carrancudo e mais solto) em uma missão para recuperar uma importante lista que contém a relação de agentes da OTAN infiltrados em organizações terroristas. As conseqüências desta missão envolvem o passado de M (Judy Dench) e o ex agente da agência MI-6, Raoul Silva (Javier Barden, roubando a cena). O roteiro não tem nada de espetacular, havendo até alguns problemas. Como Silva consegue tantos recursos sendo um agente renegado e procurado ou como, uma lista tão importante é esquecida assim que a principal linha do “plot do vilão” é desencadeada, só John Logan (roteiro) sabe. Também incomoda o fato de que o “plano” do vilão para se infiltrar na base do MI-6 dependia de muita conjectura e sorte para dar certo. A suspensão de descrença ajuda, mas ainda sim, um melhor polimento no roteiro seria mais eficaz.

Entretanto, Sam Mendes consegue dar vida ao roteiro simplista utilizando takes com paisagens (noturnas, urbanas e bucólicas) como nenhum outro diretor. O uso que ele faz da escuridão, da névoa, do neon e do flash (seja proveniente de tiros, seja de pequenas lanternas) para construção de cenas, aumento de tensão e destaque de personagens é algo que raramente vemos em filmes dessa linha. As cenas de luta no prédio em Xangai e no fundo de um lago congelado são de uma destreza construtiva com a câmera, que sabemos que só um diretor com o talento de Mendes consegue.

Outro trunfo do filme é justamente o afetado vilão Silva. Javier Barden entrega aqui um dos melhores vilões de James Bond desde Blofeld de Donald Pleasence. Além de ser um personagem engraçadíssimo (sua introdução é de longe, o melhor momento do filme) é ao mesmo tempo assustador, transitando de forma confortável entre os dois opostos. Merecia mais tempo em cena, e uma maior exposição de background.

Mas o que Skyfall entrega de bandeja e que fez este que vos escreve sair com um belo sorriso no rosto é sem sombra de dúvidas a enorme gama de homenagens aos antigos filmes “007”. Temos desde a introdução de novos “velhos” personagens (como Q, interpretado por Ben Wishaw), até pequenos “easter-eggs” que só os fãs de longa data de Bond irão identificar. Desafio o leitor a identificar todos, inclusive nos créditos finais. Os diálogos são afiados e as cenas de ação são empolgantes, porém muito contidas, fato que manteve este filme mais próximo de Casino Royale com um adendo interessante: pela primeira vez, James Bond possui um passado palpável e concreto.

Pela primeira vez (sem contar o Bond “casado” de George Lazembi) temos a certeza que James Bond É James Bond. A frase pode parecer estranha, mas a explicação virá quando o leitor descobrir (assistindo ao filme, é claro) o que significa o título original do filme – “Skyfall”. Vale citar por fim, a introdução que estéticamente é magnífica, novamente remetendo em estilo aos filmes antigos, porém a versão musical que ficou à cargo da cantora Adele ficou abaixo do esperado. Não ruim, só poderia ter sido muito melhor.

“007 – Operação Skyfall” coloca a franquia nos trilhos. Não é tão visceral e sério quanto Casino Royale, mas é relativamente leve, bem humorado e empolgante como um filme de Bond deve ser. Conserta alguns elementos que estavam fora dos eixos desde o final da fase “Pierce Brosnan” e retoma o status quo do personagem (e de seu universo) às origens traçando o caminho que os próximos (inevitáveis) longas venham a tomar.

Eu acredito, e muito, no poder da nostalgia.

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